quarta-feira, 29 de agosto de 2018

CURA E ESPIRITUALIDADE[1]



Marlene Nobre


O paradigma médico-espírita estabelece, do mesmo modo que o taoísta, que o indivíduo é responsável por sua saúde, enfatizando que "toda medicina honesta é serviço de amor, atividade de socorro justo; mas o trabalho de cura é peculiar a cada espírito” [2]. Daí a ênfase ao Autoencontro e ao encorajamento à saúde.
Os vícios da mente - ódio, cólera, inveja, intolerância etc. ‒ são derivados do orgulho e do egoísmo e geram atitudes destrutivas, que produzem e sustentam desequilíbrios mais ou menos graves nos envoltórios sutis, gerando, em consequência, enfermidades no corpo físico.
A mente perturbada não consegue o equilíbrio, sobretudo, de sua imunidade orgânica, o que é fundamental para o acesso à saúde. E a perturbação acentua-se com a falta de conformação perante as provas retificadoras.
Por isso mesmo, o paradigma médico-espírita afirma que, nem sempre, uma única existência corporal é suficiente para a restauração dos centros perispiríticos lesados, considerando cada encarnação como uma "estação de cura", uma possibilidade de purificação.
Nesse paradigma, o Médico por excelência é Jesus que "deixou no mundo o padrão da cura para o Reino de Deus. Ele proporcionava socorro ao corpo e ministrava fé à alma” [3]. Inúmeras vezes, o Senhor Jesus afirmou: "A tua fé te curou", indicando o caminho para a cura verdadeira, aquela em que a sanidade não somente atinge o corpo físico, mas também opera a retificação dos núcleos psíquicos, corrigindo distorções existentes nos corpos espirituais.
Olhando um pouco para o passado recente, percebe-se que a Medicina da Alma começou a esboçar-se nos anos 50, ganhou espaço nos 70 e firmou-se nos 90.
Em 1970, Herbert Benson iniciou seus estudos sobre mentalização ou técnica de meditação na Harvard Medical School, apoiado por seu diretor e criticado pela maioria dos colegas, mas não se abalou. Como resultado de suas pesquisas, publicou, nessa mesma década, o livro “A Resposta do Relaxamento”, explicando a técnica que utiliza no tratamento de doentes hipertensos e portadores de outras afecções, na qual emprega meditação e respiração combinadas.
Desde então, vem auxiliando colegas, inconformados com o modelo materialista reducionista, favorecendo-os com a formação na área de pós-graduação em Medicina e Espiritualidade. Em 1996, lançou seu livro mais recente, “Medicina Espiritual” (publicado em colaboração com Marg Stark), no qual afirma com convicção: "... em meus 30 anos de prática da medicina nenhuma força curativa é mais impressionante ou mais universalmente acessível do que o poder do indivíduo de cuidar de si e de se curar”. E acentua: "Os anelos da alma ‒ a fé, a esperança e o amor ‒ são eternos, inclinações naturais que o pensamento ocidental moderno reprimiu, mas jamais subjugou” [4].
Richard Friedman, PhD, companheiro de Benson no Mind/ Body Medical Institute da Escola de Medicina de Harvard e do Beth Israel Deconess Medical Center, foi também responsável pela abertura de caminhos para o estudo científico da relação entre crença e cura, valendo-se dos mais confiáveis métodos de avaliação de pesquisa. Falecido, repentinamente, em 17 de agosto de 1997, a ele foi dedicado o livro “Scientific Research on Spirituality and Health”, publicado pelo National Institute for Healthcare Research ‒ fruto de painéis realizados por cerca de 70 profissionais, Friedman entre eles, sendo a maioria médicos e psicólogos, preocupados com a pesquisa científica em Espiritualidade e Saúde. Lê-se, nesta obra, publicada em outubro de 1997, que "o uso contemporâneo do termo Espiritualidade separado da religião tem uma história surpreendentemente curta": surgiu na década de 90, como fruto de "conhecimento humano e eventos histórico-culturais". As religiões ‒ em sua maioria – obedecem a padrões rígidos, são "formalmente estruturadas", podendo, de certa forma, inibir o potencial humano; já o termo espiritual é reservado ao lado mais elevado e sublime da vida, cultivado pelas pessoas, independentemente de pertencerem ou não a uma dada religião[5]·.
Outra equipe importante é a do Dr. William R. Miller, professor de Psicologia e Psiquiatria da Universidade do Novo México, PhD em Clínica Psicológica pela Universidade de Oregon, e Diretor de Pesquisa do UNMs - Centro de Alcoolismo e Abuso de Substância Química.
Em seu livro, “Integrating Spirituality into Treatment”, Miller e seus colegas abordam temas importantes como Treinamento Profissional em Espiritualidade.




[1] A Alma da Matéria, Marlene Nobre - FE Editora Jornalística Ltda.
[2] Os Mensageiros, André Luiz, psicografado por Francisco C. Xavier, p. 74.
[3] Medicina Espiritual, Herbert Benson e Marg Stark, cap. l.
[4] Ver Scientific Research on Spirituality and Health, discussão quanto ao termo Espiritualidade.
[5] Ver Entre a Terra e o Céu, André Luiz, psicografado por Francisco C. Xavier, cap. 27.

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