Emmanuel
Nas grandes horas, nunca falta a
ironia, em derredor dos servidores da Verdade Eterna. E, para confortar os seus
seguidores, suportou-a Jesus, heroicamente, no extremo testemunho. Amara a
todas as criaturas de seu caminho, com igual devotamento, servira-as, indistintamente,
entregando-lhes os bens de Deus, sem retribuição, exemplificara a simplicidade
fiel e multiplicara os beneficiários de todos os matizes, em torno de seu
coração por onde passasse. Desdobrava-se-lhe o Apostolado Divino, sem vantagens
materiais e sem interesses inferiores, mas os homens arraigados à Terra não lhe
toleraram as revelações do Céu. Porque não podiam destruir-lhe a verdade,
entregaram-no à justiça do mundo e, tão logo organizado o processo infamante, a
ironia rondou o Senhor até a crucificação.
Trouxera o Evangelho Libertador
à Humanidade e recebeu a calúnia e a perseguição.
Ele, que ouvia a Voz Suprema,
foi preso por varapaus.
Distribuíra benefícios para
todos os séculos, contudo, foi segregado num cárcere.
Vestira as almas de esperança e
paz, no entanto, impuseram-lhe a túnica do escárnio.
Ensinara sublimes lições de
renúncia e humildade e foi submetido a perturbadores interrogatórios pelos
acusadores sem consciência.
Rompera as algemas da
ignorância, entretanto, foi coagido a aceitar a cruz.
Coroou a fronte dos semelhantes
com a luz da libertação espiritual, todavia, foi coroado de espinhos ingratos.
Oferecera carícias aos
sofredores e desamparados do mundo, recebendo açoites e bofetadas.
Fundara o Reino do Amor
Universal e obrigaram-no a empunhar uma cana à guisa de cetro.
Ensinou a ordem entre os homens
pela perfeita fidelidade ao Supremo Senhor e o boato lhe pôs na boca expressões
que nunca pronunciou.
Abrira na Terra a fonte das
Águas Vivas, entretanto, deram-lhe vinagre quando tinha sede.
Ele que amara a simplicidade, a
religião e o respeito, foi crucificado seminu, sob o cuspo da perversidade,
entre dois ladrões.
Jesus, porém, sentindo embora a
ironia que o cercava, não reclamou, nem feriu a ninguém, não comprometeu os
companheiros, nem exigiu a consideração de seus deveres. Compreendeu a
ignorância dos homens, rogou para eles o perdão do Pai e dirigiu-se a outros
trabalhos, no seu divino serviço à Humanidade.
Nenhum servidor fiel do bem,
portanto, escapará ao assédio da ironia. É preciso, porém, recordar o Mestre,
evitar o escândalo, pedir ao Supremo Pai pelos escarnecedores infelizes e
continuar trabalhando com o Senhor, dentro da mesma confiança do primeiro dia.
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