sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Criança e materialismo[1]


 

Cairbar Schutel


A criança é egocêntrica, e, portanto, via de regra, egoísta e de tendência materialista[2].
Seu mundo ainda é limitado e seus sentimentos desabrocham cautelosa e continuamente. O desenvolvimento gradual do corpo físico tolhe a plenitude de sua inteligência e destreza mental.
Trata-se de um Espírito que, reencarnado, dá os primeiros passos na sua presente jornada no plano físico. É natural que traga reminiscências das vidas pretéritas e defeitos, cuja raiz é o egoísmo, arraigados no seu inconsciente.
Cabe ao adulto a tarefa de educar e reeducar o infante.
Bons ou maus exemplos; redundam em sua boa ou má educação. O materialismo do adulto, portanto, somente incrementa o infantil.
Existem, apesar de raras, crianças generosas e pouco egoístas, que partilham seu pequenino universo de brinquedos e mínimos pertences com quem está ao seu redor. Normalmente, são Espíritos mais evoluídos que têm a programação de desenvolver uma especial missão na Crosta.
Alguém pode questionar: por que, afinal, a criança é tão materialista?
A resposta não é difícil de ser dada. Suas necessidades pessoais desdobram-se, nesse início de vida, em dois aspectos fundamentais: o sentimental e o material.
O primeiro deles é preenchido pelo amor e pela atenção que recebe preferencialmente dos genitores ou, em segundo plano, dos responsáveis pela sua criação.
O segundo diz respeito à sobrevivência do próprio infante, incapaz, ainda, de suprir suas necessidades. Encontra-se, pois, quase totalmente dependente dos adultos. Seu mundo é parcela menor, mas operante, do universo adulto. Não conseguindo agir por si, espelha-se nos pais e nos outros, ao seu redor. Encontra enorme apego aos bens materiais por parte da maioria dos encarnados. Torna-se, também por isso, em face da sua imaturidade, materialista por excelência, cópia quase fiel dos que lhe servem de exemplo.
O descortinar do mundo, impulsionado pelo aumento da capacidade de raciocínio e incremento do livre-arbítrio, vai permitindo à criança formar seu caráter e moldar sua personalidade. De naturalmente materialista e egoísta, porque precisa sobreviver e sente a necessidade de ter tudo só para si, a fim de garantir tal propósito inconsciente, passa para o estágio do discernimento e aprende a diferençar o positivo do negativo, o bom do mau e, especialmente, o valor material do espiritual. Nessa transição está a grande importância da educação que recebe. Caso consiga ser bem orientada, nessa fase, a criança atenua o seu egoísmo logo cedo e conseguirá, quando adulta, ter amplas e reais chances de empreender a reforma íntima, abandonando grande parcela do seu materialismo. Não recebendo orientação adequada, dependendo, pois, basicamente de sua bagagem espiritual, ou auferindo ainda maus exemplos, fornecidos pelos pais ou responsáveis no campo do materialismo, desenvolverá, de regra, o seu lado egoísta e alimentará, no seu âmago, a errada concepção de que a riqueza material é o maior objetivo do ser humano e deve ser conquistada a qualquer preço. Neste caso, as mesmas ações agressivas que tinha no passado o infante, para manter consigo o seu brinquedo predileto, poderá desenvolver-se quando adulto, levando-o a assenhorear-se de bens materiais, tornando-os sua meta principal de vida.
Se no começo de sua atual existência na crosta terrestre a criança é materialista por necessidade e ignorância, ao longo do crescimento o encarnado pode consolidar o materialismo por influência do meio, falta de orientação e ausência de bagagem espiritual do pretérito suficiente para garantir-lhe o esclarecimento de per si.




[1] Fundamentos da Reforma Íntima – Cairbar Schutel / Abel Glaser
[2] Ser materialista é o homem privilegiar o mundo físico como se fosse sua última morada. Daí advém as duas formas básicas de materialismo: não crer em Deus e na imortalidade da alma e viver primordialmente pelos — ou em função de — bens materiais.

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