Adriana Machado
Quantas vezes voltamos o nosso
olhar para trás para agradecer pelas nossas conquistas?
Quantas vezes olhamos para o
nosso presente e nos parabenizamos por tudo o que já passamos e ultrapassamos
nesta vida?
Por vezes, somos cruéis.
Fixamo-nos naquilo que não conseguimos alcançar e não enxergamos todo o caminho
trilhado para chegarmos onde estamos, para obtermos toda a experiência que nos
fez ser quem somos hoje.
Porque essa postura tão dura
conosco? Jesus disse certa vez:
Onde estão aqueles teus acusadores? (João 8:10).
Após a resposta da adúltera de
que todos tinham ido, ele completou:
Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais. (João 8:11).
Jesus não estava somente se
referindo a todos aqueles que antes a estavam criticando, julgando e
condenando, quando afirmou “quem não tem pecado que atire a primeira pedra”.
Ele também incluía entre os acusadores alguém muito mais importante que aqueles
antes mencionados... Ele se referia à nossa própria consciência.
Se a mulher, que diziam ser
adúltera, não se perdoasse pelo seu erro, acabaria se condenando, não se
sentindo capaz de se libertar de seus enganos pela culpa que carregaria.
Até que percebesse o seu
“pecado”, até que percebesse que não é perfeita e que pode demorar um pouco
para adquirir a compreensão para não mais se equivocar, a prisão dessa mulher
adúltera (e de todos nós) seria sem grades, mas muito eficaz.
Quando nos incomodamos com as
nossas ações, estamos no princípio de uma caminhada mais consciente e tudo
fazemos para aplicar as mudanças que nos levarão a não ficarmos mais
atormentados. Não posso afirmar que faremos tudo certo desde o começo, mas se
tentamos fazer aquilo que achamos certo desde o princípio, compreenderemos que,
não nos parabenizar pelo esforço aplicado, é desumano e cruel.
Pensem comigo, em qual fase
empreendemos mais esforço: no percurso da maratona ou na linha de chegada? Se
não valorizarmos todo o percurso da corrida, todas as dores sentidas, mas
superadas, não compreenderemos o verdadeiro valor da chegada. Infelizmente, é o
que fazemos, na maioria das vezes, no nosso caminhar.
Li a seguinte frase de um autor
desconhecido:
Eu me lembro dos dias em que orei por coisas que tenho hoje.
Esse pensamento me fez pensar
muito.
Como esquecer que fiz tanto
esforço, deixei de realizar tantos outros desejos para chegar aonde cheguei? E,
qual é a minha reação diante da vitória?
Estamos tão empenhados em
angariar conquistas que não percebemos que não estamos vivenciando nenhuma
delas. É como se ganhássemos uma corrida e nem parássemos para pegar a medalha.
Já partiríamos para outra corrida e sem o descanso devido.
Chega um momento em que nosso
corpo se esgota e não conseguimos mais correr. Nossa mente embaralha, nossas
emoções e sentimentos se exacerbam e, sem considerar nossos exageros que
provocaram esse colapso, colocamos a culpa em um outro alguém por não darmos
mais conta das corridas programadas.
Pergunto, então, sobre quem
jogamos a nossa responsabilidade? Cada pessoa é uma pessoa, mas posso afirmar
que o nosso principal alvo é Deus. É Ele quem não nos ama o suficiente para nos
dar aquilo que muito desejamos; é Ele que nos pune ao seu bel-prazer e sem
motivos.
Esquecemos que se nem nós, pais
imperfeitos, damos tudo para os nossos filhos, imagina Deus que tudo sabe. Se
você vir que a postura adotada por seu filho com o seu carro é um pulo para o
desastre, você iria apoiá-lo? Possivelmente, retiraria dele o carro que
emprestou e diria para que ele tomasse cuidado e consciência de seus erros no
trânsito. Assim é Deus, só devolverá o carro quando perceber que você entendeu
o recado dado.
Nossas conquistas não são
somente a vitória merecedora de medalha, mas sim todo o esforço, tempo e
dedicação que empreendemos para chegarmos lá. Aí, perceberemos que a medalha já
é merecida pelo primeiro passo que dermos rumo à linha de chegada. E Deus? Ele
nos dará todas as oportunidades e tempo que forem necessários para a
concretização de nossa meta.
Por tudo isso, necessitamos
valorizar cada etapa já ultrapassada porque muito oramos para ali chegar, mas
se já é momento para dali partirmos, que jamais esqueçamos que não chegaríamos
a lugar nenhum sem o primeiro passo desta grande caminhada.
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