quinta-feira, 28 de novembro de 2019

NO INTERVALO[1]



Miramez


No intervalo da concepção ao nascimento, o Espírito goza de todas as suas faculdades?
‒ Mais ou menos, segundo a fase, porque não está ainda encarnado, mas ligado ao corpo.
Desde o instante da concepção, a perturbação começa a envolver o Espírito, advertindo-o assim de que chegou o momento de tomar uma nova existência; essa perturbação vai crescendo até o nascimento. Nesse intervalo, seu estado é mais ou menos o de um Espírito encarnado, durante o sono do corpo. À medida que o momento do nascimento se aproxima, suas ideias se apagam assim como a lembrança do passado se apaga desde que entrou na vida. Mas essa lembrança lhe volta pouco a pouco à memória no seu estado de Espírito.
Questão 351/O Livro dos Espíritos

No intervalo entre a concepção e o nascimento da criança, o Espírito entra em um estado de sono, como se verdadeiramente estivesse dormindo. É o Espírito recebendo influência da matéria e doando a ela a força para a renovação da vitalidade de que a matéria é portadora.
Em nada na vida podemos generalizar; os roteiros do Espírito são traçados de acordo com a sua evolução espiritual. O Espírito de alta capacidade espiritual não perde a consciência no intervalo entre a concepção e o nascimento, nem perde tempo. Ele trabalha quase como se estivesse livre da matéria. Sabemos que Maria de Nazaré e Francisco de Assis, dois astros de luz, no intervalo entre a concepção e o renascimento, continuaram trabalhando em favor da humanidade e não foram atingidos pelo sono, devido a seus níveis de evolução. Isso é uma amostra para as futuras reencarnações.
O Espírito mediano, porém, passa por um período de perturbação e dorme o sono da esperança, enquanto o Espírito abaixo do mediano fica totalmente inconsciente do seu estado, e somente vai ganhando a consciência quando desencarna. Mesmo assim, em muitos casos, essa recuperação é lenta, pois a natureza a nada violenta. É nesse sentido que estamos trabalhando com Jesus Cristo, para que os Espíritos avancem na escala a qual pertencem e passem a acordar em todas as direções da vida, sem perderem a consciência do seu estado.
Eis porque a ignorância deve desaparecer, para que o trabalho aumente em favor dos que sofrem nas sombras. As obras básicas da Doutrina Espírita devem ser sempre lidas e estudadas, para que se tenha uma noção da vida que se deve levar, santificando sempre os pensamentos, palavras e obras, com base no amor.
O Espírito, no intervalo da concepção ao nascimento, ainda não está reencarnado, apenas ligado por laços ainda frágeis. O toque de maior segurança é dado no momento do nascimento, prosseguindo até aos vinte e um anos de idade. Em raros casos, antes desta idade, o Espírito já se encontra adulto, com todas as suas possibilidades de independência, respondendo por ele mesmo ante a sua consciência e a Deus, pelas promessas feitas no mundo espiritual.
Nada fica sem a proteção de Deus, nosso Pai de amor. Em todos os intervalos em que a alma sonha, as mãos do Divino Mestre operam em sequência permanente para o restabelecimento da individualidade da alma, para que algum dia ela possa se libertar e conhecer a verdade.
Ao reencarnado, quando adulto, a natureza consciencial vai mostrando, na cadência da sua evolução, algo de que era no passado, de modo que o Espírito possa trabalhar nele mesmo, na iluminação dos seus sentimentos.




[1] Filosofia Espírita – Volume 7    - João Nunes Maia

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