Ricardo Di Bernardi[2]
Dois Espíritos que na romagem
terrena se unem visando conviver sexualmente, o fazem, normalmente, buscando
uma complementação física, emocional e sentimental... No entanto, a história de
cada casal é muito mais antiga.
O planeta que habitamos é
definido ou classificado pelos Espíritos superiores como um mundo de provas e
expiações. O percentual maior de seres humanos que aqui na Terra renascem está
sob o regime de testes para verificação de aprendizado, isto é, provas. Muitos
outros ainda renascem para reequilíbrio de desarmonias em sua estrutura
psíquica, necessitando eliminá-las ou expiá-las, são as reencarnações
expiatórias.
Importante lembrar que nossas
vidas apresentam mais de um conteúdo com relação à programação reencarnatória.
Todos nós nos deparamos com aspectos provacionais, expiatórios, e, por que não,
até missionários com relação à família e ao trabalho. Da mesma forma, os
casamentos também apresentam diversos conteúdos, porém de forma didática os
classificaremos conforme a característica mais significativa do programa
reencarnatório.
Seguindo a concepção clássica,
sobejamente conhecida dos estudiosos da vida espiritual, as uniões estáveis ou
casamentos podem ser classificados em: provacionais, sacrificiais, acidentais,
afins e transcendentais.
Os casamentos provacionais ainda
constituem a maioria dos reencontros programados para os que renascem em nosso
planeta. São duas criaturas que trazem em seu inconsciente um registro comum ou
histórico de vivências anteriores.
A questão do amor sexual já
esteve presente entre ambos. Como somos, todos nós, seres em aprendizado na
escola da vida, já erramos muito e fizemos sofrer aos companheiros de jornada,
gerando em nós mesmos núcleos energéticos em desarmonia e esses se registraram
em nosso “computador de dados”, chamado de perispírito, psicossoma ou corpo
astral.
Os dados computados e
registrados em nosso corpo astral ocasionam um campo de energia que terá uma
luminosidade específica, brilho, frequência de onda, coloração e outras
peculiaridades, que determinam uma irradiação peculiar e toda nossa. O antigo
parceiro, com quem convivemos uma ou mais vidas, traz em sua estrutura íntima
os mesmos registros, alusivos à vida pretérita em comum conosco.
Uma questão, frequentemente
mencionada em seminários que efetuamos sobre Amor, Sexo e Vidas Passadas: Como
é possível que duas pessoas se sintam atraídas profundamente a ponto de se
unirem de forma estável, já que não seriam almas afins, qual a “química” que as
atraiu? Já que se trataria de um casamento provacional?
Trata-se da autoprogramação
inconsciente que nossas estruturas extrafísicas determinaram. Quando aqueles
que conviveram de forma tumultuada no passado se reencontram, se veem, na vida
atual, estabelece-se um fluxo de energia entre ambos, motivado pela
similaridade de seus registros energéticos. Uma sintonia automática ocorre,
motivando um envolvimento ou encantamento no qual ambos imaginam estar diante
do Ser mais especial que poderiam encontrar.
De fato é o Ser que precisam
reencontrar, e o automatismo perfeito das leis da natureza assim o programou.
Sem dúvida que a espiritualidade superior acompanha cada caso, no entanto, é
importante que saibamos ser a “Natureza” o livro divino onde Deus escreve a
história de sua sabedoria...
Qual seria a finalidade de um
casamento provacional? Sofrer? Estariam ambos destinados a um convívio
desagradável? O “pagamento” das dívidas de um ou de ambos dar-se-ia pelo
sofrimento?
Não, de forma alguma. A ideia de
que sofrer “paga” dívidas é resquício da idade medieval e dos conceitos de
penitência. As provas, sejam em casamentos ou não, existem para serem vencidas,
superadas, abrindo-se caminhos para horizontes de felicidade.
Casamentos provacionais, com o
esforço dos parceiros, poderão se tornar casamentos afins, se não nesta vida,
em uma próxima encarnação, se o convívio atual criar estímulos novos e
produtivos. Não se reencarna com finalidade de sofrer, mas para crescer, mudar,
evoluir e amar. Por outro lado, não se está fazendo apologia da aceitação de
convívios agressivos ou francamente nocivos e improdutivos nos quais a
separação seria o caminho inexorável.
Temos notícia de que, em
determinados casos, a superação dos problemas determinará no final da vida
presente um convívio fraterno e respeitoso. A superação das dificuldades mútuas
ocasionará a liberação de ambos que, ao se sentirem livres na espiritualidade,
poderão renascer em outro contexto, isto é, junto de suas almas afins.
Fonte: Espiritismo na Rede
[2] Dr. Ricardo Gandra Di Bernardi é médico homeopata geral
e pediatra. Natural de Florianópolis, SC. Ingressou jovem no movimento espírita
tendo sido presidente da Juventude espírita de Florianópolis, e também do MEUC
(Movimento Espírita Universitário). Exerceu posteriormente diversas funções em
âmbito federativo estadual, fundou o ICEF (Instituto de Cultura Espírita de
Florianópolis) e a AME SC (associação Médico-Espírita de Santa Catarina).
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