Álvaro Holzmann era filho do
venerando e saudoso casal Dona Maria Joana e Sr. Jacob Holzmann, o valoroso
fundador do Diário dos Campos.
Era casado com dona Juracy
Martins Holzmann e deixa os seguintes filhos: Alvaci Holzmann, funcionário do
Banco do Brasil, casado com dona Míriam Pacheco Holzmann; Ronaldo Holzmann,
casado com dona Neiva Holzmann; dona Mariasilvia Holzmann Pereira, casada com o
Sr. Hermenegildo Pereira Maia e Alvacelia, solteira.
Estudou na mesma cidade com o
Prof. Padre Lux e o Prof. Becker e Silva. Foi também aluno da antiga Faculdade
de Farmácia e Odontologia, daquela cidade.
Mas foi sua vocação para a
música, herdada do pai musicista de fina têmpera e de sua mãe, exímia cantora,
que definiu a carreira de Álvaro Holzmann. Iniciando seu aprendizado com seu
tio, o saudoso e renomado maestro Jorge Holzmann, fundador da Banda Lira dos
Campos; Álvaro Holzmann tornou-se um músico e compositor de soberba inspiração
e virtuosismo ímpar, destacando-se como pianista exímio. Nessa condição, em sua
mocidade, após ter cursado o Conservatório de Música do Rio de janeiro, foi
músico a bordo do navio Bagé, com o qual percorreu grande parte da Europa.
Fixando residência em Ponta
Grossa, após seu casamento, dedicou-se ao ensino da música, tendo ingressado no
corpo docente do Colégio Regente Feijó durante 30 anos, aposentando-se por
deficiência visual, fato que lhe tolheria a continuação da carreira como
músico, mas não lhe diminuiu a capacidade e inspiração de compositor nem a sua
vocação inata para a assistência social.
Em Porto Alegre, quando ainda
jovem, tomou contato com a Doutrina Espírita e com as obras assistenciais do
Albergue Noturno Diaz da Cruz, onde prestou inestimáveis serviços.
Álvaro Holzmann não viveu
somente para a família: dedicou também sua vida aos pobres, à orientação de
Espíritos desencarnados e infelizes. Procurou viver sempre modestamente,
aproveitando todos os momentos de sua preciosa existência para realizar o que
podia em benefício de seus semelhantes, dando assim, exemplo de verdadeiro
espírita.
APÓSTOLO DA CARIDADE
Jovem ainda, quando residia em
Porto Alegre, Álvaro Holzmann tomou contato com a Doutrina Espírita e com as
obras assistenciais que eram realizadas no Albergue Noturno Dias da Cruz.
Esclarecido pelo Evangelho e sentindo no espírito o impulso irresistível para o
bem, iniciou sua longa e exemplar jornada no terreno da beneficência.
Retornando a Ponta Grossa
uniu-se à Sociedade Espírita Francisco de Assis de Amparo aos Necessitados, da
qual foi presidente por longos anos, e onde iniciou seu apostolado como
verdadeiro seguidor do patrono da casa o humilde e luminoso Francisco de Assis.
Por sua inspiração e com a
cooperação inestimável do seu trabalho cristão, surgiram a Associação Protetora
do Recém-nascido, o Albergue Noturno, a creche, o lar Hercília de Vasconcellos,
a Comunhão Espírita Cristã, o Lar das Vovozinhas Balbina Branco, todos esses
departamentos ligados à Casa de Francisco de Assis , além de cooperar sempre na
assistência prestada por outras entidades.
Álvaro Holzmann foi chamado por
alguém de “Esmoleiro do Bem”, porque renunciou à carreira de musicista para
dedicar-se somente aos pobres, pedindo sempre recursos em toda parte para a
manutenção das obras assistenciais ligadas à Sociedade Francisco de Assis.
Levado pelo interesse de
orientar as Mocidades Espíritas, dedicou-se, durante alguns anos, a compor
músicas e letras baseadas nos textos Evangélicos interpretados à luz do
Espiritismo, aproveitando, dessa forma, seu pendor musical. Essas músicas foram
compostas com grande carinho, a fim de, não só, manter ambiente alegre e sadio
nas reuniões dos moços espíritas como também objetivando fazer com que eles
aprendessem a meditar sobre os ensinos de Jesus. Compôs cerca de 200 hinos, dos
quais alguns foram gravados em discos, sob o título “O Evangelho cantado à luz
do Espiritismo”, pelas meninas do Coral do Lar “Hercília Vasconcellos”, da
cidade de Ponta Grossa.
Verdadeiro “esmoleiro” do bem,
Álvaro Holzmann renunciou à carreira brilhante que poderia ter realizado como concertista
e maestro, dedicando-se de corpo e alma ao trabalho de pedir recursos para
manter as obras assistenciais. Igualmente, na pregação evangélica e doutrinária
sempre teve uma palavra de esclarecimento e consolo para os necessitados.
Alma simples e boa, tornou-se
figura popular na cidade pela maneira com que confraternizava com todas as
criaturas, procurando minorar os menos felizes.
Seu pendor musical foi
inteiramente dedicado a musicar versos seus e de outros autores espíritas,
decantando o Evangelho e a Doutrina Espírita em belíssimas composições, muitas
delas já gravadas em dois discos elepês que correm o Brasil. Levando a sua
mensagem de esperanças, cantada pelas meninas e moças do Coral Hercília de
Vasconcellos, que ele organizou e dirigia.
Álvaro Holzmann procurou
movimentar no sentido do bem todos os talentos que Deus lhe confiou.
Esclarecido pela Doutrina Espírita, soube fazer de sua vida modesta, porém
utilíssima, um permanente roteiro de serviço ao próximo. Nenhuma glória humana
o seduziu, a não ser a glória de fazer o bem. Para si aceitava apenas um
título: “Pedinte”.
Esse homem de quem a cidade se
despediu ontem, levando até o Cemitério de São José o corpo de carne que lhe
serviu de veículo para as tarefas que executou. Seu exemplo permanece luminoso,
tal como seu espírito imortal que regressou à Pátria Espiritual com a
tranquilidade daqueles que tudo fizeram para bem viver os preceitos cristãos.
Isto lhe basta.
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