Jorge Hessen
No Japão, tarefas escolares como
limpeza da sala de aula são feitas pelos próprios alunos que ainda têm
atividades extracurriculares de esporte e artes que instruem para o respeito à
coisa pública e a importância do trabalho em grupo. Além das aulas, a rotina de
um professor no Japão inclui aconselhamento, serviços administrativos e visitas
às casas dos alunos. Valoriza-se a aprendizagem ativa, onde o aluno é
protagonista, e o professor mediador, sempre com o envolvimento da família na
educação para se alcançar os melhores resultados.
Na verdade, os pais são
responsáveis pelo desenvolvimento dos valores dos filhos e não devem apostar na
escola para exercer essa tarefa. Um pai autêntico é aquele que cultiva em casa
a cidadania familiar. Ou seja, ninguém em casa pode fazer aquilo que não se
pode fazer na sociedade. É preciso impor a obrigação de que o filho faça isso,
e assim cria-se a noção de que ele tem que participar da vida comunitária. Não
há dúvida de que ante as balizas do bom senso e moderação os pais precisam
estabelecer limites. Porém, essa exigência é muito mais acompanhar os limites
daquilo que o filho é capaz de fazer.
Até os sete anos de idade
aproximadamente é o período infantil mais acessível às impressões que se recebe
dos pais, razão pela qual os pais não podem esquecer o dever de orientar os
filhos quanto aos conteúdos morais. “O pretexto de que a criança deve
desenvolver-se com a máxima noção de liberdade pode dar ensejo a graves perigos
(…) pois o menino livre é a semente do celerado”[2].
E mais, diante dos filhos
insurgentes e incorrigíveis, insensíveis a todos os processos educativos, “os
pais, depois de movimentar todos os processos de amor e de energia no trabalho
de orientação deles, é justo que esperem a manifestação da Providência Divina
para o esclarecimento dos filhos rebeldes, compreendendo que essa manifestação
deve chegar através de dores e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com
êxito, o campo da compreensão e do sentimento[3]”.
O período infantil é propício
para deixar o espírito mais acessível aos bons conselhos e exemplos dos pais e
educadores, pois o espírito é mais flexível em face da debilidade física, daí a
tarefa de reformar o caráter e corrigir suas más tendências. Sob o ponto de
vista moral, Allan Kardec faz comentário à questão 685-B de O Livro dos Espíritos:
Há um elemento que
não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria:
a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem, ainda, a educação
moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, aquela
que cria os hábitos adquiridos[4].
Todos temos necessidade de
instrução e de amor. A escola é um centro de indução espiritual, onde os
mestres de hoje continuam a tarefa dos instrutores de ontem. A educação, com o
cultivo da inteligência e com o aperfeiçoamento do campo íntimo, em exaltação
de conhecimento e bondade, saber e virtude, não será conseguida tão só à força
de instrução, que se imponha de fora para dentro, mas sim com a consciente
adesão da vontade que, em se consagrando ao bem por si própria, sem
constrangimento de qualquer natureza, pode libertar e polir o coração, nele
plasmando a face cristalina da alma, capaz de refletir a Vida Gloriosa e
transformar, consequentemente, o cérebro em preciosa usina de energia superior,
projetando reflexos de beleza e sublimação[5].
A melhor escola ainda é o lar,
onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. Os
estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o
instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade poderá
fazer o cidadão, mas somente o lar pode edificar o homem[6].
O período infantil, em sua
primeira fase, é o mais importante para todas as bases educativas, e os pais
espiritistas cristãos não podem esquecer seus deveres de orientação dos filhos,
nas grandes revelações da vida. Em nenhuma hipótese essa primeira etapa das
lutas terrestres deve ser encarada com indiferença. O pretexto de que a criança
deve desenvolver-se com a máxima noção de liberdade pode dar ensejo a graves
perigos. Já se disse no mundo que o menino livre é a semente do celerado.
Especialmente na primeira infância os pais espíritas devem alimentar o coração
infantil com a crença doutrinária, com a bondade, com a esperança e com a fé em
Deus.
Fonte: A Luz na Mente
[2] XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito
Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995, perg. 113
[3] Idem perg. 190.
[5] XAVIER,
Francisco Cândico. Pensamento e Vida, ditado pelo Espírito Emmanuel , RJ: Ed.
FEB, 1997
[6] Idem.
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