Cairbar Schutel
Seu mundo ainda é limitado e
seus sentimentos desabrocham cautelosa e continuamente. O desenvolvimento
gradual do corpo físico tolhe a plenitude de sua inteligência e destreza
mental.
Trata-se de um Espírito que,
reencarnado, dá os primeiros passos na sua presente jornada no plano físico. É
natural que traga reminiscências das vidas pretéritas e defeitos, cuja raiz é o
egoísmo, arraigados no seu inconsciente.
Cabe ao adulto a tarefa de
educar e reeducar o infante.
Bons ou maus exemplos; redundam
em sua boa ou má educação. O materialismo do adulto, portanto, somente
incrementa o infantil.
Existem, apesar de raras,
crianças generosas e pouco egoístas, que partilham seu pequenino universo de
brinquedos e mínimos pertences com quem está ao seu redor. Normalmente, são
Espíritos mais evoluídos que têm a programação de desenvolver uma especial
missão na Crosta.
Alguém pode questionar: por que,
afinal, a criança é tão materialista?
A resposta não é difícil de ser
dada. Suas necessidades pessoais desdobram-se, nesse início de vida, em dois
aspectos fundamentais: o sentimental e o material.
O primeiro deles é preenchido
pelo amor e pela atenção que recebe preferencialmente dos genitores ou, em
segundo plano, dos responsáveis pela sua criação.
O segundo diz respeito à
sobrevivência do próprio infante, incapaz, ainda, de suprir suas necessidades.
Encontra-se, pois, quase totalmente dependente dos adultos. Seu mundo é parcela
menor, mas operante, do universo adulto. Não conseguindo agir por si,
espelha-se nos pais e nos outros, ao seu redor. Encontra enorme apego aos bens
materiais por parte da maioria dos encarnados. Torna-se, também por isso, em
face da sua imaturidade, materialista por excelência, cópia quase fiel dos que
lhe servem de exemplo.
O descortinar do mundo,
impulsionado pelo aumento da capacidade de raciocínio e incremento do
livre-arbítrio, vai permitindo à criança formar seu caráter e moldar sua
personalidade. De naturalmente materialista e egoísta, porque precisa sobreviver
e sente a necessidade de ter tudo só para si, a fim de garantir tal propósito
inconsciente, passa para o estágio do discernimento e aprende a diferençar o
positivo do negativo, o bom do mau e, especialmente, o valor material do
espiritual. Nessa transição está a grande importância da educação que recebe.
Caso consiga ser bem orientada, nessa fase, a criança atenua o seu egoísmo logo
cedo e conseguirá, quando adulta, ter amplas e reais chances de empreender a
reforma íntima, abandonando grande parcela do seu materialismo. Não recebendo
orientação adequada, dependendo, pois, basicamente de sua bagagem espiritual,
ou auferindo ainda maus exemplos, fornecidos pelos pais ou responsáveis no
campo do materialismo, desenvolverá, de regra, o seu lado egoísta e alimentará,
no seu âmago, a errada concepção de que a riqueza material é o maior objetivo
do ser humano e deve ser conquistada a qualquer preço. Neste caso, as mesmas
ações agressivas que tinha no passado o infante, para manter consigo o seu
brinquedo predileto, poderá desenvolver-se quando adulto, levando-o a
assenhorear-se de bens materiais, tornando-os sua meta principal de vida.
Se no começo de sua atual
existência na crosta terrestre a criança é materialista por necessidade e
ignorância, ao longo do crescimento o encarnado pode consolidar o materialismo
por influência do meio, falta de orientação e ausência de bagagem espiritual do
pretérito suficiente para garantir-lhe o esclarecimento de per si.
[1] Fundamentos da
Reforma Íntima – Cairbar Schutel /
Abel Glaser
[2] Ser materialista é o homem privilegiar o mundo físico
como se fosse sua última morada. Daí advém as duas formas básicas de
materialismo: não crer em Deus e na imortalidade da alma e viver
primordialmente pelos — ou em função de — bens materiais.
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