Helena teve
cinco filhos. Foi mãe muito jovem. Passou boa parte da vida cuidando das suas
crianças, que tão rapidamente tornaram-se adultos.
Agora eram os
netos que enchiam a casa de risos e correria.
Um dia,
quando os afazeres já não eram tão numerosos e o tempo parecia passar mais
lentamente, ela viu-se diante do espelho da sala.
Deteve-se.
Deus do céu!
Quem era
aquela velhota que estava no reflexo do espelho?
Ou melhor,
onde fora parar a jovem mulher que ela ainda sentia existir em sua intimidade?
Estaria
aprisionada em uma carcaça envelhecida?
Como era
possível isso?
Cobriu a face
com as mãos e sentiu a pele enrugada.
Mexeu nos
cabelos e procurou encontrar fios negros.
Tarefa
difícil.
Restavam tão
poucos.
As mãos
também não pareciam mais com aquelas mãos operosas que tanto produziram ao
longo da vida.
Ora, ora!
Então era
isso!
Distraída em
viver, ela não havia se dado conta que os anos haviam passado rapidamente.
Marcaram seu
corpo, alteraram sua fisionomia.
Seu fôlego já
não era mais o mesmo.
Nem seus
movimentos que, antes ágeis, agora eram imprecisos e lentos.
Mas enquanto
observava a transformação ocorrida, Helena percebeu que o brilho de seus olhos
permanecia igual.
Reconhecia em
seu olhar o mesmo olhar de seu passado.
As vivências
transformaram a jovem que ela fora em uma mulher muito mais sábia.
Seu corpo não
era mais tão vigoroso, mas sua alma era muito mais forte do que havia sido
antes.
O mesmo tempo
que lhe trouxera rugas havia lhe oferecido experiência.
Ontem, jovem
e bela, impetuosa e impaciente.
Hoje, madura
e envelhecida, tolerante e compreensiva.
Helena
olhou-se e sorriu.
Adoraria ter
a pele um pouco mais lisa, mas sabia que não era isso que a faria feliz.
Sabia que a
decadência do corpo não representava prejuízo algum a sua alma vibrante e
disposta.
As marcas que
o tempo fizera em seu corpo eram apenas para sinalizar o passar dos dias e as
constantes mudanças da vida.
Vida essa que
não se acaba nunca, nem mesmo quando os corpos envelhecidos deixam de
funcionar.
Helena sentiu
o coração encher-se de alegria.
“Melhor do
que nunca!” – disse para si mesma – “a cada dia que passa eu me sinto melhor do
que nunca”!
Celebre a
vida todos os dias.
Celebre o
fato de dispor de um corpo, seja ele jovem ou não, que lhe possibilita mais
essa experiência na Terra.
Agradeça ao
Criador pela dádiva da existência.
Aproveite
seus minutos, seus dias, sua vida.
Aproveitar,
no entanto, não significa exaurir as forças vitais pelos excessos de toda a
ordem.
Aproveitar
quer dizer, em verdade, fazer bom uso, dar utilidade.
O corpo
físico, invólucro perecível de nossas almas imortais, deve ser tratado com o
zelo que garanta sua utilização adequada.
Mas sem
neuroses ou preocupações descabidas, mesmo quando a juventude for apenas a
lembrança de mais uma etapa superada.
Envelhecer de
forma sábia é reflexo de se viver bem.
Pense nisso,
e viva com sabedoria.
Texto extraído do site Momento Espírita
Serviu pra mim filhos e netos que não os tenho
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