Raphael de Assis
O homem representa a figura mais
próxima de Deus. Ele é a mais perfeita criação que a raça humana conhece. Sua
história se perde na imensidão do tempo, tornando sua evolução um mistério.
Segundo Allan Kardec, todos os seres são criados simples e ignorantes e o
mérito de sua evolução é pessoal, de forma que cada espírito traça seu próprio
caminho. As diversas existências que o homem vive servem para testar e
exercitar o aprendizado que ele foi incumbido de adquirir, em favor do seu
aperfeiçoamento moral e intelectual – e, sobretudo, da sua felicidade
espiritual.
Em nome do progresso
A lapidação da pedra bruta, que
visa se transformar em um diamante cintilante, não é fácil; Exige muito
esforço, tempo e cuidado para adquirir o efeito desejado. É desta forma que
podemos comparar a evolução humana, uma pedra bruta em constante lapidação, da
qual quanto mais sujeira se tira, mais iluminada se torna. Como ensina Allan
Kardec, na classificação dos mundos, o planeta Terra está na categoria de
planeta de provas e expiações, ou seja, como a própria classificação mostra,
aqui é o terreno das provações. Esteja encarnado ou desencarnado, o homem é
constantemente testado, quando tem oportunidade de avaliar seu desempenho
perante as provas da vida. Pessoas mais sensíveis captam esta informação e a
guardam como uma preciosidade, pois sabem que todas as provas da existência
terrena estão condicionadas ao progresso. Aceitam com tranquilidade as
dificuldades que a vida trás, sem questionar ou colocar em dúvida os desígnios
de Deus. Outros, porém, veem o sofrimento como uma punição e fazem da vida um
templo de lamentações.
Todos os seres humanos que
habitam a Terra já passaram por mundos inferiores. Neste mundo a vida é muito
mais complicada se comparada às dificuldades encontradas por aqui. Segundo a
Doutrina Espírita, a raça humana estagia através de inúmeras reencarnações
adquirindo conhecimentos. Assim num futuro próximo, consegue migrar para mundos
ou planos espirituais onde não sejam mais necessárias as provas para o espírito,
pois ele já estará preparado para outras etapas da evolução.
Provas e Punição
Algumas pessoas confundem provas
com punição dada a “atitudes erradas” de outras existências. Pensando desta
forma, entende-se que Deus é um pai severo e punitivo, que castiga seus filhos
pelas travessuras aprontadas. A espiritualidade mostra que não é bem assim.
Deus não pune ninguém. Apenas mostra o caminho reto; quem se desvirtua deste
caminho certamente sofre as consequências de um trajeto mais difícil. Ainda
assim, estes tropeços nada têm a ver com as provas reais que a vida impõe. O
Espiritismo mostra que a criação de Deus passa por vários ciclos de
existências. Primeiro, os reinos naturais, onde a criatura conhece os
princípios básicos da criação. Quando chega à classe humana, o homem está
preparado para impetrar novos valores ao seu currículo. Nesta fase despertará a
razão e cada passo dado será importante para o seu aprimoramento.
Através de inúmeras existências,
o ser humano vive e revive situações nas quais pode expressar sensações e
emoções importantes para o seu aprimoramento, com chances de errar e aprender.
Além de fazer escolhas certas e erradas; nesta etapa costuma sofrer, talvez (ou
não), por ainda não entender com humildade a necessidade das dificuldades extremamente
importantes para sua evolução. Estas são as provas. É como um jogo: cada fase
fica mais difícil a partir do momento em que o jogador consegue passar para
níveis mais avançados. Porém, como um jogador persistente, o homem pode vencer
todas as fases. Como pode também estagnar e ficar anos, às vezes séculos ou
milênios, na mesma etapa, lamentando-se por achar a vida muito difícil.
Uma chance a mais...
Quando se fala de provas,
imagina-se uma relação de aprendizado e estudo, na qual a existência representa
a sala de aula. As vicissitudes da vida são os testes, pelos quais o ser humano
terá de passar. Deus, que tudo sabe e a todos vê, acompanha o desenrolar destes
testes e o nosso progresso através das provações. O espírito é livre para
escolher antes de reencarnar as provas que passará em vida física. Então não
adianta culpar Deus ou quem quer seja pela dificuldade que passamos; certamente
fomos avisados que não seria fácil. Como disse Kardec[2]:
“Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina”.
Somos responsáveis pela nossa
vitória ou nossa derrota, mas nunca devemos nos esquecer de que não nos
encontramos sozinhos. Deus estará sempre do nosso lado, nos dando força e nos
guiando pelo caminho certo a seguir. Basta aprender a perceber os recados que
ele envia, através de diversos mensageiros.
“Deus lhe supre a
inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir como fazeis com a
criancinha. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se
desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe
acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os conselhos dos
bons espíritos. A isso é que se pode chamar a queda do homem[3]".
Resgates de Débitos,
Expiações e Provas.
Provas
A provação é uma experiência que
o espírito passa, como um teste, para avaliar seu desempenho perante os
compromissos assumidos antes de reencarnar.
Resgate
Resgates são novas oportunidades
dadas aos encarnados, para que através de existência nova, junto daqueles a
quem contraiu débitos, possa quitá-los. Reaproximam pessoas, estreita laços
perdidos e faz florescer o amor, mesmo quando a relação é marcada pelo ódio e
rancor.
Expiação
Expiação diz respeito às
experiências que o encarnado precisa vivenciar para reparar algum erro ou
atitude equivocada. Por exemplo, se o cidadão comete um roubo em determinada
existência, é quase certo que, no futuro, também será roubado ou passará por privação
exatamente daquele bem que ele roubou.
Em resumo, a expiação é sempre
uma provação. Juntas, são colaboradoras fiéis em casos de resgates.
Se analisarmos com coerência o
significado da palavra expiação, veremos que ela traduz com bastante ênfase a
benção da quitação. Se uma pessoa faz algo sabendo que está errado e que,
portanto, não deve ser praticado, deve responder por sua irresponsabilidade.
Esse acerto de contas é
importante para o espírito que, enquanto não expia seu erro, mantém-se preso a
ele como uma espécie de lembrança ao erro cometido. Porém algumas pessoas se
comprometem tanto com uma vida baseada em preceitos cristãos, que tornam esta
quitação praticamente nula frente aos bons atos praticados, de forma que lhe é
livrado o acerto. Ou seja, o débito é perdoado! Os resgates também estão
relacionados a acertos de contas, porém, de forma mais sutil. É um acerto de
contas através do entendimento, do perdão e do amor. Assim são os casos
familiares e conjugais, cujas histórias das mais diversas formas são levadas ao
âmbito familiar para o estreitamento de laços de forma fraternal.
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