"A Família" - Pintura de Tarsila do Amaral
Muito comum na vida de todos nós
a existência de relações conflituosas envolvendo familiares, quando não, nós
mesmos os conflitantes.
Mesmo estando no limiar de uma
nova era, o Mundo de Regeneração, nós, os Espíritos que aqui se encontram,
ainda somos portadores das paixões que identificam os Espíritos dos Mundos de
expiação e provas, e são estas paixões as responsáveis pelas incompatibilidades
comportamentais na vida do Espírito imortal.
Chega um dia, porém, que
retornamos ao mundo espiritual e “Quando deixa a Terra, o Espírito leva consigo
as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza e se aperfeiçoa no Espaço,
ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz. Muitos, portanto, se
vão cheios de ódios violentos e de insaciados desejos de vingança”, explica o
Espírito Santo Agostinho em elucidativa mensagem inserida no capítulo catorze
de O Evangelho segundo o Espiritismo.
O Benfeitor também nos fala que
depois de um determinado tempo na erraticidade, que é variável para cada
individualidade, os mais adiantados moralmente acabam por se conscientizarem
sobre “as funestas consequências de suas paixões e são induzidos a tomar resoluções
boas. Por fim, após anos de meditações e preces, o Espírito se aproveita de um
corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos
incumbidos de transmitir as ordens superiores permissão para ir preencher na
Terra os destinos daquele corpo que acaba de formar-se”, esclarece o Benfeitor,
deixando claro que nós solicitamos a oportunidade da convivência junto aos
desafetos, justamente, para corrigirmos a situação conflitante criada outrora.
Porém, no dia a dia das
convivências, “imperfeita intuição do passado se revela, do qual podeis deduzir
que um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio
para perdoar ou para expiar”, e por isso aconselha o Benfeitor a pensarmos que
“um de nós dois é culpado”.
O Benfeitor acrescenta que “a
tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do mundo.
Podem desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe
facilita o desempenho, dando a conhecer a causa das imperfeições da alma humana”.
Lembra-nos também:
“Deus não dá prova
superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas.
Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade.
As provas rudes,
ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um
aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. É um
momento supremo, no qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando,
se não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos
queixardes, agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim
de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundo
terrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos, sereis aí aclamados como o
soldado que sai triunfante da refrega”.
Conclui-se destes
esclarecimentos que estamos sempre com as pessoas certas, e na família certa,
para fazermos o que é certo, segundo as nossas próprias resoluções anteriores à
nossa atual reencarnação. Não podemos reclamar do que nós mesmos pedimos, para
nosso próprio benefício, e que conta com a sempre presente misericórdia Divina
a nos incentivar e socorrer.
Pensemos nisso.
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