Richard Simonetti
Observando pessoas no Centro
Espírita, a procura de lenitivo para seus males, Chico comentava: Muitos desses nossos irmãos não precisam de
tanto passe. Precisam mesmo de uma pá.
Traduzindo: precisam de serviço,
algo para ocupar o tempo de forma produtiva. Há algumas observações
interessantes sobre o assunto:
A ociosidade é como a ferrugem, gasta mais do que o
trabalho. A chave em uso está sempre limpa. Benjamin
Franklin
Um ocioso é um relógio sem os dois ponteiros, inútil
quando anda e quando parado. Cowper
O homem ocioso é como água estagnada – corrompe-se. Latena
A ociosidade é o anzol do demônio. Tomás de Aquino
Um homem perfeitamente ocioso é um pecado ambulante. Colecchi
Há um consenso, como vemos, em
torno da necessidade de nos mantermos ativos, superando a tendência à
indolência que caracteriza a humanidade.
Essa maneira de ser é tão
arraigada no espírito humano que os teólogos medievais consideravam o Céu um
local de beatitude, onde as almas se desvaneceriam na contemplação do Criador,
em absoluto repouso. Daí falar-se diante da morte de pessoas que enfrentaram
atribulações ou tiveram doença de longo curso: Finalmente
descansou!
Ah! Esse terrível Céu de
beatitude vazia, de descanso sem remissão, de ociosidade perene, de monótonos
arpejos!…
Está muito mais para inferno!
Bem, amigo leitor, se você está
consciente de que deve manter-se ativo, evitando a ociosidade, deve conhecer o
que nos diz Sócrates: Não é ocioso apenas
o que nada faz, mas é ocioso quem poderia empregar melhor o seu tempo.
Multidões elegem o fim de semana
para viajar, ir à praia, ao cinema, ao shopping; ao futebol…
Nada disso é mau em princípio –
um espairecimento, diria o leitor, indispensável ao nosso bem-estar.
Concordo com você, porém, se
reconhecermos que não estamos em estação de férias na Terra, e sim para
evoluir, tudo o que não represente empenho de aprendizado e exercício do Bem,
com exceção das atividades relacionadas com a subsistência, será, em última
instância, mera perda de tempo.
E, não raro, ensejo à
perturbação. Comprometimentos morais, desvios de comportamento, vícios,
adultério chegam sempre pela porta da ociosidade.
Quando Chico lembra a pá, não se
refere apenas ao trabalho pela subsistência, envolvendo profissão, cuidados do
lar…
Há que se considerar esforço do
Bem, substituindo lazeres no mínimo improdutivos por iniciativas que nos
enriqueçam espiritualmente, valorizando o tempo que Deus nos concede para as
experiências humanas.
Há lazeres maravilhosos: visitar
enfermos no hospital, preparar refeições para famílias carentes, distribuir
cestas básicas, ler livros de caráter edificante, participar de seminários e
conferências, adquirir conhecimentos…
São lazeres que nos colocam em
sintonia com as Fontes da Vida. Sustentam o bom ânimo, alegram o coração e
enriquecem a alma.
Por isso, se nas nossas
saudações aos amigos e familiares desejamos–lhes paz, seria interessante, em
favor deles, eliminar a letra z.
Assim, amigo leitor, concluo, dizendo-lhe, à
maneira de Chico: Muita pá para você!
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