Nasceu na
cidade de Pacatuba, Estado do Ceará, no dia 1º de fevereiro de 1905,
desencarnando na cidade de Campos, Estado do Rio de Janeiro, a 16 de junho de
1966. Seus pais foram Miguel Peixoto
Lins e Joana Alves Peixoto.
Bem cedo ficou órfão de pai e
mãe e passou a conviver com seus tios maternos, em Fortaleza, Estado do Ceará,
onde fez o curso primário. Em seguida matriculou-se no Seminário Católico, de acordo
com o desejo de seus tios, que desejavam vê-lo seguir a carreira eclesiástica.
No Seminário sofreu várias penas disciplinares, por manifestar a seus
educadores dúvidas sobre os dogmas da Igreja. Observando as desigualdades
humanas, tanto no campo físico como no social, ficou em dúvida no tocante à
paternidade e bondade de Deus. Se todos eram seus filhos, por que tantas
diversidades? Indagava. Por que razões insondáveis uns nascem fisicamente
perfeitos e outros deformados? Uns portadores de virtudes angelicais e outros
acometidos de mau caráter? Dizia então: "Se Deus existe, não é esse ser
unilateral de que fala a religião católica". Desejava saber e inquiriria
os seus confessores, os quais, diante das indagações arrojadas do menino,
usavam o castigo e a penitência como corretivo.
Aos 14 anos de idade desistiu do
Seminário e, com a permissão dos tios, transferiu-se para o Estado do Amazonas,
em busca de melhores dias, enfrentando os trabalhos árduos dos seringais. Ali
trabalhou cerca de dois anos, resolvendo voltar para Fortaleza. Nessa fase de
sua vida, nele se manifestaram os primeiros indícios de sua extraordinária
mediunidade, sob a forma de terrível obsessão. Envolvido por espíritos menos
esclarecidos, era tomado de estranha força física, tornando-se capaz de lutar e
vencer vários homens, apesar de ter menos de 18 anos e ser fisicamente
franzino. Esse estado anômalo acontecia a toda hora e Peixotinho, temendo
consequências mais graves, deliberou não mais sair de casa. Ali ficou acometido
de nova influenciação dos espíritos trevosos, ficando desprendido do corpo cerca
de 20 horas, num estado cataléptico, quase chegando a ser sepultado vivo, pois
seus familiares o tinham dado como desencarnado.
Depois desse episódio, sofreu
uma paralisia que o prostrou num leito de dor durante seis meses. Nessa fase,
um dos seus vizinhos, membro de uma sociedade espírita de Fortaleza, movido de
íntima compaixão pelos seus sofrimentos, solicitou permissão à sua família,
para prestar-lhe socorro espiritual, com passes e preces. Ninguém em sua casa
tinha conhecimento do Espiritismo e seus familiares também não atinavam com o
verdadeiro estado do paciente, uma vez que o tratamento médico a que se
submetia não lhe dava qualquer esperança de restabelecimento.
O seu vizinho iniciou o tratamento
com o Evangelho no Lar, aplicando-lhe passes e dando-lhe a beber água fluida.
A fim de distrair-se, Peixotinho
começou a ler alguns romances espíritas e posteriormente as obras da
Codificação Kardequiana.
Em menos de um mês apresentava
sensível melhora em seu estado físico e progressivamente foi libertando-se da
falsa enfermidade.
Logo que conseguiu andar, passou
a frequentar o Centro Espírita onde militava o grande tribuno Viana de
Carvalho, que na época estava prestando serviço ao Exército Nacional em Fortaleza.
A terrível obsessão foi a sua Estrada de Damasco.
O conhecimento da lei da
reencarnação veio equacionar os velhos problemas que atormentavam a sua mente,
dirimindo todas as dúvidas que o Seminário não conseguira desfazer. Passou
assim a compreender a incomensurável bondade de Deus, dando a mesma
oportunidade a todos os seus filhos na caminhada rumo à redenção espiritual.
Orientado pelo major Viana de
Carvalho, Peixotinho iniciou o seu desenvolvimento mediúnico. Tornou-se um dos
mais famosos médiuns de materializações e efeitos físicos. Por seu intermédio
produziram-se as famosas materializações luminosas e uma série dos mais peculiares
fenômenos, tudo dentro da maior seriedade e nos moldes preceituados pela
Doutrina Espírita.
Em 1926, foi convocado para o
serviço militar e transferido para o Rio de Janeiro, sendo incluído em um
batalhão do exército, na cidade fluminense de Macaé. Ali se dedicou com amor à
prática do Espiritismo e, com um grupo de abnegados companheiros, fundou o
Centro Espírita Pedro, instituição que por muito tempo se tornou a sua oficina
de trabalho.
Em 1933, consorciou-se com
Benedita Vieira Fernandes, de cujo matrimônio tiveram vários filhos. Por força
da sua carreira militar, foi transferido várias vezes, servindo em Imbituba, no
Estado de Santa Catarina, Santos, no Estado de São Paulo, no antigo Distrito
Federal e em Campos, no Estado de Rio de Janeiro. Aonde chegava, procurava logo
servir à causa espírita.
No ano de 1945, na cidade do Rio
de Janeiro, encontrou-se com vários confrades, dentre eles Antônio Alves
Ferreira, velho companheiro no Grupo Espírita Pedro, de Macaé. Nessa época
passou a frequentar o Culto Cristão no Lar, realizado sistematicamente na
residência daquele confrade. Posteriormente, unindo-se a Jacques Aboab e Amadeu
Santos, resolveram fundar o Grupo Espírita André Luiz, que inicialmente
funcionou na Rua Moncorvo Filho, nº 27, onde se produziram, pela sua
mediunidade, as mais belas sessões de materializações luminosas, as quais
ensejaram ao Dr. Rafael Ranieri a oportunidade de lançar um livro com esse
mesmo título. Peixotinho prestava também o seu valioso concurso como médium
receitista e curador.
No ano de 1948, encontrando-se
pela primeira vez com o médium Francisco Cândido Xavier, na cidade de Pedro
Leopoldo, teve a oportunidade de propiciar aos confrades, daquela cidade, belíssimas
sessões de materializações e de assistência aos enfermos.
Em 1949 foi transferido
definitivamente para a cidade de Campos, onde participou dos trabalhos do Grupo
Joana D'Arc.
Fundou também o Grupo Espírita
Araci, em homenagem ao seu guia espiritual.
Peixotinho sofria de
broncopneumonia, enfermidade que lhe causava muitos dissabores, porém ele
suportava tudo com estoicismo, o mesmo podendo-se dizer das calúnias de que foi
vítima, como são vítimas todos os médiuns sérios que se colocam a serviço do
Evangelho de Jesus, dando de graça o que de graça recebem.
[1] Personagens do
Espiritismo - Antônio de Souza Lucena
e Paulo Alves Godoy
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