Orson Peter Carrara
A propósito do momento grave do
país e as eleições, permito trazer ao leitor algumas considerações:
a.
Vivemos um processo de guerra. Não de armas, mas
de ideias, de justas discordâncias e questionamentos oportunos. Objetivo final
é a liberdade e o progresso, não há dúvidas, em toda expansão que as duas
palavras permitem e alcançam;
b.
Se pensarmos bem, cada um de nós traz consigo
uma tarefa comum: instruirmo-nos mutuamente, ajudar no progresso coletivo e
melhorar nossas variadas instituições;
c.
A liberdade é o direito de proceder conforme nos
pareça adequado com a ressalva de que esse direito não vá contra o direito
alheio; também é a condição humana necessária para cada um construir seu
destino, individual ou coletivamente;
d.
O progresso, por sua vez, é o desenvolvimento, o
movimento progressivo da civilização ou a marcha e movimento para diante, ou
ainda a caminhada para um estado de coisas cada vez mais de acordo com a
justiça e a razão. Ele também pode ser classificado como a aplicação das leis
que realizem a maior soma de ordem, bem-estar, liberdade e fraternidade;
podemos até defini-lo ainda como a extensão da liberdade.
e.
Para sermos verdadeiramente coerentes, no uso do
inevitável progresso, é preciso nos libertar da escravidão da ignorância e das
baixas paixões ou apetites vulgares, educando-nos moralmente com a aquisição de
virtudes ou aprimorando-as.
Essas considerações nos fazem
pensar no momento histórico do país, face à corrupção a abusos morais de toda
ordem num país de extensão continental, com um povo aberto e fraterno,
solidário. O nível de amadurecimento da mentalidade humana já não aceita mais –
e nem combina – a corrupção, a desonestidade, a omissão ou os desvios morais de
toda ordem. Vivemos um novo tempo, de progresso e liberdade.
Afinal, desde que haja duas
pessoas juntas, ambos têm direitos a respeitar e já não possuem liberdade
absoluta. Por outro lado, sempre temos, individual ou coletivamente, o poder da
escolha e somos sempre senhores da capacidade de ceder ou resistir às tentações
de toda ordem e às paixões que desequilibram a individualidade ou a própria
sociedade.
E há que se considerar que o
dever – definido pelo dicionário como aquilo que precisa ser feito –
convida-nos ao bem e ao progresso e esta atitude de agir e não permanecer na
indiferença ou na omissão pode evitar o mal decorrente do não comprometimento
com as boas causas – único objetivo da vida –, sobretudo aquele que poderia
contribuir para um mal maior em prejuízos mais abrangentes para a coletividade.
O excesso do mal em andamento –
em todos os sentidos, desde a corrupção, à violência ou omissão de governos e
governados – faz compreender a necessidade do bem e das reformas nas leis, nos
hábitos, nos costumes.
Vamos percebendo com clareza que
os maiores obstáculos ao progresso e, por consequência, da liberdade humana,
são o orgulho e o egoísmo. Note-se a definição de ambos para constatar essa
afirmação:
a.
orgulho: manifestação
de alto apreço ou conceito que alguém se tem;
b.
egoísmo: amor exclusivo a si mesmo e aos
interesses próprios, em detrimento aos interesses alheios.
Já é tempo de despertar. O voto
deve ser no interesse da coletividade, não no interesse pessoal. Quando vamos
efetivamente aprender isso? Se votamos por interesse, estamos agindo contra a
harmonia que deve reger a vida. Como nos dividir por partidos ou pessoas,
quando o interesse maior é coletivo? As tragédias atuais do Brasil são frutos
de nossa omissão, de nossa indiferença, de nossa falta de patriotismo, de
civismo, da ausência de noção da cidadania, e total desrespeito pela
solidariedade. Os interesses egoísticos ainda nos orientam, daí o sofrido
quadro do país.
Será de muita oportunidade ler
novamente a letra do Hino Nacional, e cantá-lo, claro. A letra é inspiradíssima
nesse ideal de paz e fraternidade que desejamos construir para o país.
Inclusive destacando o respeito que devemo-nos uns aos outros. Estejamos nós
como governados ou governantes. Não importa. Somos os mesmos seres humanos,
necessitados todos da consciência de agir com bondade e justiça.
Tais considerações, de precisão
cirúrgica para o atual momento do Brasil, estão baseadas em O Livro dos Espíritos, especialmente nos
capítulos Lei de Liberdade e Lei do Progresso e também em Léon
Denis. Impressionante a precisão, clareza e atualidade das questões desses dois
importantes capítulos da obra básica. Fizemos pequena adaptação das respostas
dos espíritos para compor a presente abordagem, mas a fonte das ideias lá está,
clara e disponível para todos.
A escolha e voto de nosso
candidato deve ser consciente, no interesse da Pátria, nunca por paixão ou no
interesse pessoal.
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