Nascido na Espanha e ali
desencarnado, na cidade de Tarrasa, no dia 23 de janeiro de 1906.
A Espanha foi o berço dos
grandes Congressos Espíritas, tendo os espanhóis exercido verdadeiro
pioneirismo nesse campo, bastando citar o Congresso Espírita Internacional de
1888, levado a efeito em Barcelona. Em congressos realizados posteriormente,
principalmente no de 1934, a delegação espanhola desenvolveu ingente tarefa em
favor da tese reencarnacionista.
Anteriormente à guerra civil de
1936 a 1939, a Espanha se destacava, de forma inusitada, na divulgação do
Espiritismo, bastando dizer-se que já em 1873 havia sido proposto no Parlamento
Espanhol o ensino da Doutrina Espírita.
Miguel Vives y Vives foi um dos
mais destacados vultos do Espiritismo naquele país. Seu nome teve projeção
mundial e sua ação foi das mais notórias. Quando um homem consegue cumprir
fecunda tarefa na defesa e difusão do ideal que sustenta, fazendo dele um culto
e predispondo-se a lutar de forma ininterrupta em seu favor, podemos, na
realidade, qualificá-lo de apóstolo.
Vives y Vives foi o Apóstolo do
Espiritismo na Espanha e, pela população de Tarrasa, era denominado Apóstolo do
Bem.
Foi um exemplo vivo de
abnegação. Evangelizou pela palavra escrita e falada ‒ através da tribuna, do
livro e da imprensa. Toda a sua obra se apoiou sobre a força moral da
exemplificação e vivência dos ideais espíritas e cristãos.
Fundou a "Federação
Espírita de Vallés", da qual surgiu a "Federação Espírita da
Catalunha", entidade que teve vida efêmera. Em Tarrasa fundou o "Centro
Espírita Fraternidade Humana" e lançou a famosa obra "Guia Prático do
Espírita", há muitos anos vertida para o português, em edição da Federação
Espírita Brasileira. Mais recentemente, a "Edicel", de S. Paulo, lançou,
no vernáculo, a sua obra também famosa "O Tesouro dos Espíritas".
Foi também fundador da revista
"União", órgão esse que se incorporou à revista "La Luz del
Porvenir", de marcante atividade na difusão dos ideais reencarnacionistas.
Foi presidente do "Centro Barcelonês de Estudos Psicológicos".
Sua esplendorosa mediunidade fez
com que se desenvolvesse, em Tarrasa, verdadeira obra em favor dos necessitados
do corpo e da alma, socorrendo os desajustados, os enfermos e os humildes, ao
ponto de, ao desencarnar, causar profundo golpe à população daquela cidade
espanhola.
As fábricas paralisaram suas
atividades, o comércio cerrou suas portas à hora do sepultamento do seu corpo,
a fim de permitir aos seus empregados o acompanhamento do esquife ao cemitério.
Durante o trajeto, verdadeira muralha humana se formou ao longo das ruas e na
necrópole, no propósito de atender aos pedidos de todos que desejavam vê-lo, o
ataúde permaneceu aberto durante uma hora e aproximadamente 5.000 pessoas
desfilaram diante dele.
Ele não era político, não
cortejava a popularidade e, no entanto, graças ao seu exemplo de abnegação,
recebeu uma das maiores consagrações públicas de sua terra, apesar de viver num
país de profundas tradições católicas, onde homens e livros foram queimados no
decorrer de muitos séculos.
Miguel Vives foi notável
espírita. Foi um homem que se dignificou pela prática das boas obras e pelo
desempenho de verdadeira missão de tolerância e de amor.
Num dos seus escritos, publicados
na revista "A Doutrina" órgão da "Federação Espírita do
Paraná", de cuja instituição era sócio honorário, escreveu em 1906:
Os Centros Espíritas
devem ser a cátedra do Espírito de Verdade, porque a não ter o Espírito de luz
a sua cátedra, teria sua influência o Espírito do erro e infelizes desses
Espíritos que se acham sob a influência do Espírito das trevas, porque pouco,
muito pouco se adiantam na senda do progresso.
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