Nascido no Rio de Janeiro a 6 de
maio de 1871 e desencarnado na mesma cidade a 22 de novembro de 1948.
Era filho de José de Magalhães
Silva Júnior e dona Luíza Rodrigues Soares. Alma sensível foi desde sua
infância de caráter muito religioso. Educado no Colégio de Caraça, de padres católicos,
entregava-se à contemplação com elevação de propósitos, chegando mesmo a
auxiliar ofícios religiosos inerentes à sua igreja.
Assim cresceu e constituiu
família, casando-se no ano de 1898, com d. Julieta da Costa Magalhães, de cujo
matrimônio nasceram-lhe sete filhos.
Ao deixar o Colégio, empregou-se
no banco do Comércio, em 1892, ao qual serviu por 20 anos consecutivos,
prestando ali, os mais relevantes serviços. Ótimo funcionário, assíduo e
prestativo, conseguiu galgar postos de confiança e constituir sua família,
dando-lhe relativo conforto e educação primorosa aos seus filhos.
Espírito bem formado, não podia
ver ninguém sofrer. Mesmo antes de conhecer a Doutrina Espírita já era a
personificação da bondade, no trabalho, no lar, na rua, na sociedade, solidário
na dor e na alegria, com quantos privassem com ele. Seu lema era aconselhar,
ajudar e consolar, granjeando amigos, sem distinção de classe, cor ou
nacionalidade. Sua meta era servir, vendo em cada criatura sofredora, o
companheiro que poderia ajudar a reerguer-se por todos os meios e modos.
Um dia, sua filhinha Lídia, com
poucos meses de idade, adoeceu gravemente. Ele empregou então todos os meios
para salvá-la, procurando os recursos médicos que foram inúteis. Triste e
acabrunhado, já não sabia mais para o que apelar, foi quando ouviu falar do
médium Ignácio Bittencourt. Na esperança de ver sua filhinha restabelecida,
procurou-o e dele recebeu palavras de consolação e conforto, além de
esclarecimentos em torno dos desígnios de Deus e da esperança na vida
espiritual, que a vida não terminaria no túmulo, pois continuaria na
espiritualidade e se ele perdesse a sua filhinha na Terra, ganharia uma amiga
no Céu. O célebre seareiro falou-lhe sobre as belezas do Evangelho de Jesus e
por fim o presenteou com um dos livros da Codificação Kardeciana, talvez o
"Evangelho Segundo o Espiritismo".
Isso aconteceu no ano de 1904,
quando ele converteu-se ao Espiritismo, tornando-se desde então valoroso
propagador da Doutrina e assíduo frequentador da Federação Espírita Brasileira,
cuja sede nessa época era situada na Rua do Rosário e na presidência estava o
dinâmico Leopoldo Cirne, um dos mais valorosos trabalhadores da Casa Máter do
Espiritismo no Brasil.
Nesse exato momento surgia mais
um pioneiro do Espiritismo em nossa Pátria. Sua atuação inconfundível jamais
sofreu solução de continuidade, sua alma cristã passou a desfrutar o Evangelho
redivivo de Jesus à luz da Terceira Revelação; na sua humildade, sem querer
jamais aparecer, entregava-se ao trabalho que se desenvolvia naquela Casa,
dando tudo de si com muito amor, ao lado dos companheiros de lides doutrinárias,
com base na fé raciocinada e reconhecendo que o primeiro passo para libertar-se
espiritualmente seria sempre o trabalho.
Poeta nato, José Luiz de
Magalhães passou a colaborar desde então no "Reformador", órgão da
Federação Espírita Brasileira, com produção poética de sua lavra, dando asas ao
seu estro, canta como ave canora as verdades evangélicas na revelação das
revelações, o consolador prometido por Jesus: o Espiritismo. Na sua lira
imortal, presta efusivas homenagens a Jesus, a Kardec e à Doutrina dos
Espíritos. Dedicando muitos de seus versos a pioneiros ilustres, como
Bittencourt Sampaio, Cairbar Schutel, Casimiro Cunha e ao seu querido mestre
Ignácio Bittencourt, responsável pela sua conversão ao Espiritismo e por quem
nutria imorredoura gratidão.
Em 1906 foi eleito Diretor da
Assistência aos Necessitados da Federação Espírita Brasileira, desenvolvendo
corajoso programa de realizações, mantendo a infatigável visitação aos enfermos
e necessitados de todos os matizes, num trabalho verdadeiramente apostolar, bem
à altura de seus sentimentos humanitários.
Nesse setor de grande
relevância, começou o seu trabalho profícuo na Casa de Ismael. Em 1907, era
eleito 2° Secretário, cargo que exerceu até 1912, quando foi eleito, por unanimidade
para o cargo de 1° Secretário, sempre na presidência de Leopoldo Cirne,
deixando ali traços indeléveis de sua passagem, notadamente nos trabalhos
pertinentes à construção da nova sede na antiga Rua do Sacramento, hoje Avenida
Passos n° 30. Às 14 horas do dia 10 de dezembro de 1911, com o comparecimento
de figuras de todas as camadas sociais, entre eles o grande homem público que
foi Quintino Bocaiúva proclamava, diante de mais de mil pessoas, a inauguração
oficial da nova sede. Dentre os vários oradores, fez também uso da palavra o
querido companheiro de todas as horas: José Luiz de Magalhães.
Ao lado do Ignácio Bittencourt,
Ignácio Santos, Ernestina Ferreira dos Santos e um grupo de abnegados
companheiros, ajudou na fundação do Abrigo "Tereza de Jesus", dando
também a sua parcela de serviço àquela Casa que honra a assistência à criança
necessitada, modelo de trabalho e dignidade até o presente momento.
De sua lavra é o livro de
poesias intitulado “Contemplações”, o mais belo e puro sentimento de sua alma
sensível, no dizer de Indalício Mendes, um inspirado e o inspirado é quase
sempre um médium, a mediunidade atributo de todos os poetas, quando suas almas
viajam por mundos espirituais em busca de temas que chegam ao clímax da
sublimação.
Produziu ainda ótimos versos,
como Prelúdio, Glórias, Quatro Flores, A Pastora e outros.
“Versos Antigos” é um livro
dedicado à sua dedicada esposa.
Traduziu também o “Fim de Satã”,
de Victor Hugo, tradução que ratifica a sua cultura, o sentimento poético e a
sua sensibilidade.
Foi um espírita dedicado ao
trabalho, durante toda sua vida, sempre aureolado pela simplicidade e pela
modéstia, homem culto, porém, de certo modo tímido, deu sua vida à causa e à família,
até a sua libertação do corpo carnal, ocorrida no dia 22 de novembro de 1948.
Nos seus escritos foi
encontrado, posteriormente, um bilhete com os dizeres: "À minha família:
Desejo ser enterrado com a roupa que estiver vestido ou, se estiver de cama, amortalhado
num lençol; sem anúncios, só avisando aos mais íntimos para o enterro, que
deverá ser de terceira classe ou mais modesto ainda (ou da capela do
cemitério), em jazigo provisório ou mesmo em cova rasa, fora do túmulo da família,
sendo entregue o local ao cemitério findo o prazo, sem nenhuma exumação de
ossos pela família. Dispenso apresentações ou remessas de coroas fúnebres e peço
aos que quiserem uma oração íntima por mim e pelos que sofrem. 02-02-1947. (ass.)
José Luiz de Magalhães".
[1] Personagens do Espiritismo - Antônio de
Souza Lucena e Paulo Alves Godoy
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