Aristides de
Souza Spínola nasceu em Caetité (Bahia), a 29 de Agosto de 1850, e Faleceu no
Rio de Janeiro aos 9 de Julho de 1925.
Filho do Cel.
Francisco de Souza Spínola, que foi deputado geral em três legislaturas, e de
D. Constança Pereira de Souza Spínola. Esta família ilustre e de prestígio na
Bahia criou o filho dentro de rígidos princípios morais, fazendo-lhe ver o
valor de um nome honrado.
Bem cedo, o
menino revelou-se altamente curioso de tudo que lhe chegasse aos sentidos,
elaborando, às vezes, perguntas bastante embaraçosas e que demonstravam a viva
inteligência de que era dotado.
No ano de
1871, bacharelou-se em Direito, após cursar brilhantemente a Faculdade de
Direito do Recife. A sua aplicação e assiduidade foram tais, que durante os
cinco anos do curso acadêmico não teve uma única falta! Abriu, em seguida, a
banca de advogado em sua terra natal. Fez, por essa época, diversas excursões
pelo interior da Bahia e, particularmente, pelo vale do S. Francisco, com o fim
de estudar as localidades e colher notas para os seus estudos históricos.
Bem moço
ainda, entrou na carreira política, tendo sido eleito, em 1878, deputado provincial
pela Bahia. Por indicação do Dr. Aristides César Spínola Zama, seu primo, foi
nomeado, de 1879 a 1880, Presidente da Província (Estado) de Goiás, tendo
ouvido do imperador D. Pedro II, quando a este foi agradecer a nomeação,
elogiosas referências aos predicados morais e intelectuais de que já havia dado
provas.
Em 1881, na
primeira legislatura de eleição direta, representou a sua terra na Assembleia
Geral do Império. Ganhando prestígio sempre crescente ante o eleitorado baiano,
foi reeleito deputado geral nas legislaturas de 1885 e de 1886 a 1889, sendo
que nesta última fora eleito na vaga aberta pela morte de Pedro Carneiro da
Silva.
Ao ser
proclamada a República, em 1889, ocupava ele, o mais jovem dos deputados, o
cargo de 1º Secretário da Câmara. No regime republicano, depois de haver
pleiteado, por duas vezes, a eleição de deputado federal, só conseguiu ser
reconhecido para a de 1909-1911, dando-se neste último ano o seu afastamento
definitivo da política, para se consagrar exclusivamente à advocacia e ao
estudo e meditação da Doutrina Espírita, que já o contava de há muito entre
seus adeptos mais fervorosos, sinceros e esclarecidos.
Foi em 1905
que Aristides Spínola ingressou na Federação Espírita Brasileira, convidado
pelo então Diretor na Assistência aos Necessitados, Pedro Ricardo.
Eleito para o
cargo de vice-presidente, na presidência do Dr. Geminiano Brazil de Oliveira
Góis, outro espírita ilustre e fiel, Aristides Spínola desenvolveu naquela Casa
toda uma atividade polimorfa e intensa, a ela se dedicando durante vinte e um
anos seguidos, amado por todos os companheiros que com ele privaram.
Na
vice-presidência da FEB permaneceu de 1905 a 1913. Presidente em 1914 e em 1916
e 1917, voltando a exercer o cargo de vice-presidente em 1920 e 1921. Ocupou,
de novo, de 1922 a 1924, a direção da Casa, sendo eleito, em 1925, para a
vice-presidência, cargo que desempenhou até a data de sua desencarnação,
ocorrida aos 9 de Julho do mesmo ano.
Foi, assim,
presidente da Federação Espírita Brasileira durante seis anos e vice-presidente
onze anos e meio. Nunca, porém, solicitou ou disputou nenhum desses cargos, ou
qualquer outro da Diretoria da Federação, fazendo questão unicamente de
prestar-lhe seus serviços, fosse de que maneira fosse, pronto, declarou-o mais de
uma vez, humilde e modesto como de fato sempre foi, a ocupar o de porteiro se
só neste o julgassem apto a servir.
E dado lhe
foi satisfazer amplamente a esse desejo seu, porquanto, desde o primeiro dia em
que se incorporou à caravana dos que na Federação laboravam, relevantes e
ininterruptos serviços lhe prestou, seja como membro da sua administração, seja
fora de qualquer cargo administrativo.
O que ele
queria era trabalhar. E trabalhou sempre, e muito, e trabalhou bem.
Dentre esses
serviços merecem ser destacados os que teve ensejo de dispensar-lhe como
advogado, todas as vezes em que o Espiritismo se viu alvejado pela ciência
oficial, sob a forma de perseguições aos médiuns, por exercício ilegal da
medicina.
Como
jornalista de irrecusável mérito, Aristides Spínola colaborou em vários
jornais. No “Diário da Bahia” escreveu as narrativas de algumas de suas
excursões realizadas na juventude. Com o pseudônimo Buxton, defendeu, em “A
Pedidos” do “Jornal do Comércio”, do Rio, o Ministério Dantas. Foi um dos fundadores,
em 1891, do “Jornal do Brasil”, onde teve a seu cargo a parte política. Antes,
pertencera à redação de um diário, cremos que a “Gazeta da Tarde”, que fora
empastelado em 1897, achando-se Aristides Spínola no edifício do jornal quando
essa violência se consumou.
Além de
alguns escritos inéditos e muitos outros estampados em periódicos espíritas e
leigos, são de sua pena, entre outras, as seguintes obras: “Presidência do
Barão Homem de Melo. Excursões administrativas”, Bahia 1879; “Relatórios sobre
a administração da Província de Goiás, 1879-1880” (2 volumes.); “Estudo sobre
os índios que habitam as margens do rio Araguaia”, memória em que estuda os
índios Carajás e que se acha anexa ao relatório da exploração desse rio pelo
engenheiro J. Rua de Morais Jardim, Rio, 1880; “Orçamento do Ministério da
Agricultura”, discurso proferido na sessão da Câmara dos Srs. Deputados, em 13
de Julho de 1882, Rio, 1882; “Elemento Servil”, discursos proferidos em sessões
da Câmara, de 22 de Junho e 4 de Junho de 1883, Rio, 1883. Em 1889, deu a
público uma tese que apresentou no Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil,
versando sobre direitos do comerciante no exercício de sua profissão. Sob os
auspícios da Federação Espírita Brasileira, foi editada, em 1902, a tradução
que Spínola fez da obra do Dr. E. Gyel: “Ensaio de revista geral e da
interpretação sintética do Espiritismo”. Em 1915, com o título “Caridade
perseguida”, fez imprimir um memorial de recurso criminal.
Sólida
erudição espírita, teológica e jurídica projetaram-lhe o nome dentro e fora do
campo espírita sendo-lhe admirados o critério e a ponderação com que resolvia
os problemas administrativos, bem como o espírito evangélico e conciliador nos
mais delicados e controvertidos assuntos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário