Entrevista de Richard Simonetti sobre corrupção.
1 – Sucedem-se os governos no Brasil e perpetua-se a
corrupção, em todos os níveis de atividade, na área pública e privada. Está na
alma do brasileiro?
‒ A corrupção está na
alma da Humanidade, excrescência do comportamento egoístico que caracteriza os
habitantes deste planeta de provas e expiações. A preocupação exacerbada com o
próprio bem-estar e, no caso, com os patrimônios materiais, inspira e sustenta
a desonestidade.
2 – Mas essa tendência parece ser mais forte em nosso país.
‒ A tendência é
universal. Ocorre que em países desenvolvidos é controlada e punida. A
impunidade no Brasil, principalmente em relação aos que mais se comprometem com
a corrupção, é assustadora. Com raras exceções, somente os pobres vão parar na
cadeia.
3 – No seu entender, quais as medidas que deveriam ser
tomadas pelo governo?
‒ Compete-lhe
aprimorar os controles e instituir mecanismos que levem à punição exemplar dos
infratores. Mas isso não basta, já que sempre haverá espertos capazes de burlar
as leis. A educação orientada para a cidadania é o caminho mais acertado,
estabelecendo controles a partir da consciência de que ser cidadão é, acima de
tudo, respeitar as leis.
4 – E quanto ao Espiritismo?
‒ Há duas frentes de
ação, inspirando a honestidade. Em primeiro lugar, também a educação, não a
formal, mas a educação espiritual. Com a consciência de que somos Espíritos
imortais em jornada de evolução na Terra, onde nos compete combater os impulsos
egoísticos que favorecem a corrupção, somos decisivamente estimulados a
respeitar as leis.
5 – E a segunda frente?
‒ Mostrar que todos
responderemos por nossas ações quando retornarmos ao Mundo Espiritual, em
observância plena à advertência de Jesus de que a cada um será dado segundo
suas obras (Mateus, 16:27). Quem está consciente dessa realidade será sempre o
fiscal incorruptível de si mesmo.
6 – Qual seria o castigo da corrupção?
‒ Diz Dante, em A
Divina Comédia, que os corruptos vão parar numa vala de piche fervente, no
inferno, atormentados por demônios perversos. Suas fantasias guardam algo da
realidade espiritual. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec reporta-se a Espíritos
comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto
encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus
tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade,
em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de
sofrimento.
7 – A honestidade seria o passaporte para regiões mais
amenas?
‒ Sim, mas não basta
cumprir as leis dos homens. Sobretudo, é preciso ser honesto perante Deus, como
explica o Espírito Joseph Brê, dirigindo-se à sua neta, na obra citada: “Honesto
aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a
existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um
zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres
materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas
boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o senhor pedirá contas, um
dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor a Deus e ao próximo”.
Fonte: Kardec Rio Preto
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