Antonio Carlos Navarro
Transcrevemos abaixo, sequencialmente, cinco
perguntas de O Livro dos Espíritos, e
suas respectivas respostas, para desenvolvermos pequeno raciocínio sobre o
desprendimento. Os destaques em negrito são nossos.
22 a- Que definição
podeis dar da matéria?
– A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que ele
se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.
* De acordo com essa
ideia, pode-se dizer que a matéria é o agente, o intermediário, com a ajuda do
qual, e sobre o qual, atua o Espírito. (AK)
76- Que definição se
pode dar dos Espíritos?
– Pode-se dizer que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação.
Eles povoam o universo, fora do mundo material.
84- Os Espíritos
constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?
– Sim, o mundo dos Espíritos ou das inteligências incorpóreas.
85- Qual dos dois é
o principal na ordem das coisas: o mundo espiritual ou o mundo corporal?
– O mundo espiritual, que preexiste e sobrevive a tudo.
132- Qual é o
objetivo da encarnação dos Espíritos?
– A Lei de Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los
chegar à perfeição. Para uns é uma expiação; para outros é uma missão. Mas,
para chegar a essa perfeição, devem sofrer todas as tribulações da existência
corporal: é a expiação. A encarnação tem também um outro objetivo: dar ao
Espírito condições de cumprir sua parte na obra da criação. Para realizá-la é
que, em cada mundo, toma um corpo em harmonia com a matéria essencial desse
mundo para executar aí, sob esse ponto de vista, as determinações de Deus, de
modo que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.
Independentemente de nossas experiências pessoais e
convicções, é de fácil dedução que somos seres espirituais de passagem pela
vida corporal, e esta engloba, além da necessidade de habitarmos
temporariamente um corpo físico, lidarmos com a matéria nos seus mais diversos
aspectos, a começar pela própria manutenção e preservação do corpo.
Em função das nossas atuais condições
encarnatórias, temos que lidar com o comércio das coisas materiais,
consequentemente com a posse delas, e também convivermos com outros espíritos
encarnados, alguns dos quais fornecemos a matéria para seus copos físicos
através da paternidade.
Não é difícil observarmos o quanto somos apegados à
matéria. É só observarmos o quanto falamos “é meu” ou “é minha”, e quanto nos
orgulhamos de ostentá-las, e quão difícil é abrirmos mão do que está conosco.
E, ainda, com que zelo cuidamos do que é material, a ponto de sua perda
causar-nos sofrimentos profundos, psíquica e emocionalmente.
Diante disso, podemos nos
questionar:
E Admitindo
que, temos mérito para tanto, estamos preparados para deixar nossas
residências, que com muito suor conseguimos e preparamos para nos atender, para
habitarmos, por empréstimo, um quarto simples nas esferas espirituais mais
acima do plano atual?
E Estamos
preparados para deixarmos nosso carro, principalmente aquele que foi objeto de
sonho de consumo, e outros meios de transporte que nos emocionam?
E Estamos
dispostos a deixar aquele guarda-roupa abarrotado de vestimentas e calçados,
junto aos quais se encontram alguns mais surrados, que teimamos em não passar
para frente, porque um dia ainda poderão ser úteis?
E Estamos
preparados para o distanciamento físico daqueles que são “nossos”, seguindo
nossas necessidades espirituais deixando-os seguirem as deles?
E E o
que dizer da alimentação? Alterar nosso cardápio para “caldos” diários será
facilmente tolerável?
E E a
posição social e profissional?
E Por
último, o que temos feito para nos preparar para o retorno ao mundo incorpóreo?
Bem, já temos muito no que meditar. Vamos parar por
aqui, porque desnecessário é dizer que isso tudo é o que vai nos acontecer,
mais cedo ou mais tarde, como já experimentamos inúmeras vezes, para não
dizermos milhares.
Pensemos nisso.
Fonte: Kardec Rio Preto
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