Adriana Machado
Uma grande quantidade de
pessoas, que vê um médium trabalhando e que admira o seu trabalho, acha que ele
é um santo. Se não é para tanto, por vezes, elas acreditam que este médium é
desprovido de vícios ou que, no mínimo, os seus vícios não são tão mundanos
quanto os delas.
Sinto informar para os mais
desavisados que aqueles que hoje estão na função de médiuns são seres normais
como qualquer outro ou até mais devedores. Não são aqueles que falam que mais
precisam se escutar?
Talvez, o que faz os médiuns na
tarefa se diferenciarem dos outros “seres normais” é que eles, por receberem
muitas informações da espiritualidade, estudarem bastante e buscarem
aprimoramento interior, tentam se portar com mais responsabilidade, buscando
uma coerência entre as suas crenças, suas ações e comportamentos.
De qualquer forma, por sermos
médiuns, e tentarmos levar a nossa vida mais reta (frisa-se, tentarmos), não
somos isentos das necessárias experiências que nos elevarão em nossa escala
evolutiva. Muito antes pelo contrário, somos testados todos os dias para vermos
por nós mesmos se estamos compreendendo os ensinamentos que saem de nossas
bocas, que escutamos a cada reunião.
Ouço a espiritualidade falar o
tempo inteiro que, somente os doentes procuram os hospitais e somente os que
necessitam vão a um Centro Espírita e... Nele trabalham. Não há dúvida,
portanto, que somos necessitados ajudando necessitados a se levantarem... Junto
conosco.
Por incrível que pareça, percebo
que alguns espíritas não gostam que falemos assim, porque poderia parecer que
não temos condições de ajudar os outros, mas eu, ao contrário, nos vejo como
aquele ser que, por passar pelas mesmas dores do outro, tem condição de
entendê-lo e não julgá-lo, de entendê-lo e consolá-lo.
Ouvimos muitas vezes que somente
quem passa pela mesma experiência de quem está sofrendo poderá compreender a
sua dor. Então, esses somos nós, nos espelhando no outro e compreendendo que
podemos, ou melhor, devemos agir com eles como gostaríamos de ser acolhidos.
Também temos vivências tristes,
temos experiências dolorosas, caímos e nos levantamos para cairmos de novo e
levantarmos de novo, mas, está em nós a vontade sincera de, através do
intercâmbio com o mundo espiritual, nos doarmos para que os seus lindos
ensinamentos cheguem aos que ainda não podem escutá-los e trazer-lhes a paz e o
consolo que sentimos quando nesta conexão.
Se os “seres normais” passam mal
por circunstâncias ou energias desarmonizadoras, nós também. Lutamos
incessantemente para o nosso reequilíbrio, porque não somos isentos dos
desequilíbrios interiores que nos assolam e que estamos, por ideal, lutando
para compreendê-los e superá-los.
Não é fácil para um médium ter
que lidar com as suas próprias carências e dificuldades, imagine então quando
tem que lidar com os julgamentos alheios e idolatrias sem fundamento que os
outros, por ignorância, fazem dele.
Se vocês conhecem um médium que
vocês têm apreço, façam um favor para ele: vejam-no como um ser humano, cheio
de imperfeições, mas que tem um objetivo sincero de superar a si mesmo e ajudar
ao próximo do jeitinho que ele é capaz de fazer. Nada mais.
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