1851 - 1909
Cândida Augusta Bezerra de
Menezes, filha de Mariano José Machado e Maria Cândida de Lacerda, casara-se
com Bezerra de Menezes, em 21 de janeiro de 1865, dois anos após a
desencarnação de Maria Cândida, a primeira esposa do Médico dos Pobres e irmã
materna de Cândida Augusta. Cândida, após o matrimônio, colheu os dois
sobrinhos que ficaram como filhos do coração, dando-lhes novos irmãos.
Cândida Augusta Bezerra de
Menezes, nome que passou a utilizar depois do casamento, nasceu, provavelmente,
em 1851, pois que desencarnou aos 58 anos.
O fato de ser 20 anos mais nova
que o marido, nascido em 1831, era algo comum no Brasil do século XIX. Por uma
questão cultural das famílias, à época, as filhas também se casavam bastante
cedo. Curiosamente, Cândida Augusta nasceu no ano da chegada de Bezerra ao Rio
de Janeiro.
Meigo espírito veio, certamente,
com a missão precípua de dar o suporte familiar e afetuoso necessário ao
esposo, quando este, no futuro, iniciasse suas atividades na seara espírita.
Cândida era conhecida pelos
familiares e, provavelmente, pelo próprio marido através do terno apelido de
Dodoca. Levou uma existência de virtudes, de trabalho e de provações, ao lado
do amado companheiro.
Bezerra de Menezes, depois de
ter perdido na política do Império a fortuna que adquirira como empresário,
viveu os últimos anos de sua existência, pobre, cercado de embaraços e
dificuldades. Para isso contribuiu, também, a magnanimidade do seu coração, o
seu espírito despojado, que o levava frequentemente a repartir tudo quanto
possuía com os necessitados que a ele recorriam.
Em meio às privações daí
resultantes, dos dissabores e vicissitudes tão comuns à vida do homem público
de seu tempo, a Misericórdia Divina lhe ensejou o amparo carinhoso de sua
querida Dodoca, com quem partilhava as alegrias e as amarguras do coração.
Foram 35 anos de afetuosa
convivência, até a separação física de Bezerra, ocorrida em 11 de abril de
1900. O desenlace do marido converteu-se numa dolorosa provação na sua vida,
até aí tão tranquila e feliz, não obstante as intempéries existenciais
anteriormente experimentadas.
Entretanto, conforme testemunham
aqueles que a conheceram, Dodoca era uma alma de criança, duplicada de meiguice
e singeleza, que nem os anos nem as vicissitudes e decepções do mundo
conseguiram modificar.
Apesar de seu desejo em se
reunir, brevemente, ao esposo amado no mundo espiritual, era para ela
angustiante essa possibilidade, em face da situação dos filhos menores que
deixaria. Ao desencarnar, Bezerra deixou seis filhos: Ernestina, Otávio, José
Rodrigues, Francisco da Cruz, Hilda e Maria da Conceição. Estes três últimos
tinham, respectivamente, 16, 14 e 9 anos.
Dodoca era espírita,
absolutamente convencida da imortalidade e da sobrevivência da alma. Quando a
enfermidade, que há longos anos lhe minava o organismo, a prostrou
definitivamente no leito, ela foi, aos poucos, preparada para a desencarnação,
através da ação de amigos espirituais e particularmente de Bezerra de Menezes,
que via frequentemente à cabeceira do leito.
Sob essa influência suave e
amorosa, manteve-se resignada e confiante de tal forma que, poucas semanas
antes de desencarnar, fez suas últimas disposições, indicando até as roupas com
as quais gostaria de ser amortalhada.
Conversava sobre o próximo
desfecho com a mesma tranquilidade como se tratasse de uma viagem ou de um
passeio.
Assim lúcida, confortada se
conservou Dodoca, tendo apenas intermitências de angústias físicas que a
enfermidade lhe provocava, e durante as quais só se lhe ouviam sair dos lábios
os nomes de Jesus e de Bezerra, até que o seu débil corpo sucumbiu, aos 58
anos, e o seu espírito feliz partiu para as regiões da luz.
No dia 20 de março de 1909,
desencarnou, na cidade do Rio de Janeiro, Cândida Augusta de Lacerda Machado, a
segunda esposa de Bezerra de Menezes.
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