Catherine Mackie e Simone Stewart - Da BBC News - 11 novembro 2017
A BBC News entrevistou
enfermeiras especializadas em cuidados paliativos e de pacientes com câncer do
hospital da Universidade Royal Stoke, no Reino Unido, para saber o que ocupa a
mente de pessoas em estado terminal e quais são seus desejos derradeiros.
Alguns pedem seu drink favorito, diz a enfermeira Dani Jervis.
Às vezes, elas só querem uma xícara de chá, afirma Carina Lowe, que
trabalha no mesmo hospital.
Outra enfermeira se recorda de
uma paciente idosa que estava internada em uma ala de cirurgia bastante
movimentada.
O marido dela também ficou doente, e eles só queriam que suas camas
ficassem juntas, diz Angela Beeson.
Deitados um ao lado do outro, de mãos dadas, vi eles cantando juntos.
Os dois morreram naquela ala, com dez dias de diferença um do outro.
Sem medo
Naturalmente, é esperado que o
período logo antes da própria morte, quando uma pessoa está ciente de que não
lhe resta muito tempo, seja de muita tristeza na maioria das vezes.
No entanto, esse estágio final
não é inteiramente marcado por sentimentos ruins, conta a enfermeira Louise
Massey.
Ver a alegria no rosto de uma pessoa quando ela está morrendo e seu
cachorro vem visitar é algo que não tem preço, diz ela.
Esse tipo de situação não é
incomum, como se recorda a enfermeira Nicki Morgan: Já tivemos uma vez um border collie e um pastor alemão deitados na cama
com um senhor; esse era seu desejo final.
A enfermeira Massey leva na
memória o caso de um paciente que, há muitos anos, estava morrendo e apenas
parcialmente consciente.
Ele disse que estava feliz de morrer, porque havia tido um vislumbre do
céu, que era um lugar maravilhoso e que não tinha mais medo de partir.
Premonições
Uma das enfermeiras ouvidas pela
BBC conta que, com frequência, ocorrem coincidências que alguns interpretam
como premonições.
Pessoas já disseram: Completo 80 anos em algumas semanas. Vou ter
minha festa de aniversário e depois eu vou partir. E, estranhamente, vimos isso acontecer, recorda-se Morgan.
Mas e quanto a arrependimentos?
Há muitos? Ou os pacientes deixam isso para trás?
Lembro-me de uma pessoa me dizendo que a vida é muito curta e que
devemos fazer o que nos deixa felizes, afirma Jervis.
A enfermeira Morgan diz que é
muito comum as pessoas nesta situação pensarem em suas aposentadorias.
Com frequência, as pessoas trabalharam muito, determinaram uma data
para se aposentar e pensam que ficaram doentes justo neste momento e não
tiveram tempo suficiente para aproveitar e fazer as coisas que gostam.
Lowe se lembra de sobre um
episódio que ocorreu há pouco tempo com ela: Uma coisa que foi dita para mim bem recentemente é que o processo de
morrer não é como na TV ou no cinema.
'Boa morte'
Por sua vez, Jervis diz
acreditar ser possível ter uma experiência que pode ser descrita como "uma
boa morte". A comunicação é
essencial, afirma.
Massey concorda: Isso pode significar não sentir dor, ter a
família ao lado, pode ser o local onde querem morrer.
As enfermeiras têm alguns
conselhos que acreditam que podem ajudar neste que é o único momento
inescapável da vida: a morte.
Se há algo que você quer fazer, corra atrás disso, diz Jervis.
Falamos de todos os outros assuntos hoje em dia, mas viver também
significa falar sobre a morte. Quais são seus objetivos na vida? O que é
importante para você?, afirma Massey.
A enfermeira Beeson fala que seu
trabalho acabou por completo com seu medo da morte e mudou sua postura diante
do assunto. Falo disso abertamente com a
minha família, diz.
Precisamos planejar com antecedência os cuidados que receberemos.
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