Orson Peter Carrara
A falta de estudo da Doutrina
Espírita, a ausência do uso da razão e do bom senso e também o isolamento dos
grupos (fechando-se em si mesmos) são os responsáveis pelos absurdos que se
cometem em nome da Doutrina e seu movimento. E isto fica por conta de quem
pratica, pois o Espiritismo não pode ser responsabilizado por aqueles que não
raciocinam no que fazem.
São muitos os exemplos, alguns
citados em livros, jornais e revistas, por articulistas e autores diversos,
todos respeitáveis e conhecidos na atividade espírita, os quais permito-me
citar uns ou outros (os exemplos) para desenvolvimento do presente artigo.
Enquadram-se nesses equívocos:
a.
Obrigatoriedade de passe em todo e qualquer
comparecimento ao Centro Espírita;
b.
Toda pessoa que chega perturbada ao Centro
Espírita é médium;
c.
Os médiuns são seres elevados e extraordinários;
d.
Os oradores e expositores são seres infalíveis –
“falou tá falado”;
e.
Médium experiente não precisa estudar;
f.
Não se deve bater palmas ao final de palestras
para não dispersar fluidos;
g.
Casamento, batizado, uso de gestos e imagens,
roupas especiais, cromoterapia, cristais, tvp, pirâmides etc., no Centro
Espírita;
h.
As mãos dadas formam correntes de proteção;
i.
Comemoração de Páscoa e Semana Santa no Centro
Espírita;
j.
Para recarregar energias, o aplicador de passes
deve encostar a cabeça na parede após a tarefa;
k.
Mulheres não devem entrar de saia no centro;
l.
Homens e mulheres devem sentar-se em fileiras
separadas no ambiente do centro;
m.
Reencarnação serve para pagar dívidas;
n.
Os espíritos comunicantes sabem tudo;
o.
Determinado Centro Espírita é forte, o outro é
fraco;
p.
Uso de expressões, como mesa branca, baixo
espiritismo, encosto e muitos outros absurdos como aqueles das correntes no
chão e das garrafas em prateleiras, para prender os espíritos obsessores ou da
mesa de concreto que suporte os murros dos médiuns indisciplinados.
Ora, o Espiritismo é
profundamente racional. O espírita precisa sempre saber por que faz determinada
prática. Pensar no que faz e analisar se está dentro do bom senso, da razão e,
principalmente, se há coerência no que se pratica e o que a Doutrina ensina.
Com objetivos tão elevados e
fundamentos tão racionais, como poderia o Espiritismo ver em casas que se dizem
espíritas, práticas tão distantes de sua orientação? Só a falta do estudo
doutrinário pode responder por esses absurdos que comportariam, em muitos
casos, diversas argumentações e comentários sobre sua nulidade e incoerência. E
também se caracterizam como prática distante do dinamismo da Doutrina, o
espírita desanimado, o Centro distante e isolado do estudo e da divulgação –
preocupado apenas com a prática mediúnica; a Casa Espírita isolada do movimento
– que traz o entusiasmo e renova; também o expositor que transmite aos ouvintes
a ideia de um Espiritismo de tristeza, dor ou sofrimento, e finalmente o
espírita que não estuda. Como aceitar também aquelas reuniões sem nenhuma
motivação, onde um lê e todos ouvem – ou dormem, criando a figura do “espírita
de banco” (aquele que entra, senta, ouve e vai embora)? Ou a presença no Centro
como se fosse uma obrigação penosa, sem alegria?
Espiritismo é alegria, é vida! É
trabalho vibrante, com harmonia, coerência, união... Daí a necessidade do
estudo individual, estudo em grupo, união de forças entre os trabalhadores da
mesma casa e entre as casas da cidade e região. Isto traz entusiasmo, revitaliza
o movimento e afasta os equívocos. A troca de experiências é algo muito
positivo, que não devemos temer. O espírita esclarecido é dedicado à causa,
sempre estuda, melhora-se gradualmente e trabalha sempre, confiando em Deus –
mas usando sua própria razão.
Essas questões precisam ser
discutidas para aparelharmos melhor nossas casas, tornando-as colmeias de
trabalho, união e amor, para que não se distanciem dos objetivos que nortearam
sua fundação.
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