O orgulho nos faz esconder Deus,
pela fraqueza do entendimento, colocando-O como acaso, palavra que nada
expressa na linguagem dos homens. E quem O desmerece esconde os seus próprios
valores, porque dependemos da sua iluminada presença e da sua magnânima
existência espiritual. Se o acaso não existe, como compará-lo a um ser que
existiu sempre e que tem mais existência do que toda a criação junta? Absurdo
dos absurdos!
Nada se faz por acaso. Para tudo
existem leis que nos pedem obediência.
Para que a harmonia se faça, é
justo que observes o mundo em que vives. Não se pode viver sem que se tenha
leis para obedecer, e ao infrator vem logo a corrigenda.
As coisas espirituais obedecem
às mesmas regras e o Comando Divino é vigilante, operando em todos os sentidos
para que estas leis sejam cumpridas, no sentido de estabelecer a paz e o bem estar
em todas as direções da vida.
A alma já moralizada é obediente;
ela estuda e compreende o que deve ser feito e respeita todos os direitos
alheios; por isso é que vive em paz com a consciência. Enquanto não
trabalharmos os caminhos traçados e vividos por Jesus, permaneceremos em guerra
em nós mesmos e sofreremos as consequências da nossa ignorância.
A própria ciência dos homens
desmente o acaso, porque para tudo tem uma explicação lógica. A gestação de um
filho no ventre de sua mãe ou a formação de um fruto e de uma flor era debitada
na conta dos mistérios, atribuída ao acaso, por não se saberem os fundamentos
da própria vida estuante e vigorosa em toda a criação. Entretanto, agora, no
século vinte, na hora da luz, quando os Céus se aproximam dos homens, ou quando
os homens abrem os corações ante outras dimensões da vida, não se deve falar em
acaso, por esse assunto marcar ou reavivar os caminhos da ignorância
espiritual. O acaso, ainda que tivesse existido, teria morrido por falta de
alimento.
Se todo efeito tem uma causa, na
dedução comum entre os homens, eis que os efeitos invisíveis estão apoiados em
causas mais sutis do que pensas.
Em tudo, repitamos, existe um
Comando Inteligente que de nada esquece, uma Onisciência operando para a
harmonia de todas as coisas. Isso certamente nos dá muita alegria, e a
esperança cresce para a dimensão do amor.
O respeito a Deus deve ser o
primeiro ato de cada dia, como que uma oração de agradecimento por tudo que
recebemos do seu imensurável amor, e esse ato nos colocará mais próximo da sua
ação benfeitora. Cumpre-nos esclarecer que Deus está presente em nossa vida e
faz o nosso viver, deixando a nossa parte para que a façamos com as nossas
próprias forças. Mesmo assim, a sua misericórdia é tamanha que, se pedimos
ajuda, além da que Ele nos dá naturalmente, pela sua inestimável bondade e o
seu inesgotável amor a todos os seus filhos, Ele nos atenderá. Porém, não nos
façamos surdos às suas leis, para que não venhamos cair em novas e piores
tentações.
Esqueçamo-nos do nada e lembremo-nos
do Tudo. Esqueçamo-nos da inércia e lembremo-nos do trabalho. Trabalhando,
esqueçamo-nos do ódio e abracemo-nos, vivendo o amor, porque essa disposição à
verdade nos garantirá a paz espiritual e a alegria permanente no coração.
Vamos nos lembrar de Jesus com
todo o carinho, Ele que veio anunciar para todas as criaturas o Reino de Deus,
lembrando-nos que nenhuma das suas ovelhas se perderia, e que não existe órfão
na casa do Pai. Isso significa esperança para todos nós, encarnados e
desencarnados, pela presença da Fé.
É bom que deixemos bem claro que
todas as combinações da matéria são forças de Deus na luz do teu entendimento.
[1] Filosofia
Espírita – Volume 1 – Miramez (espírito) / João Nunes Maia
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