Geraldo Campetti Sobrinho
É natural que queiramos saber a
visão espírita sobre o carnaval. O que o Espiritismo diz sobre o assunto?
Opiniões materialistas de apoio
e espiritualistas de condenação reforçam a consagrada dicotomia entre o mal e o
bem, a sombra e a luz, o errado e o certo, o material e o espiritual. A visão
maniqueísta do a favor ou do contra, do conflito entre dois lados opostos, é
tendência comum para registrar o posicionamento de adeptos e críticos ante a
curiosa temática.
Por mais que argumentemos, eis
uma questão que continuará suscitando acerbas discussões durante muito tempo,
até que ela deixe de ter importância. Ainda não é a nossa situação. Falar sobre
o carnaval é necessário, pois vivemos a festividade anualmente, com data
marcada: a mais comemorada e outras tantas, que se prolongam no decorrer do ano
em várias regiões do país e do planeta.
Para que possamos entender
melhor o tema, é necessário que percebamos o seu real significado. A par de
todas as movimentações de planejamentos e preparativos, ações e zelo – que
denotam certa arte e cultura na apresentação de desfiles com seus carros
alegóricos e foliões -, somadas as festividades de matizes diversificados, em
que grupos se reúnem para comemorações sem medida, não podemos deixar de
reconhecer que o carnaval é uma festa espiritual.
O culto à carne evoca tudo o que
desperta materialidade, sensualidade, paixão e gozo. O forte apelo do período
que antecede, acompanha e sucede o evento ao deus Mamon guarda íntima relação
com o conúbio de energias entre os dois planos da vida, o físico e o
extrafísico, alimentado pelos participantes, “vivos de cá e de lá”, que se deleitam
em intercâmbio de fluidos materialmente imperceptíveis à maioria dos
carnavalescos encarnados.
Vivemos em constante relação de
intercâmbio, conectando-nos com os que nos são afins pelos pensamentos, gostos,
interesses e ações. Sem que nos apercebamos, somos acompanhados por uma “nuvem
de testemunhas”, que retrata nossa situação íntima.
Não cabe a análise sob a ótica
de proibições ou cerceamento de vontades. Todos somos livres para fazer as
escolhas que julgarmos convenientes. Porém, não podemos nos esquecer de que
igualmente somos responsáveis, individual ou coletivamente, pelas opções
definidas em nossa vida.
O Espiritismo não condena o
carnaval, mas, também, não estimula suas festividades. Nesse período são
cometidos excessos de todos os graus, com abusos e desregramentos no âmbito do
sexo, das drogas, da violência; exageros que extravasam desequilíbrio e
possibilitam a atuação de espíritos inferiores que se locupletam com a
alimentação de fluidos densos formadores de uma ambiência espiritual de baixo
teor vibratório.
Carnaval é, de fato, uma festa espiritual.
Porém, eu não quero participar dessa festa. E você?
O espírita verdadeiro pode e
deve aproveitar o feriado prolongado para estudar, trabalhar, ajudar aos outros
e conectar-se com o Plano Maior da Vida em elevada festividade espiritual que
nos faz bem, proporcionando real alegria e plenitude ao Espírito imortal.
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