Miramez
A separação da alma e do corpo é dolorosa?
- Não, o corpo
sofre, frequentemente, mais durante a vida que no momento da morte; neste a
alma não toma parte. Os sofrimentos que experimenta algumas vezes, no momento
da morte, são um prazer para o Espírito, que vê chegar o fim do seu exílio.
Na morte natural, que chega
por esgotamento dos órgãos, em consequência da idade, o homem deixa a vida sem
o perceber; é uma lâmpada que se apaga por falta de alimentação (Allan Kardec).
Questão 154/Livro dos Espíritos
É processo comum e natural, para
a humanidade terrena, a separação do corpo da alma, embora não exista um
totalmente semelhante ao outro, ocorrendo modificações de pessoa para pessoa.
Muitos querem entender que,
assim como a enfermidade lhes traz dores e inquietações variadas, a separação
do Espírito do corpo possa lhes causar dores inenarráveis, porém esta não é
verdade. A morte por esgotamento do fardo fisiológico se processa como se estivéssemos
com uma roupa suja, de modo que nos apressamos em trocá-la, sem motivo algum de
inquietação.
O modo de morrer, que muitos
têm, é o instinto de conservação que fala mais alto, como também a necessidade
de cumprimento de deveres ante os compromissos assumidos no mundo onde estagiam
e diante da própria consciência. O Espírito ‒ é necessário que saiba – é perfeito
em todas as nuances da vida. Tudo que vem sentir na carne e fora dela é pelo processo
mental, é falta de harmonia na trajetória das ideias. Depois de educadas na
escola de Nosso Senhor Jesus Cristo, cessam a inquietações e a alma desconhece
a dor em quaisquer caminhos que se dispõe a percorrer, a não ser nos casos de
grandes missionários da Verdade, que descem à carne para ensinar, pelo exemplo,
como devemos suportar a dor. Entretanto, a sua dor é diferente: é sentida em
outra dimensão de vida, é transformada, como o adubo na terra, em frutos
saudáveis.
Na morte do corpo, os laços se
desatam; não se quebram, por serem eles de formação diferente do corpo de
carne. São altamente sensíveis e estruturados em outra dimensão psíquica e, na
separação, se recolhem para seu ponto de origem, antes de se ligarem nos primeiros
instantes de vida. O desenlace é feito por mãos hábeis, gradativamente como requer
a evolução da alma, porém na desencarnação de Espíritos altamente evoluídos, já
se muda o comportamento: querendo, ele se desata a si mesmo.
O sofrimento é mais psicológico,
por estar o Espírito mudando-se para um lugar “desconhecido”. É nesse sentido
que é muito necessária a educação da alma antes da separação do corpo. É o
efeito que se vê na influencia da religião, que mostra, por muitos meios,
notadamente a Doutrina dos Espíritos, como provas irrecusáveis da continuação
da vida e da comunicação dos chamados mortos, que a morte não existe. Voltamos
para falar coisas que nunca se ouviram, mesmo nas mais abalizadas filosofias
espiritualistas.
Não temas a morte do corpo,
porque o Espírito é vida, mas, jamais procures a desencarnação, por querer se
libertar mais depressa da vida na Terra. Responderás pela violência que
praticares contigo mesmo. É de bom grado que estudes as leis naturais, cumprindo
sempre a vontade de Deus e não a tua.
A morte natural é a morte
divina; a criatura deixa o corpo, como se soltasse um pássaro de uma gaiola, e
ganha mais liberdade de consciência, quando cumpre todos os seus deveres assumidos
diante de Deus.
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