quinta-feira, 12 de setembro de 2019

LIMITES DIVINOS[1]




Deus tem a necessidade de se ocupar de cada um dos nossos atos, para nos recompensar ou punir? A maioria desses atos não é para Ele insignificante?
‒ Deus tem as suas leis, que regulam todas as vossas ações. Se as violardes, a culpa é vossa.
Sem dúvida, quando um homem comete um excesso, Deus não expende um julgamento contra ele, dizendo-lhe, por exemplo: tu és um glutão e eu te vou punir. Mas ele traçou um limite: as doenças e por vezes a morte são consequências dos excessos. Eis a punição: ela resulta da infração da lei. Assim se passa em tudo.
Questão 964/Livro dos Espíritos

Todas as nossas ações são submetidas às leis de Deus; não há nenhuma delas, por mais insignificante que nos pareçam, que não possa ser uma violação dessas leis. Se sofremos as consequências dessa violação, não nos devemos queixar senão de nós mesmos, que nos fazemos assim os artífices de nossa felicidade ou de nossa infelicidade futura.
Essa verdade se torna sensível pelo seguinte apólogo:
Um pai dá ao filho a educação e a instrução, ou seja, os meios para saber conduzir-se.
Cede-lhe um campo para cultivar e lhe diz: Eis a regra a seguir e todos os instrumentos necessários para tornar fértil o campo e assegurar a tua existência. Dei-te a instrução para compreenderes essa regra. Se a seguires, o campo produzirá bastante e te proporcionará o repouso na velhice; se não a seguires, nada produzirá e morrerás de fome. Dito isso, deixa-o agir à vontade.

Não é verdade que o campo produzirá na razão dos cuidados que se dispensar à cultura e que toda negligência redundará em prejuízo da colheita? O filho será, portanto, na velhice, feliz ou infeliz, segundo tenha seguido ou negligenciado a regra traçada pelo pai. Deus é ainda mais previdente, porque nos adverte a cada instante, se fazemos o bem ou o mal.
Envia-nos Espíritos que nos inspiram, mas não os escutamos. Há ainda outra diferença e é que Deus dá ao homem um recurso, por meio das novas existências, para reparar os seus erros do passado, ao passo que o filho de que falamos não o terá, se empregar mal o seu tempo.
Allan Kardec

Deus tem Suas leis como agentes de equilíbrio; por isso estamos sempre alertando os irmãos quanto à observância delas, em todas as suas atividades. Se violas essas leis no mínimo que seja, vem a resposta delas para o seu caminho.
A ignorância que tenhas desta forma de educação de Deus, pode-se dizer é superficial, pelo fato de que todas as almas, antes de receberem uma roupagem física, são instruídas pelos benfeitores espirituais. Mesmo o homem primitivo, quando errava, passava a agir com mais cautela, demonstrando o temor pelo castigo. É, pois, uma prova de que Deus não se esquece de ninguém, assistindo todos com o que suportam para viver melhor.
Para que tenhamos alcançado a paz de Espírito, não podemos dividir o reino da harmonia, colocando ao seu lado a desarmonia, pois são situações antagônicas.
Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode subsistir[2]. A nossa mente deve estar sempre una com a mente divina e, para tanto, Jesus veio nos ensinar essa unidade, quando dizia: "Eu e o Pai somos um". Devemos ser unos com Jesus, para compreendermos a verdade e ela nos libertar.
Quando violas a lei na alimentação, comendo em demasia, o próprio organismo reage e pode surgir alguma enfermidade. Não é Deus te falando para teres parcimônia no comer? Ele fala por leis que Ele mesmo criou. Deus tem Suas leis a regerem todas as nossas ações, sejam os Espíritos encarnados ou desencarnados. Tudo vive e respira sob a ação dessas leis naturais que existem em todo o universo.
O sábio sofre menos, ou nada, em toda a sua vida, por ser obediente a Deus, enquanto o ignorante se escandaliza por simples ofensa. Ele não compreendeu ainda o valor e a proteção do perdão nos seus caminhos. Não alcançou o valor da alegria, do amor e da fraternidade que segue o desprendimento. São valores que o sábio já usa, para a paz de sua consciência.
A cada criatura foram dados cuidados a serem observados, e somente ela deve fazer esse trabalho, servindo de conquista para si mesmo. Quando compreender seu destino, começará a ver e a sentir que verdadeiramente existe a felicidade. O Senhor envia-nos os Seus agentes de luz para nos inspirarem constantemente; não ficamos relegados às margens do caminho. É neste sentido que falamos sempre que Deus está em toda parte, tendo o poder de conferir quando Lhe aprouver.
Difluir a verdade é muito nobre e certo, mas melhor ainda é saber dosá-la para as consciências que ouvem. E quando vem em dose maior para todos, por ordem do Soberano Senhor, aparece o digresso dos que não estão preparados para ouvir, o tanto quanto foi divulgado. Os recursos são enormes em todas as áreas de aprendizado, para a paz de todos os Espíritos em todas as faixas de vida.
Confiemos em que Deus é sempre bondade para Seus filhos, e não dá pedra a quem Lhe pede pão, nem escorpião a quem Lhe pede peixe.
Miramez




[1][1] Filosofia Espírita – Volume 19 – João Nunes Maia
[2] Marcos, 3:24

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