Os Espíritos atestam sua
presença de diversas maneiras, conforme sua aptidão, vontade e maior ou menor
grau de elevação.
Todos os fenômenos, dos quais
teremos ocasião de nos ocupar ligam-se, naturalmente, a um ou outro desses
modos de comunicação.
Para facilitar a compreensão dos
fatos, acreditamos, pois, dever abrir a série de nossos artigos pelo quadro das
formas de manifestações. Pode-se resumi-las assim:
1.
Ação oculta,
quando nada têm de ostensivo. Tais, por exemplo, as inspirações ou sugestões de
pensamentos, os avisos íntimos, a influência sobre os acontecimentos etc..
2.
Ação patente ou
manifestação, quando é apreciável de uma maneira qualquer.
3.
Manifestações
físicas ou materiais: são as que se traduzem por fenômenos sensíveis, tais como
ruídos, movimento e deslocamento de objetos. Essas manifestações frequentemente
não trazem nenhum sentido direto; têm por fim somente chamar a atenção para
qualquer coisa e de convencer-nos da presença de um poder extra-humano.(ver https://www.youtube.com/watch?v=xc0cuMkB5Kk)
4.
Manifestações
visuais ou aparições, quando o Espírito se mostra sob uma forma qualquer, sem
nada possuir das propriedades conhecidas da matéria.
5.
Manifestações
inteligentes, quando revelam um pensamento. Toda manifestação que comporta um
sentido, mesmo quando não passa de simples movimento ou ruído; que acusa certa liberdade
de ação; que responde a um pensamento ou obedece a uma vontade, é uma
manifestação inteligente. Existem em todos os graus.
6.
As comunicações
são manifestações inteligentes que têm por objetivo a troca de ideias entre o
homem e os Espíritos.
A natureza das comunicações
varia conforme o grau de elevação ou de inferioridade, de saber ou de
ignorância do Espírito que se manifesta, e segundo a natureza do assunto de que
se trata.
Podem ser: frívolas, grosseiras,
sérias ou instrutivas.
As comunicações frívolas emanam
de Espíritos levianos, zombeteiros e travessos, mais maliciosos que maus, e que
não ligam nenhuma importância ao que dizem.
As comunicações grosseiras
traduzem-se por expressões que chocam o decoro. Procedem somente de Espíritos
inferiores ou que se não despojaram ainda de todas as impurezas da matéria.
As comunicações sérias são
graves quanto ao assunto e à maneira por que são feitas. A linguagem dos
Espíritos superiores é sempre digna e isenta de qualquer trivialidade. Toda
comunicação que exclui a frivolidade e a grosseria, e que tenha um fim útil,
mesmo de interesse particular, é, por isso mesmo, séria.
As comunicações instrutivas são
as comunicações sérias que têm por objetivo principal um ensinamento qualquer,
dado pelos Espíritos sobre as ciências, a moral, a filosofia etc.. São mais ou menos
profundas e mais ou menos verdadeiras, conforme o grau de elevação e de
desmaterialização do Espírito. Para extrair dessas comunicações um proveito
real, é preciso sejam elas regulares e seguidas com perseverança. Os Espíritos
sérios ligam-se àqueles que querem instruir-se e os secundam, ao passo que
deixam aos Espíritos levianos, com suas facécias, a tarefa de divertir os que não
veem nessas manifestações senão uma distração passageira.
Somente pela regularidade e frequência
das comunicações é que se pode apreciar o valor moral e intelectual dos
Espíritos com os quais nos entretemos, assim como o grau de confiança que
merecem. Se é preciso ter experiência para julgar os homens, mais ainda será necessário
para julgar os Espíritos.
[1]
Revista Espírita – Janeiro/1858 - Allan
Kardec
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