Orson Peter Carrara
O jovem carpinteiro fundou um
Reino. O maior e mais poderoso dos reinos, embora fosse pobre de valores
materiais, pois aí está a diferença dos demais reinos. Todos sugerem acúmulo de
bens. Este, porém, é um reino de valores interiores, protegidos contra todos os
possíveis danos que possam destruí-lo. Quem o constrói dentro de si constrói
para sempre.
Apresentando-se na Sinagoga,
perante seu povo, declarou Ter vindo em nome do Pai para anunciar e implantar o
Reino de Deus no coração dos homens. Comparou este Reino ao grão de mostarda,
ao fermento, a um tesouro escondido, a uma pérola, a uma rede para peixes e ao
trigo que cresce no meio do joio... Seu Reino fundamenta- se em três alicerces:
Deus, Amor e Justiça. Ora, se já compreendemos que Deus é Amor conforme ensinou
o evangelista, vamos estudar seu desdobramento: amor e justiça.
Em O Livro dos Espíritos, questão 875, pode-se buscar a definição de
justiça – que deixo ao leitor pesquisar. Já em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XI e em seus desdobramentos
e subtítulos, poderemos encontrar o que é o amor, seus efeitos, uso e prática.
Para o estudioso mais atento, há
comentários muito edificantes de Emmanuel em seus livros “Caminho, Verdade e
Vida” (capítulo 107) e “Vinha de Luz” (capítulo 177) e ainda a resposta à
questão 673 de O Livro dos Espíritos,
embora não se refira ao assunto, traz comentário importante sobre esta postura
para implantação do Reino de Deus nos corações.
A questão toda, como apresenta
Neio Lúcio no livro “Jesus no Lar”, capítulo 36, é que se cada um estivesse
vigilante da própria tarefa, não colheriam as sombras do fracasso. O mais
intricado problema do mundo, é o de cada homem cuidar dos próprios negócios,
sem intrometer-se nas atividades alheias. Enquanto cogitamos de responsabilidades
que competem aos outros, as nossas viverão esquecidas. É que o Reino de Deus é
uma construção interior, com valores reais das virtudes que precisam ser
conquistadas a custo do esforço próprio. E isto exige coragem, determinação,
perseverança.
Desde já precisamos nos apressar
em desligar o criticador e parar com os hábitos da achologia, onde muitos acham isto ou aquilo, mas consideram ser
dever do outro fazer. Achamos, damos opiniões e palpites, mas deixamos de fazer
o que nos compete. O Reino de Deus se inicia no coração do homem, com os
valores da bondade e da fraternidade. Quando destruímos uma ideia ou temos
postura pessimista, estamos criando o reino da descrença, da crítica e por aí
afora.
Para alcançar o Reino de Deus no
coração, quatro condições são essenciais:
a) libertação pelo autoconhecimento;
b) humildade para perceber
nossas imperfeições;
c) persistência no bem;
d) crescimento espiritual.
Todas as conquistas do esforço
próprio, que exigem no mínimo iniciativa que deve ser acompanhada pela
perseverança. Em seu livro, “Parábolas e Ensinos de Jesus”, Cairbar Schutel
comenta no capítulo “A palavra de vida eterna”, que a imortalidade é a luz da
vida; ela é a alma da nossa alma; a esperança da nossa fé; e a mãe do nosso
amor. Sem imortalidade não pode haver alma, sem alma não há esperança, fé,
amor; e sem esperança, fé e amor tudo desaparece de nossas vistas: família,
sociedade, religião, Deus!
A imortalidade é a base, o
alicerce, a rocha viva ... E recomenda: Urge, pois, que busquemos,
primeiramente, a imortalidade, para crermos firmemente na palavra de Jesus.
Urge que estudemos a imortalidade, que conversemos com a imortalidade, que
ouçamos a imortalidade com seus substanciosos ensinos, a fim de, firmes e
resolutos, orientarmos a nossa vida, regularmos os nossos atos na senda
religiosa que nos foi traçada.
Sem aprofundamento percebe-se
com clareza os efeitos da incredulidade no mundo, ou até da ausência de
interesse na busca de informações e estudos sobre a questão.
Aí estão os difíceis quadros
sociais a desafiar o homem. E mais interessante que este implantar do Reino dos
Céus no coração, como propôs Jesus modifica o ambiente, as circunstâncias ao
redor, favorecendo a todos com a harmonia e paz que lhe é próprio.
A própria vivência interior
deste Reino, ajuda a modificar o panorama exterior. Já imaginou o leitor quando
cada habitante do planeta esforçar-se por esta vivência? Teremos o mundo
modificado, como desejamos.
Fácil? Não! Individualmente já é
um grande desafio, imagine coletivamente falando, com a diversidade de estágios
evolutivos que vivemos. Mas é a única alternativa para a construção da paz
interior e social, que tanto almejamos.
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