José Lucas – Óbidos, Leiria, Portugal
A acção!
Depois de termos relacionado o
medo, a
ilusão da morte, a
solidão, com a pandemia da COVD19, na óptica espírita, terminamos hoje esta
série de quatro artigos, abordando a acção.
O espírita não é um assistente
privilegiado do que se passa na Sociedade.
Não é melhor nem pior do que os
não espíritas.
É diferente, na sua maneira de
ver a vida, tendo em conta os conhecimentos adquiridos com o estudo do
Espiritismo (ciência, filosofia e moral).
Não é um eleito, com um bom
lugar à sua espera no mundo espiritual, por ter a etiqueta de espírita. Tem
consciência da razão porque vive neste planeta, no país X ou Y, na família Z,
rodeado de colegas diversos e, enquadra todas essas nuanças, aparentemente por
acaso, dentro da Lei de Sociedade (in O
Livro dos Espíritos, Allan Kardec).
Sabe que vive em Sociedade com
um objectivo útil, seja do ponto de vista da aprendizagem intelectual seja no
campo moral. Conhece o seu dever de solidariedade para com todos os homens,
mesmo aqueles que se dizem seus inimigos.
Sabendo-se Espírito imortal, tem
consciência de que é um ser que vive em dois ambientes em simultâneo: o meio
físico, denso e, o meio espiritual, menos denso.
Cônscio da existência do
perispírito (corpo espiritual) sabe que tudo o que pensa interage energeticamente
consigo mesmo e com os outros, bem como com o meio ambiente. Nesse sentido,
procura uma sintonia quase constante com o Bem, evitando o ócio dos pensamentos
viciados e improdutivos. Conhece o poder da prece (diferente de rezas) como
fortíssimo dínamo energético que brota do seu imo, sintonizando com os altos
planos da espiritualidade, onde se nutre das boas energias de que necessita
para o alimento do Espírito, diariamente.
Há três tipos de espíritas: os que entraram para o espiritismo,
os que o absorveram e os que exalam de si o espiritismo.
Para ser espírita não basta ser
adepto, é preciso aprofundar conhecimentos, sentimentos e atitudes. Ele próprio
descobre que precisa de se burilar moralmente, para se sentir em sintonia com o
Amor, combustível do Universo.
Na sua actividade filantrópica,
desinteressada, fraterna e humanista dentro do Espiritismo, jamais recebe
qualquer tipo de compensação, mesmo que imaterial, vivendo com o fruto do seu
trabalho social, numa qualquer actividade que não a espiritual.
Muitas pessoas esperam
ansiosamente a morte para poderem ser felizes, logo depois que larguem o corpo
de carne, mas isso, é uma ilusão.
A vida é só uma, desde que fomos
criados simples e ignorantes até pela imortalidade fora, desdobrando-se em
milhares de reencarnações, através dos imensos planetas, em escalas evolutivas
cada vez mais sublimes, até que se atinja o estado de Espírito-puro,
continuando a sua evolução na condição de cocriador com Deus, no Universo.
Tudo é acção, actividade, na
vida do Homem e, desperdiçar tempo é algo que jamais se recupera. Mesmo no
ocaso das forças físicas, antes de desencarnar, há sempre motivos para aprender
algo diferente, que servirá de arcaboiço intelectual / moral, para a
continuidade da vida no mundo espiritual e em futura reencarnação.
Nesse sentido, o
entusiasmo, a alegria de viver, a certeza da imortalidade
(baseada em factos)
dão ao espírita, essa contínua busca de mais saber,
de melhor sentir, de
mais amar e servir incondicionalmente.
Mesmo em contexto de pandemia,
mesmo em confinamento, as actividades autoeducativas do ponto de vista
espiritual, são inúmeras.
O espírita deve caminhar na vida
como uma luz, mesmo que ténue, que vai iluminando, despretenciosamente, aqueles
que lhe sigam na retaguarda da evolução espiritual.
Como tal, a pandemia que vivemos
não é uma desgraça, motivo de desespero, de desânimo, a não ser que vejamos a
vida pelos acanhados horizontes do materialismo, hoje desactualizado pelos
conceitos da Física quântica: tudo é energia, não existe matéria. Se vista
pelos horizontes espíritas, é apenas mais uma experiência individual e
comunitária, desta feita à escala global, da qual sairemos indubitavelmente
mais fortes, mais felizes, mais experientes, em busca de novas premissas para
uma Sociedade mais justa, fraterna, colaboradora e feliz no decorrer das
décadas, centenas de anos no devir.
Ter medo do vírus não faz sentido, mas ser responsável e acatar as
normas sociais em prol do Bem comum, faz sentido!
Ter medo da morte não faz sentido, já que esta não existe, é uma
mudança de situação (de um plano mais denso para um menos denso), onde
continuamos a viver, como quando aqui estávamos, aprendendo, preparando uma
nova reencarnação, quando tal for oportuno, sem que nada se perca do que se
conquistou intelectual e moralmente.
Viver na solidão não faz sentido, pois o espírita, cônscio da
profundidade do Espiritismo, vive em permanente actividade, objectivando o Bem,
o êxito, o serviço à comunidade, já que servir deve ser o seu desiderato.
Aproveitemos, pois, estes tempos
para amadurecer conceitos, aprofundar planos de vida, meditar em torno da
mesma, buscando aquilo que nela nos catapulta para patamares de bem-estar
interior, que é afinal o objectivo da vida no corpo de carne:
“nascer,
morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a Lei”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário