sexta-feira, 23 de abril de 2021

A CORRUPÇÃO ESTÁ NA ALMA DO BRASILEIRO?[1]

 

Entrevista de Richard Simonetti sobre corrupção.

 

1 – Sucedem-se os governos no Brasil e perpetua-se a corrupção, em todos os níveis de atividade, na área pública e privada. Está na alma do brasileiro?

‒ A corrupção está na alma da Humanidade, excrescência do comportamento egoístico que caracteriza os habitantes deste planeta de provas e expiações. A preocupação exacerbada com o próprio bem-estar e, no caso, com os patrimônios materiais, inspira e sustenta a desonestidade.

 

2 – Mas essa tendência parece ser mais forte em nosso país.

‒ A tendência é universal. Ocorre que em países desenvolvidos é controlada e punida. A impunidade no Brasil, principalmente em relação aos que mais se comprometem com a corrupção, é assustadora. Com raras exceções, somente os pobres vão parar na cadeia.

 

3 – No seu entender, quais as medidas que deveriam ser tomadas pelo governo?

‒ Compete-lhe aprimorar os controles e instituir mecanismos que levem à punição exemplar dos infratores. Mas isso não basta, já que sempre haverá espertos capazes de burlar as leis. A educação orientada para a cidadania é o caminho mais acertado, estabelecendo controles a partir da consciência de que ser cidadão é, acima de tudo, respeitar as leis.

 

4 – E quanto ao Espiritismo?

‒ Há duas frentes de ação, inspirando a honestidade. Em primeiro lugar, também a educação, não a formal, mas a educação espiritual. Com a consciência de que somos Espíritos imortais em jornada de evolução na Terra, onde nos compete combater os impulsos egoísticos que favorecem a corrupção, somos decisivamente estimulados a respeitar as leis.

 

5 – E a segunda frente?

‒ Mostrar que todos responderemos por nossas ações quando retornarmos ao Mundo Espiritual, em observância plena à advertência de Jesus de que a cada um será dado segundo suas obras (Mateus, 16:27). Quem está consciente dessa realidade será sempre o fiscal incorruptível de si mesmo.

 

6 – Qual seria o castigo da corrupção?

‒ Diz Dante, em A Divina Comédia, que os corruptos vão parar numa vala de piche fervente, no inferno, atormentados por demônios perversos. Suas fantasias guardam algo da realidade espiritual. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec reporta-se a Espíritos comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de sofrimento.

 

7 – A honestidade seria o passaporte para regiões mais amenas?

‒ Sim, mas não basta cumprir as leis dos homens. Sobretudo, é preciso ser honesto perante Deus, como explica o Espírito Joseph Brê, dirigindo-se à sua neta, na obra citada: “Honesto aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor a Deus e ao próximo”.

 

 

Fonte: Kardec Rio Preto

Nenhum comentário:

Postar um comentário