Marlene Nobre
O paradigma médico-espírita
estabelece, do mesmo modo que o taoísta, que o indivíduo é responsável por sua
saúde, enfatizando que "toda medicina honesta é serviço de amor, atividade
de socorro justo; mas o trabalho de cura é peculiar a cada espírito” [2].
Daí a ênfase ao Autoencontro e ao encorajamento à saúde.
Os vícios da mente - ódio,
cólera, inveja, intolerância etc. ‒ são derivados do orgulho e do egoísmo e
geram atitudes destrutivas, que produzem e sustentam desequilíbrios mais ou
menos graves nos envoltórios sutis, gerando, em consequência, enfermidades no
corpo físico.
A mente perturbada não consegue
o equilíbrio, sobretudo, de sua imunidade orgânica, o que é fundamental para o
acesso à saúde. E a perturbação acentua-se com a falta de conformação perante
as provas retificadoras.
Por isso mesmo, o paradigma
médico-espírita afirma que, nem sempre, uma única existência corporal é
suficiente para a restauração dos centros perispiríticos lesados, considerando
cada encarnação como uma "estação de cura", uma possibilidade de
purificação.
Nesse paradigma, o Médico por
excelência é Jesus que "deixou no mundo o padrão da cura para o Reino de
Deus. Ele proporcionava socorro ao corpo e ministrava fé à alma” [3].
Inúmeras vezes, o Senhor Jesus afirmou: "A tua fé te curou",
indicando o caminho para a cura verdadeira, aquela em que a sanidade não
somente atinge o corpo físico, mas também opera a retificação dos núcleos
psíquicos, corrigindo distorções existentes nos corpos espirituais.
Olhando um pouco para o passado
recente, percebe-se que a Medicina da Alma começou a esboçar-se nos anos 50,
ganhou espaço nos 70 e firmou-se nos 90.
Em 1970, Herbert Benson iniciou
seus estudos sobre mentalização ou técnica de meditação na Harvard Medical
School, apoiado por seu diretor e criticado pela maioria dos colegas, mas não
se abalou. Como resultado de suas pesquisas, publicou, nessa mesma década, o
livro “A Resposta do Relaxamento”, explicando a técnica que utiliza no
tratamento de doentes hipertensos e portadores de outras afecções, na qual
emprega meditação e respiração combinadas.
Desde então, vem auxiliando
colegas, inconformados com o modelo materialista reducionista, favorecendo-os
com a formação na área de pós-graduação em Medicina e Espiritualidade. Em 1996,
lançou seu livro mais recente, “Medicina Espiritual” (publicado em colaboração
com Marg Stark), no qual afirma com convicção: "... em meus 30 anos de
prática da medicina nenhuma força curativa é mais impressionante ou mais
universalmente acessível do que o poder do indivíduo de cuidar de si e de se curar”.
E acentua: "Os anelos da alma ‒ a fé, a esperança e o amor ‒ são eternos,
inclinações naturais que o pensamento ocidental moderno reprimiu, mas jamais
subjugou” [4].
Richard Friedman, PhD,
companheiro de Benson no Mind/ Body Medical Institute da Escola de Medicina de
Harvard e do Beth Israel Deconess Medical Center, foi também responsável pela
abertura de caminhos para o estudo científico da relação entre crença e cura,
valendo-se dos mais confiáveis métodos de avaliação de pesquisa. Falecido,
repentinamente, em 17 de agosto de 1997, a ele foi dedicado o livro “Scientific
Research on Spirituality and Health”, publicado pelo National Institute for
Healthcare Research ‒ fruto de painéis realizados por cerca de 70
profissionais, Friedman entre eles, sendo a maioria médicos e psicólogos,
preocupados com a pesquisa científica em Espiritualidade e Saúde. Lê-se, nesta obra,
publicada em outubro de 1997, que "o uso contemporâneo do termo Espiritualidade
separado da religião tem uma história surpreendentemente curta": surgiu na
década de 90, como fruto de "conhecimento humano e eventos
histórico-culturais". As religiões ‒ em sua maioria – obedecem a padrões
rígidos, são "formalmente estruturadas", podendo, de certa forma,
inibir o potencial humano; já o termo espiritual é reservado ao lado mais
elevado e sublime da vida, cultivado pelas pessoas, independentemente de
pertencerem ou não a uma dada religião[5]·.
Outra equipe importante é a do Dr.
William R. Miller, professor de Psicologia e Psiquiatria da Universidade do
Novo México, PhD em Clínica Psicológica pela Universidade de Oregon, e Diretor de
Pesquisa do UNMs - Centro de Alcoolismo e Abuso de Substância Química.
Em seu livro, “Integrating
Spirituality into Treatment”, Miller e seus colegas abordam temas importantes como
Treinamento Profissional em Espiritualidade.
[1] A Alma da
Matéria, Marlene Nobre - FE Editora
Jornalística Ltda.
[2] Os Mensageiros,
André Luiz, psicografado por Francisco C. Xavier, p. 74.
[3] Medicina
Espiritual, Herbert Benson e Marg Stark, cap. l.
[4] Ver Scientific
Research on Spirituality and Health, discussão quanto ao termo
Espiritualidade.
[5] Ver Entre a Terra
e o Céu, André Luiz, psicografado por Francisco C. Xavier, cap. 27.
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