sexta-feira, 5 de março de 2021

PANDEMIA – VALE A PENA VIVER (CONCLUSÃO)[1]

 



José Lucas – Óbidos, Leiria, Portugal

 

A acção!

 

Depois de termos relacionado o medo, a ilusão da morte, a solidão, com a pandemia da COVD19, na óptica espírita, terminamos hoje esta série de quatro artigos, abordando a acção.

O espírita não é um assistente privilegiado do que se passa na Sociedade.

Não é melhor nem pior do que os não espíritas.

É diferente, na sua maneira de ver a vida, tendo em conta os conhecimentos adquiridos com o estudo do Espiritismo (ciência, filosofia e moral).

Não é um eleito, com um bom lugar à sua espera no mundo espiritual, por ter a etiqueta de espírita. Tem consciência da razão porque vive neste planeta, no país X ou Y, na família Z, rodeado de colegas diversos e, enquadra todas essas nuanças, aparentemente por acaso, dentro da Lei de Sociedade (in O Livro dos Espíritos, Allan Kardec).

Sabe que vive em Sociedade com um objectivo útil, seja do ponto de vista da aprendizagem intelectual seja no campo moral. Conhece o seu dever de solidariedade para com todos os homens, mesmo aqueles que se dizem seus inimigos.

Sabendo-se Espírito imortal, tem consciência de que é um ser que vive em dois ambientes em simultâneo: o meio físico, denso e, o meio espiritual, menos denso.

Cônscio da existência do perispírito (corpo espiritual) sabe que tudo o que pensa interage energeticamente consigo mesmo e com os outros, bem como com o meio ambiente. Nesse sentido, procura uma sintonia quase constante com o Bem, evitando o ócio dos pensamentos viciados e improdutivos. Conhece o poder da prece (diferente de rezas) como fortíssimo dínamo energético que brota do seu imo, sintonizando com os altos planos da espiritualidade, onde se nutre das boas energias de que necessita para o alimento do Espírito, diariamente.

 

Há três tipos de espíritas: os que entraram para o espiritismo,

os que o absorveram e os que exalam de si o espiritismo.

 

Para ser espírita não basta ser adepto, é preciso aprofundar conhecimentos, sentimentos e atitudes. Ele próprio descobre que precisa de se burilar moralmente, para se sentir em sintonia com o Amor, combustível do Universo.

Na sua actividade filantrópica, desinteressada, fraterna e humanista dentro do Espiritismo, jamais recebe qualquer tipo de compensação, mesmo que imaterial, vivendo com o fruto do seu trabalho social, numa qualquer actividade que não a espiritual.

Muitas pessoas esperam ansiosamente a morte para poderem ser felizes, logo depois que larguem o corpo de carne, mas isso, é uma ilusão.

A vida é só uma, desde que fomos criados simples e ignorantes até pela imortalidade fora, desdobrando-se em milhares de reencarnações, através dos imensos planetas, em escalas evolutivas cada vez mais sublimes, até que se atinja o estado de Espírito-puro, continuando a sua evolução na condição de cocriador com Deus, no Universo.

Tudo é acção, actividade, na vida do Homem e, desperdiçar tempo é algo que jamais se recupera. Mesmo no ocaso das forças físicas, antes de desencarnar, há sempre motivos para aprender algo diferente, que servirá de arcaboiço intelectual / moral, para a continuidade da vida no mundo espiritual e em futura reencarnação.

 

Nesse sentido, o entusiasmo, a alegria de viver, a certeza da imortalidade

(baseada em factos) dão ao espírita, essa contínua busca de mais saber,

de melhor sentir, de mais amar e servir incondicionalmente.

 

Mesmo em contexto de pandemia, mesmo em confinamento, as actividades autoeducativas do ponto de vista espiritual, são inúmeras.

O espírita deve caminhar na vida como uma luz, mesmo que ténue, que vai iluminando, despretenciosamente, aqueles que lhe sigam na retaguarda da evolução espiritual.

Como tal, a pandemia que vivemos não é uma desgraça, motivo de desespero, de desânimo, a não ser que vejamos a vida pelos acanhados horizontes do materialismo, hoje desactualizado pelos conceitos da Física quântica: tudo é energia, não existe matéria. Se vista pelos horizontes espíritas, é apenas mais uma experiência individual e comunitária, desta feita à escala global, da qual sairemos indubitavelmente mais fortes, mais felizes, mais experientes, em busca de novas premissas para uma Sociedade mais justa, fraterna, colaboradora e feliz no decorrer das décadas, centenas de anos no devir.

Ter medo do vírus não faz sentido, mas ser responsável e acatar as normas sociais em prol do Bem comum, faz sentido!

Ter medo da morte não faz sentido, já que esta não existe, é uma mudança de situação (de um plano mais denso para um menos denso), onde continuamos a viver, como quando aqui estávamos, aprendendo, preparando uma nova reencarnação, quando tal for oportuno, sem que nada se perca do que se conquistou intelectual e moralmente.

Viver na solidão não faz sentido, pois o espírita, cônscio da profundidade do Espiritismo, vive em permanente actividade, objectivando o Bem, o êxito, o serviço à comunidade, já que servir deve ser o seu desiderato.

Aproveitemos, pois, estes tempos para amadurecer conceitos, aprofundar planos de vida, meditar em torno da mesma, buscando aquilo que nela nos catapulta para patamares de bem-estar interior, que é afinal o objectivo da vida no corpo de carne:

“nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a Lei”.


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