Leonora E. de Piper, mais
conhecida por Madame Piper, foi uma das mais célebres médiuns dos nossos
tempos. Sua encarnação ocorreu em 27 de junho de 1857, na cidade de Nova
Hampshire, EUA, e sua desencarnação no dia 3 de junho de 1950, Brooklin,
Massachusetts, EUA.
Foi médium por mais de 40 anos;
as atas das suas sessões atingiram mais de 3.000 páginas. Nas investigações que
tiveram lugar ‒ as mais prolongadas da História do Espiritismo ‒ foram
despendidos mais de 150.000 dólares.
Comentando a mediunidade de
Leonora E. Piper, escrevia Charles Richet, em seu Tratado de Metapsíquica,
página 36:
Madame Piper e Eusápia
Paladino demonstraram sempre perfeita complacência com todas as investigações
científicas. Aceitaram todo o gênero de vigilância, apesar dos receios e das
afrontas. Graças a elas, em grande parte, a Metapsíquica conseguiu durante
estes últimos anos, o progresso que alcançou. É preciso, pois, que os sábios do
futuro guardem para uma e outra, igualmente para Daniel Douglas Home e Florence
Cook, que as precederam, imorredouro reconhecimento.
William James, no ano de 1885,
foi o primeiro homem de ciência que se ocupou da mediunidade da Madame Piper. O
sucesso das investigações levadas a efeito teve o mérito de atrair a atenção de
outros renomados pesquisadores, dentre eles o advogado Richard Hodgson, antigo
membro da Sociedade de Investigações Psíquicas de Londres e um dos mais
criteriosos investigadores dos fenômenos espíritas, dada a sua fama de
incrédulo e tenaz descobridor de fraude. Após 15 anos de incessantes pesquisas,
o Doutor Hodgson chegou à conclusão de que os fenômenos eram verídicos e que
Madame Piper era médium de invulgar faculdade.
Hodgson submeteu Madame Piper a
toda sorte de controle, contratou detetives que seguiam todos os passos da
médium e de seu esposo com o objetivo de averiguar se um ou outro procurava se
inteirar de fatos que diziam respeito à vida íntima das pessoas que frequentavam
as sessões. Apesar de nada comprovar, fazia com que pessoas vindas de outras
cidades, sem qualquer contato com a médium assistissem as reuniões. Esses
visitantes, sem qualquer círculo de amizade na cidade de Boston, eram admitidos
no recinto das sessões quando a médium já estava em transe sonambúlico e saiam
do local antes que o transe tivesse fim.
Nada conseguindo descobrir que
pudesse constituir motivo de suspeita, o Doutor Hodgson planejou uma viagem à
Inglaterra, onde Madame Piper não tinha qualquer conhecido, amigos ou parentes.
Essa viagem teve início em 9 de novembro de 1889.
Desembarcando em Liverpool, foi
cercada por membros da Sociedade de Investigações Psíquicas de Londres, os
quais vigiavam para que não houvesse qualquer contato da médium com eventuais
auxiliares. Hospedando-se, por alguns dias na residência de "Sir"
Oliver Lodge, foram contratados novos serventes para a casa, nenhum dos quais
sabia qualquer coisa das amizades ou vida de Lodge. Os registros familiares e
álbuns de retratos da família foram guardados sob chave. A bagagem da médium
foi cuidadosamente revistada com o fito de constatar se não havia nela qualquer
biografia de personagens ingleses contemporâneos, nada sendo encontrado.
No decurso de 88 sessões, Madame
Piper revelou a todos os que tiveram a ventura de presenciar os fenômenos
produzidos por seu intermédio, centenas de fatos que puderam ser comprovados em
seus mínimos detalhes. Lodge conseguiu registrar 41 casos de revelação de
ocorrências com membros das famílias das pessoas presentes, todos eles verificados
com minúcia.
Regressando aos Estados Unidos
em 1890, Madame Piper desfrutava de extraordinária fama pelos feitos produzidos
na Inglaterra. Prosseguindo em sua missão, vários fenômenos tiveram lugar,
graças ao espírito de George Pellew, jovem escritor e advogado que, em vida
havia presenciado alguns fatos e que desencarnara em 1882, devido à violenta
queda.
Em 1898, ao regressar de sua
segunda viagem à Inglaterra, apareceu em cena nos Estados Unidos um novo
céptico. Com a ajuda secreta do Doutor Hodgson assistiu incógnito a 17 sessões.
Procedia com mais incrível cautela a fim de que a médium não se certificasse da
sua presença, a carruagem usada para o seu transporte era completamente
fechada, descia do mesmo coberto com uma capa, entrava sorrateiramente na sala
e tomava assento próximo à Madame Piper, permanecendo ali sem dizer palavra.
Sem muita delonga, a médium disse ao misterioso visitante como se chamava, o
nome do seu progenitor, fornecendo uma série de pormenores sobre a sua vida e
de membros de sua família. Pela primeira vez em sua vida, o visitante, James H.
Hyslop, catedrático da Universidade de Columbia, ficou assombrado e confuso.
Ante a evidência, Hyslop se convenceu da realidade, principalmente após ter
confabulado com o espírito de seu próprio pai.
Madame Piper continuou suas
sessões até 31 de julho de 1911, quando os espíritos recomendaram que deveria
suspendê-las devido ao seu estado de saúde. Em 1924, entretanto, realizou
algumas sessões especiais que foram as derradeiras.
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