Túmulo de Allan Kardec - Peré-Lachaise - Paris - França
Quando iremos morrer?
O simples mencionar dessa
pergunta causa calafrios, medo ou repulsa a muitas pessoas.
A grande maioria de nós nos
recusamos mesmo a pensar em tal assunto.
Seja por medo, por
desconhecimento, por fatores culturais ou aspectos religiosos, a morte nos
surge como um grande tabu.
Por isso, poucas vezes,
refletimos ou percebemos a morte como um processo natural e necessário para a
vida.
Nas florestas, árvores
centenárias perdem o vigor, morrem para ceder espaço para outras, que crescem
frondosas, se alimentando da matéria orgânica decomposta dessas.
Nas tempestades, sob ventos
fortes, galhos e folhas se desprendem dos troncos, dando espaço para outros,
que surgirão, com maior viço e pujança.
Esse é o ciclo da vida: a
decadência cede lugar à nova vida, para logo mais a morte prenunciar novo
ciclo.
A morte não é sinônimo de fim,
de conclusão ou de eliminação.
Ela sempre será o prenúncio de
nova etapa, de momento que se inicia.
Assim pode se dar com nosso
mundo íntimo.
Há muita coisa que precisa
fenecer, perecer, morrer em nossa intimidade para dar vazão a outras
possibilidades.
Há muitos valores que nos
prejudicam, que atrapalham nossa felicidade, que perturbam nosso caminhar.
É importante empreender todo
esforço para a morte desses valores.
Ao morrerem, darão lugar a
possibilidades de outras paisagens, de outros conceitos.
Nesse raciocínio, percebemos ser
inadiável que façamos morrer o egoísmo que carregamos.
Dessa forma, o nos preocuparmos
com o outro, nos doarmos ao próximo, permitirá que, aos poucos, nosso egoísmo
perca força e morra em nossa intimidade. Seremos, então, mais solidários e
fraternos.
O empenho que empreguemos para
perdoar, ou compreender o outro, ter empatia em relação às suas falhas e
limitações, irá acabando com nosso eu orgulhoso, pretensioso, arrogante.
Somente com a morte lenta e
gradual desses sentimentos de difícil lida, é que abriremos espaço para o
desabrochar de virtudes.
Portanto, se faz necessário o
esforço da morte das paixões inferiores para que se faça nova luz em nossos
corações.
Tudo isso nos demonstra que a
morte sempre se fará necessária, para dar espaço à renovação, ao novo ciclo, à
melhora.
Nada diferente quando falamos da
vida física.
A morte, inevitavelmente,
visitará nosso corpo físico, impossibilitando a continuidade da vida biológica,
orgânica.
Contudo, esse momento, de forma
alguma, indicará o fim de tudo. Será apenas o final de um ciclo.
Será a etapa concluída de uma
reencarnação, que nos deu inúmeras chances, possibilidades e oportunidades de
aprendizado e renovação.
Findo tudo isso, apresenta-se o
momento de retornarmos para casa, para o mundo espiritual.
E, como inscrito no dólmen da sepultura
do mestre Allan Kardec, em Paris, a lição é de imortalidade e evolução: Nascer, morrer, renascer ainda e progredir
sempre, tal é a lei.
Lei da vida, lei de progresso.
Redação do Momento Espírita
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