Miramez
No intervalo da concepção ao nascimento, o Espírito goza
de todas as suas faculdades?
‒ Mais ou menos,
segundo a fase, porque não está ainda encarnado, mas ligado ao corpo.
Desde o instante da
concepção, a perturbação começa a envolver o Espírito, advertindo-o assim de
que chegou o momento de tomar uma nova existência; essa perturbação vai crescendo
até o nascimento. Nesse intervalo, seu estado é mais ou menos o de um Espírito encarnado,
durante o sono do corpo. À medida que o momento do nascimento se aproxima, suas
ideias se apagam assim como a lembrança do passado se apaga desde que entrou na
vida. Mas essa lembrança lhe volta pouco a pouco à memória no seu estado de
Espírito.
Questão 351/O Livro dos Espíritos
No intervalo entre a concepção e
o nascimento da criança, o Espírito entra em um estado de sono, como se
verdadeiramente estivesse dormindo. É o Espírito recebendo influência da matéria
e doando a ela a força para a renovação da vitalidade de que a matéria é
portadora.
Em nada na vida podemos
generalizar; os roteiros do Espírito são traçados de acordo com a sua evolução
espiritual. O Espírito de alta capacidade espiritual não perde a consciência no
intervalo entre a concepção e o nascimento, nem perde tempo. Ele trabalha quase
como se estivesse livre da matéria. Sabemos que Maria de Nazaré e Francisco de
Assis, dois astros de luz, no intervalo entre a concepção e o renascimento,
continuaram trabalhando em favor da humanidade e não foram atingidos pelo sono,
devido a seus níveis de evolução. Isso é uma amostra para as futuras
reencarnações.
O Espírito mediano, porém, passa
por um período de perturbação e dorme o sono da esperança, enquanto o Espírito
abaixo do mediano fica totalmente inconsciente do seu estado, e somente vai
ganhando a consciência quando desencarna. Mesmo assim, em muitos casos, essa
recuperação é lenta, pois a natureza a nada violenta. É nesse sentido que
estamos trabalhando com Jesus Cristo, para que os Espíritos avancem na escala a
qual pertencem e passem a acordar em todas as direções da vida, sem perderem a
consciência do seu estado.
Eis porque a ignorância deve
desaparecer, para que o trabalho aumente em favor dos que sofrem nas sombras.
As obras básicas da Doutrina Espírita devem ser sempre lidas e estudadas, para
que se tenha uma noção da vida que se deve levar, santificando sempre os pensamentos,
palavras e obras, com base no amor.
O Espírito, no intervalo da
concepção ao nascimento, ainda não está reencarnado, apenas ligado por laços
ainda frágeis. O toque de maior segurança é dado no momento do nascimento, prosseguindo
até aos vinte e um anos de idade. Em raros casos, antes desta idade, o Espírito
já se encontra adulto, com todas as suas possibilidades de independência,
respondendo por ele mesmo ante a sua consciência e a Deus, pelas promessas
feitas no mundo espiritual.
Nada fica sem a proteção de
Deus, nosso Pai de amor. Em todos os intervalos em que a alma sonha, as mãos do
Divino Mestre operam em sequência permanente para o restabelecimento da
individualidade da alma, para que algum dia ela possa se libertar e conhecer a
verdade.
Ao reencarnado, quando adulto, a
natureza consciencial vai mostrando, na cadência da sua evolução, algo de que
era no passado, de modo que o Espírito possa trabalhar nele mesmo, na iluminação
dos seus sentimentos.
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