Marta Antunes de Moura -
FEBnet
A obsessão é comum na nossa
Humanidade, condição existente devido a imperfeição espiritual que caracteriza
a maioria dos habitantes do mundo em que vivemos. É conceituada pelo
Espiritismo como “[…] o domínio que alguns Espíritos exercem sobre certas pessoas.
É praticada unicamente pelos Espíritos inferiores que procuram dominar, pois os
Espíritos bons não impõem nenhum constrangimento. […] [2]”.
A propósito, Allan Kardec
afirma, em A Gênese:
Os Espíritos maus
pululam em torno da Terra, em consequência da inferioridade moral de seus
habitantes. A ação maléfica desses Espíritos faz parte dos flagelos que a
Humanidade se debate neste mundo. A obsessão, que é um efeito dessa ação, como
as doenças e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação
ou expiação e aceita como tal[3].
Ainda que no momento estejamos
passando por um período de transição planetária, no qual já se percebe fortes
sinais indicativos de mudanças evolutivas na humanidade terráquea, cujo planeta
caminha para o estado de regeneração, a Terra ainda é categorizada como mundo
de expiação e provas, visto que o mal predomina.
Neste sentido, a obsessão está
caracterizada como epidemia antiga, ocorrendo desde os tempos imemoriais, que
alcança milhares e milhares de pessoas em todas as partes da Terra. É uma
enfermidade que, para ser erradicada, necessita da melhoria humana,
especialmente a de cunho moral. O ser humano moralizado ou que se empenha em se
transformar em pessoa de bem, neutraliza naturalmente as investidas dos Espíritos
maus.
Simples influências espirituais
podem conduzir a processos obsessivos graves, transformando-se em enfermidades
de longo curso, e, conforme a intensidade em que se manifestam, podem ser de
difícil resolução dentro do espaço-tempo de uma reencarnação. Conforme o caso,
pode extrapolar mais de uma reencarnação.
No painel das obsessões, à medida que se agrava o quadro da
interferência, a vontade do hospedeiro perde os contatos de comando pessoal, na
razão direta em que o invasor assume a governança. A […] subjugação pode ser
física, psíquica e simultaneamente fisiopsíquica.
A primeira, não implica na perda
da lucidez intelectual, porquanto a ação dá-se diretamente sobre os centros
motores, obrigando o indivíduo, não obstante se negue à obediência, a ceder à
violência que o oprime. […] No segundo caso, o paciente vai [sendo] dominado
mentalmente, tombando em estado de passividade, não raro sob tortura emocional,
chegando a perder por completo a lucidez […]. Por fim, assenhoreia-se,
simultaneamente, dos centros do comando motor e domina fisicamente a vítima,
que lhe fica inerte, subjugada, cometendo atrocidades sem nome[4].
Por outro lado, é importante
considerar que, além das obsessões provocadas por obsessores, propriamente
ditos, existem as manifestações da auto obsessão. Silas, o orientador
espiritual, em colóquio com o Espírito André Luiz pontua: “Todos os crimes e
todas as falhas da criatura humana se revelariam algum dia, em algum lugar[5]”.
Acrescentando, à guisa de explicação: “[…] A criação de Deus é gloriosa luz.
Qualquer sombra de nossa consciência jaz impressa em nossa vida até que a
mácula seja lavada por nós mesmos, com o suor do trabalho ou com o pranto da
expiação[6]”.
Os relatos de obsessões severas
(vulgarmente denominadas de ”loucuras”), representam casos do domínio intenso e
permanente de um ou mais Espíritos, os quais se empenham em conduzir o
indivíduo a um estado de ruptura mental. Os remorsos provocados por atos
cometidos no passado, em outras reencarnações, podem até estar amortizados pelo
esquecimento, mas jamais serão deletados da memória integral do Espírito.
Nestas condições, é suficiente, às vezes, que um acontecimento comum ‒ perda afetiva ou
material, por exemplo ‒ libere
lembranças
dolorosas que podem conduzir a pessoa a um estado de desestruturação mental,
considerado repentino por que, entre outros fatores, não está subordinado a
doenças pré-existentes, enfermidades infecciosas ou traumatismos
crânio-encefálicos.
Cientes desses fatos, Bezerra de
Menezes aconselha sermos mais cuidadosos na forma de como conduzimos a nossa
existência, procurando agir sempre no bem, por maiores sejam os desafios.
O fato, pois, da influência dos
Espíritos sobre os viventes, é o mesmo da que estes exercem, uns sobre os
outros.
Tal influência apresenta
diversos graus: vai de simples insinuação à dominação completa da vontade.
O uso que fazemos do nosso livre
arbítrio, na repulsão daquela causa perturbadora, pode ser eficaz ou inútil,
conforme a natureza dos nossos sentimentos. Se forem bons, a nossa resistência
rechaçará todos os ataques do inimigo. Se forem maus, serão ventos a auxiliarem
as correntes do inimigo.
Cada um de nós forma sua
atmosfera moral, dentro da qual somente podem penetrar Espíritos da nossa
natureza, que são os únicos que a podem respirar, se nos permitem a expressão.
Assim, os que modelam suas
ações, seus pensamentos e seus sentimentos, pelas normas do dever e do bem, não
podem chegar senão a Espíritos adiantados, jamais maléficos[7].
[2] KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad. Evandro
Noleto Bezerra. 2 ed. 1 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. XXIII, item 237, p. 259.
[3] A Gênese.
Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. 1 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap.XIV, item
45, p. 258.
[4] FRANCO, Divaldo P. Nas fronteiras da loucura. Pelo
Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Salvador [BA]: Alvorada, 1982. Item:
Análise das obsessões, p. 15-16.
[5] XAVIER, Francisco Cândido. Ação e Reação. Pelo Espírito
André Luiz. 30 ed. 2 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 4, p. 52.
[6] ______. p. 52-53.
[7] MENEZES, Bezerra. A loucura sob novo prisma. 14 ed.
Revisada. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. III, p. 154.
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