Quanto mais amor se dá, mais
amor se possui para doar.
O amor é o sentimento
fundamental para o estabelecimento da felicidade humana, sem o qual a vida
perde o total sentido e significado de que se reveste.
Um indivíduo rico de amor
transforma-se em precioso celeiro, onde todos se podem repletar de alimento
vivo.
Iniciando o seu périplo no imo
de alguém que se engrandece com a sua presença, expande-se amplamente,
alcançando a tudo e a todos que se lhe encontrem no raio de abrangência e
conquista.
Desejando-se um mundo sem
angústias nem problemas sociais, livre das misérias econômicas e guerreiras,
apele-se para o amor, que possui os recursos hábeis para a conciliação, o
perdão, a transformação moral dos indivíduos, fomentando o progresso e
dirigindo-o no rumo da harmonia geral.
Por isso, o amor é vida que gera
e impulsiona outras vidas, a fim de que alcancem as metas que lhes estão
destinadas e podem ser conseguidas se houver empenho e dedicação sob a sua invulgar
inspiração.
Quanto mais amor se dá, mais
amor se possui para doar, porque é de natureza inesgotável.
Pensa-se que o amor restringe-se
ao reduzido grupo da família, dos amigos selecionados, dos participantes das
atividades afins. Certamente, esse movimento tem a presença do amor que se está
instalando no âmago do ser, mas que deverá percorrer um largo caminho de
experiências e amadurecimento.
Outras vezes, acredita-se que o
amor se manifesta através dos gestos grandiloquentes, das ações exponenciais,
das renúncias gloriosas, dos sacrifícios e martírios que comovem o mundo e o
deslumbram, demonstrando a grandeza da alma humana...
Realmente, esses são momentos
culminantes do amor, que se inicia e se engrandece a partir de insignificantes
oferendas, desde um sorriso gentil a uma palavra calorosa e esclarecedora, de
uma dádiva espontânea a um ato de compreensão diante de uma circunstância
perturbadora...
Da mesma forma, o não julgamento
apressado a respeito de uma ocorrência infeliz, o auxílio de contemporização
ante litigantes, o silêncio oportuno que evita a dissensão, constituem
manifestações do amor na vida, contribuindo em favor da plenitude de todas as
vidas existentes e por existirem.
A renúncia a pequenas
satisfações pessoais, que se transformam em benefício para outras pessoas, um
pensamento ungido de compaixão, são portadores da presença do amor em
movimento.
Desejando-se amor, é
imprescindível amar, não com o caráter retributivo, mas com objetivo
enriquecedor e feliz.
À medida que se instala no
coração, modifica para melhor o comportamento da pessoa, enseja claridade
emocional na sombra dos conflitos, dá cor e encanto à paisagem dos sentimentos,
mesmo quando ainda dominados pelas torpezas e pela treva da ignorância,
auxiliando na inevitável transformação para ter condições de receber as
sementes da verdade e do conhecimento.
O amor é inexcedível!
Não se preocupa na forma como
será recebido, mas na maneira como se expressa, irradiando-se sobranceiro.
Santo Agostinho, fascinado com
os milagres que o amor opera, declarou enfático: “Eu sou apaixonado pelo amor”.
Essa paixão que tinha pelo amor
fez que o dilatasse em favor da Humanidade, tornando-o iluminado, em razão do
autoconhecimento a que se entregou, ampliando-o pela esteira dos séculos em
benefício de todas as criaturas.
São Francisco de Assis, de tal
maneira se embriagou com o elixir do amor e o viveu tão intensamente que a sua
mensagem afetuosa e simples mudou os rumos da História, tornando-se, em
consequência, o pai da Ecologia, o pioneiro do Renascimento, o perfeito
imitador de Jesus, a Quem seguiu com entrega total e paixão imorredoura.
Homens e mulheres que se
propuseram a amar, tornaram-se modelos de vida e de plenitude, totalmente
integrados no espírito de doação, que é a característica fundamental e
inapelável do amor.
O mundo atual estertora, porque
há carência de amor em toda parte. Fala-se muito no amor, comenta-se sobre a
sua finalidade, estabelecem-se regras e critérios, no entanto, não se o
introjeta no coração, a fim de que se externe em palavras e ações, alterando a
marcha dos acontecimentos.
Por isso, o ser humano enferma,
porque se nega à vacinação preventiva do amor, ou quando se encontra afetado
por alguma doença, recusa-se à amorterapia, que o libertaria da injunção
afligente.
Encontram-se equivocados a seu
respeito todos aqueles que aspiram a recebê-lo sem a consciência de o oferecer,
aspirando a receber sem dar, a fruir sem sensibilidade para deixar-se impregnar
pelos seus fluidos transcendentes.
O amor nunca se sacrifica,
conforme se pensa equivocadamente, porque tudo quanto realiza, mesmo a peso de
muito testemunho e doação, é espontâneo, não lhe constituindo martírio, antes
representando um imenso prazer a bênção que persegue e se transforma em alegria
de oferecer sem qualquer restrição.
Pais, irmãos, afetos diversos
asseveram que, se necessário, são capazes de oferecer a vida pela de outrem,
desde que seja alguém desses a quem se afeiçoam com ternura e devotamento no
lar. É, sem dúvida, um gesto heroico e grandioso, entretanto, na desnecessidade
de assim proceder, estão convidados a compreender e tolerar, a perseverar ao
seu lado nas horas difíceis, a assistir com delicadeza e discrição, passando
despercebidos e sem a presença dos holofotes da exibição ou os louros da
retribuição.
O amor, portanto, é um gigante
que se faz pigmeu quando necessário, e é quase um nada que se avoluma conforme
o momento e as circunstâncias que lhe imponham essa modificação de estrutura.
Quando alguém oferece amor a outrem,
ele se vai agigantando e abraçando outros que encontra pela frente, porque faz
que se desenvolva o seu germe que permanece aguardando os estímulos para
desenvolver-se, terminando por abarcar todo o mundo.
A religião mais eficiente é
aquela, portanto, que se fundamenta no amor real, essência da vida legítima.
Presente em toda a Natureza,
porque procedente de Deus, da criatura humana se irradia abrangendo tudo e
voltando na direção a Deus.
Cultiva o amor no pensamento,
externa-o nas palavras e vive-o nas ações, sem preocupação de haveres ou não
alcançado o seu sublime clímax.
Começa-o agora e segue-lhe a
trilha infinita, cada vez amando mais.
Habituar-te-ás ao amor de tal
forma, que nunca mais poderás viver sem ele no coração.
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