Jorge Hessen
A juventude é uma grande fase de
descobertas, de experiência de novas emoções e sensações. É compreensível,
neste período de transição entre os estágios infantil e adulto, que o vendaval
dos mais diversos anseios e pensamentos se torne presente na mente do jovem,
erguendo opiniões, preconceitos, tabus e outros temas que eram tidos como
certos e inalteráveis. A estrada sedimentada com a presença dos pais até então
vai se dissipando sob seus passos, estabelecendo que ele, depressa, construa os
alicerces do seu próprio caminho.
Nesse contexto de deliberação e
meditação, o jovem ingênuo ou o adolescente imaturo, que jamais teve um
calçamento firme e estruturado por onde pudesse caminhar se desorienta e busca,
em atitudes extremas, debelar sua perturbação e tédio com o mundo. Diante do
desafio de viver com as diferenças, pode brotar então a conduta suicida, que se
consubstancia através de acenos psicológicos aos ensaios para a morte.
A depressão é, seguramente, o
diagnóstico psiquiátrico mais notado em jovens que tentam o autoextermínio.
Desfalecimento, consumo de drogas, desarmonia no lar, desordens de conduta,
fatos estressantes, violências físicas, sexuais ou psicológicas e causas
fisiológicas podem ser avaliados como os fundamentais agentes geradores desse distúrbio.
Mesmo com o avanço significativo da ciência médica, algumas manifestações
permanecem obscuras no campo da psicologia. A mente humana guarda mistérios
ainda não desvendados.
Quase sempre o jovem que pensa
em suicídio dá sinal dessa ideia através de um comportamento diferente no seu
modo de viver, passando a buscar refúgio na solidão, isolando-se de tudo e de
todos. A maioria das tentativas e das realizações de suicídio entre jovens
acontece sobretudo em lares desarmonizados, com famílias desestruturadas, ou
procedentes de grupos familiares que apresentam herança de enfermidades
somáticas e/ou mentais. Os atos dos jovens buscando a auto eliminação podem ser
formas desesperadas de pedir carinho, de chamar a atenção para si. Desse modo,
a função da família deve funcionar como decidido antídoto contra o suicídio.
O autocídio é transgressão às
leis de Deus, considerado dos mais graves que o ser humano pratica ante o seu
Criador. Muitas são as consequências para os que atentam contra a própria vida;
são, porém, variáveis para cada espírito, pois há de se levar em conta os
pretextos da opção pelo autoextermínio e as formas empregadas para praticá-lo.
Os espíritos de suicidas são
enfáticos e unânimes em declarar a intensidade dos sofrimentos que experimentam,
a agonia da situação em que se abalam, decorrentes do seu impensado gesto. Como
atitude de suprema rebeldia ante o Criador, ainda que com atenuantes ou
agravantes, nenhum suicida se liberará do resultado sinistro da ação que
praticou em face da desobediência às leis da Criação, e fatalmente uma nova
reencarnação o esperará, seguramente em condições mais problemáticas do que
aquela em que destruiu a si mesmo.
O suicídio é circundado de
complexos e sutilezas imprevisíveis, cercado por circunstâncias e consequências
gravíssimas, embora possam variar de grau e intensidade diante das ocorrências.
As leis de Deus são incorruptíveis e ajuizadas, solicitando de cada um de nós o
máximo bom senso para analisá-las e aprendê-las sem decompô-las através de
nossos desejos e paixões.
Sob o ponto de vista espírita,
recordamos que a obsessão espiritual igualmente se constitui numa das causas de
jovens matarem-se. Quase sempre a perseguição espiritual exprime a desforra que
um espírito exerce e que, com obstinação, se enraíza nas relações que o
obsidiado manteve com o obsessor em vidas pregressas. Portanto, a ideia
recorrente de autocídio, que vez por outra surge na mente de muitos jovens,
pode ser reflexo de experiências de encarnações antecedentes.
No debate, garantimos que o
Espiritismo é um dos maiores preservativos contra o suicídio. Quando o jovem
consegue assimilar as lições dos Bons Espíritos, o suicídio deixa de fazer
sentido para ele, mormente quando o adolescente reflete de forma madura a
máxima “Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a lei”.
Sim! O moço perceberá que está diante de um Código Divino que encerra a
transcendência da vida, sendo, portanto, o maior defensivo contra o suicídio.
Fonte: A Luz na Mente
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