sábado, 30 de dezembro de 2017

Será que há espíritos de “Crianças” nos domínios do Além Tumba?[1]


Jorge Hessen - Jorgehessen@gmail.com


Um objeto de estudo instigante, cuja explicação devemos ao Espiritismo, diz respeito à situação da “criança” no além após a sua morte. Será que há “crianças” no além? E o “bebê”, como será a sua forma perispiritual quando desencarna? Será que o seu períspirito retoma a forma “adulta” ou por quanto tempo permanece “bebê” e ou “criança” no Além-túmulo? Há muitas interrogações sobre o que ocorre com as “crianças” recém-desencarnadas. Como “ela” se adapta no Mundo dos Espíritos? Sim, são inúmeras dúvidas.
Cremos que “crianças” no além são imediatamente recolhidas por familiares ou mentores, que lhes darão ampla assistência. Se são Espíritos com ótima bagagem moral, retomam a personalidade anterior. Se são de mediana evolução, acreditamos que conservam a condição infantil, que será superada com o decorrer do tempo, como sucede com as “crianças” na Terra. Podem, também, retornar à reencarnação.
Porém, pasme, segundo um famoso escritor espírita, “não há uma única manifestação mediúnica de criança nas obras de Allan Kardec”. Portanto, afirma que não existem “Espíritos crianças”, pois o período de infância, adolescência, maturidade e envelhecimento, é uma condição do corpo físico, que obedece a esse processo orgânico de maturação, próprio dos nativos do planeta Terra.
Será? É urgente contar ao notório e equivocado confrade que o Codificador publicou comunicação do Espírito de uma criança na Revista Espírita de 1859. E ainda registrou a manifestação do Espírito do menino Marcel, conforme publicado na obra “O Céu e o Inferno”, cap. 8, parte II. Aliás, antes de Kardec, encontramos personagens históricos que mencionam os espíritos de “crianças” no além. A exemplo de Swedenborg, que descreve “crianças” sendo bem recebidas no além nas instituições onde adolescem e são cuidadas por jovens mulheres. Há distintos precursores do Espiritismo que fazem alusões às “crianças” no além, a saber: Louis Alphonse Cahagnet, na França e Andrew Jackson Davis, nos EUA.
André Luiz apresenta no cap. X do livro “Entre a Terra e o Céu” acurados painéis de crianças desencarnadas. Cairbar Schutel apresenta as “crianças” no além tumba no seu livro “A Vida no Outro Mundo”; Frederico Figner (Irmão Jacob) faz menções a “crianças” no além, conforme agenda no livro “Voltei”. Informações confirmadas por Yvonne Pereira em “Cânticos do Coração, Vol II” e George Vale Owen, na obra “A vida Além do véu”, dentre outros.
Na questão 381 de O Livro dos Espíritos, o Codificador questiona aos Espíritos se na morte da criança, o ser readquire imediatamente o seu antecedente vigor. Os Benfeitores aclaram o tema afirmando que o Espírito não readquire a anterior lucidez, senão quando se tenha completamente separado do envoltório físico. E nas questões 197, 198, 199, 346 e 347, da mesma obra básica é explicado que o Espírito da “criança” não é infantil, e sim reencarnação de Espírito que teve outras existências na Terra ou em outros orbes. Especificamente na questão “199-a”, os Espíritos inquiridos por Kardec sobre o destino espiritual da criança que morre bebezinho, anotaram que o Espírito “recomeça outra existência”.
No entanto, antes do reinício de nova existência física, tais Espíritos são recolhidos em Instituições apropriadas. Há apresentações psicográficas citando escolas, parques, colônias e instituições diversas consagradas ao acolhimento e amparo às “crianças” desencarnadas. E ademais, ao reencarnar o Espírito entorpece a consciência e somente finalizará o processo reencarnatório a partir dos sete anos aproximadamente, quando se remata a reencarnação. Por isso, se a criança desencarnar no meio do processo reencarnatório, ou seja, entre os 3 anos e 4 anos, o Espírito possivelmente possa retomar imediatamente a forma adulta precedente.
Também devemos considerar o seguinte: se a “criança” desencarnada possui grande experiência no campo intelecto e moral, readquire rapidamente os valores parciais da memória, logo após a desencarnação, conseguindo, por isso, ordenar conceitos e anotações de acordo com a maturação intelectual alcançada com seus empenhos.
O mesmo não sucede com “criança” desencarnada que ainda não possui condição moral elevada. Em tal estágio, o desenvolvimento no além-túmulo é idêntico ao que se processa no plano físico, quando o Espírito é constrangido a aprender pausadamente as lições da vida e avançar gradualmente, segundo as injunções do tempo.
Morre o corpo infantil (em qualquer faixa etária), e sobrevive o Espírito imortal e eterno, com toda uma bagagem de aquisições intelectuais e morais advindas das múltiplas experiências reencarnatórias, e que integram a sua individualidade.
Recordemos que a almas ainda prisioneiras no automatismo inconsciente acham-se relativamente longe do autogoverno. Em face disso, permanecem transportados pela Natureza, à maneira de bebês no colo materno. É por esse motivo que não se pode prescindir de períodos de recuperação para quem desencarna na fase infantil. Porquanto, precisarão continuar aprendendo, estudando e recebendo esclarecimentos espirituais adaptados à sua idade e compreensão, e serão separadas por faixas de idade e entendimento, tal como ocorre aqui na Terra.
Nas fontes que examinamos, não encontramos informações de Espíritos de “crianças” nas regiões “umbralinas” – ainda bem!
Temos muito que aprender com os Espíritos.
 Site: A Luz na Mente


sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

DESAPEGANDO E AMANDO[1]



Espírito Luiz Sérgio – Psicografado por Adeilson Salles


Uma das coisas, que mais angustiaram meu coração e que tive muita dificuldade de lidar, desde que morri aí, para viver aqui, é a questão do desapego.
Embora os afetos verdadeiros do coração estejam definitivamente junto a nós, é muito complicado para espíritos da minha condição desapegar e entender que já tivemos outras famílias. Outros pais, outros irmãos, amigos, namoradas, esposas, filhos e vai por aí.
A morte física e a realidade da vida espiritual é algo tão surpreendente, mas levamos muito tempo para desapegar e seguir em frente.
Nos primeiros anos da minha partida para cá havia uma necessidade diária de saber notícias da minha família.
Parecia faltar o ar, interessante isso.
É como a criança pequena que para andar necessita segurar nas mãos da mãe para não cair.
Conforme os anos vão passando a criança anda sozinha, e no meu caso, comecei a andar mais solto, mais tranquilo, à medida que fui tendo mais confiança em Deus e na vida.
Aprendi aqui que o amor verdadeiro dá segurança, é por isso que Jesus naquela celebre passagem das bodas de Canaã indaga aos que lhe procuravam a porta:
“Quem é minha mãe e quem são meus irmãos”?
Quanta dificuldade enfrentei para entender isso.
Na Terra, ficamos no estreito e restrito círculo da carne, nossa visão é limitada e acreditamos que as pessoas são de nossa propriedade.
O amor nascido do espírito, quando existe, existe e pronto, não acaba, não perece, ele permanece.
Aqui desse lado, as nossas potencialidades despontam gradativamente, quanto mais desapegado, mais lúcido fica o espírito.
Desapegar não é deixar de amar, mas acreditar no amor e nas leis naturais que regem a vida.
A cada dia que vivo a minha visão espiritual se dilata, mais e mais.
Minha família cresce a todo o momento, porque é da vida que um dia tenhamos a consciência plena de que somos todos filhos de Deus.
É possível que algumas pessoas acreditem que eu deva permanecer como artigo exclusivo para consultas e mensagens particulares.
Amo minha família carnal e serei sempre agradecido a minha mãezinha pela oportunidade da penúltima reencarnação, penúltima, porque terei outras pela frente.
Mas hoje, por benção dos meus mentores já estive com outras mães que me receberam como filho em outras vidas.
Que coisa fantástica é a reencarnação!
Eu estive Luiz Sérgio na penúltima vida, mas sou um cidadão do universo.
Já tive tantos nomes e famílias, quanto os dias do ano.
Vamos aprendendo, aprendendo e aprendendo.
Tenho muito que agradecer a todos os espíritos que pacientemente vem me recebendo, me amparando, me ajudando a progredir, aí ou aqui.
Faltam-me palavras para descrever o desabrochar das potencialidades espirituais aqui nesse mundo.
O mundo que encontrei não é mais o mesmo, porque eu não sou mais o mesmo.
Não vejo apenas pelos olhos, minha visão nasce da mente e se expande pelo períspirito.
Minha fala não é mais a mesma, posso adequá-la a necessidade de comunicação consoante o propósito.
Aprendi que o verbo que mais devemos conjugar é “servir”.
Que surpresa imensurável é descobrir que somos os construtores do nosso destino, e que sou eu quem dá ritmo ao meu caminhar.
Alguém pode dizer: “Esse Luiz Sérgio está viajando”!
É verdade, estou viajando sim, mas certo da responsabilidade que devemos ter com a benção da vida nas duas dimensões.
Vou lutando, a fim de me expandir para outros corações, que me esforço para amar.
Desapegar para amar mais conscientemente, essa a beleza paradoxal da vida.
O amor não segura, não prende, liberta!
Não pertencemos a ninguém, somos de Deus.




quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

AOS QUE AINDA SE ACHAM NAS SOMBRAS DO MUNDO[1]


 

Irmão X ‒ 23 /04/ 1935


          Antigamente eu escrevia nas sombras para os que se conservavam nas claridades da Vida.
          Hoje, escrevo na luz branca da espiritualidade para quantos ainda se acham mergulhados nas sombras do mundo. Quero crer, porém, que tão dura tarefa me foi imposta nas mansões da Morte, como esquisita penitência ao meu bom gosto de homem que colheu quando pôde dos frutos saborosos na árvore paradisíaca dos nossos primeiros pais, segundo as Escrituras.
          Contudo não desejo imitar aquele velho Tirésias que à força de proferir alvitres e sentenças conquistou dos deuses o dom divinatório em troca dos preciosos dons da vista.
          Por esta razão o meu pensamento não se manifesta entre vocês que aqui acorreram para ouvi-lo como o daquelas entidades batedoras, que em Hydesville, na América do Norte, por intermédio das irmãs Fox, viviam nos primórdios do Espiritismo, contando histórias e dando respostas surpreendentes com as suas pancadas ruidosas e alegres.
          Devo também esclarecer ao sentimento de curiosidade que os tangeu até aqui, que não estou exercendo ilegalmente a medicina como a grande parte dos defuntos, os quais, hoje em dia, vivem diagnosticando e receitando mezinhas e águas milagrosas para os enfermos.
          Tampouco, na minha qualidade de repórter “falecido” sou portador de alguma mensagem sensacional dos paredros comunistas que já se foram dessa vida para a melhor, êmulos dos Lenine, dos Kropotkine, cujos cérebros, a esta hora, devem estar transbordando teorias momentosas para o instante amargo que o mundo está vivendo.
          O objetivo das minhas palavras póstumas é somente demonstrar o homem... Desencarnado e a imortalidade dos seus atributos. O fato é que vocês não me viram.
          Mas, contem lá fora que enxergaram o médium. Não afirmem que ele se parece com o Mahatma Gandhi, pois que lhe falta uma tanga, uma cabra e a experiência anosa do “Leader” nacionalista da Índia. Mas historiem, com sinceridade, o caso das suas roupas remendadas e tristes de proletário e da sua pobreza limpa e honesta que anda por esse mundo arrastando tamancos para a remissão de suas faltas nas anteriores encarnações. Quanto a mim, digam que eu estava por detrás do véu de Isis.
          Mesmo assim, na minha condição de intangibilidade, não me furto ao desejo de lhes contar algo a respeito desta “outra vida” para onde todos têm de regressar. Se não estou nos infernos de que fala a teologia dos cristãos, não me acho no sétimo paraíso de Maomé. Não sei contar as minhas aperturas na amarga perspectiva de completo abandono em que me encontrei, logo após abrir os meus olhos no reino extravagante da Morte. Afigurou-se-me que eu ia diretamente consignado ao Aqueronte, cujas águas amargosas deveria transpor como as sombras para nunca mais voltar, porque não cheguei a presenciar nenhuma luta entre São Gabriel e os Demônios, com as suas balanças trágicas, pela posse de minha alma.
          Passados, porém, os primeiros instantes de “inusitado” receio, divisei a figura miúda e simples do meu Tio Antoninho, que me recebeu nos seus braços carinhosos de santo.
         Em companhia, pois, de afeições ternas, no reconto fabuloso, que é a minha temporária morada, ainda estou como aparvalhado entre todos os fenômenos da sobrevivência. Ainda não cheguei a encontrar os sóis maravilhosos, as esferas, os mundos comentários, portentos celestes que descreve Flammarion na sua “Pluralidade dos Mundos”. Para o meu espírito, a Lua ainda prossegue na sua carreira como esfinge eterna do espaço, embuçada no seu burel de freira morta.
          Uma saudade doida e uma ânsia sem termo fazem um turbilhão no meu cérebro: é a vontade de rever, no reino das sombras, o meu pai e a minha irmã. Ainda não pude fazê-lo. Mas em um movimento de maravilhosa retrospecção pude volver à minha infância, na Miritiba longínqua. Revi as suas velhas ruas, semiarruinadas pelas águas do Piriá e pelas areias implacáveis... Revi os dias que se foram e senti novamente a alma expansiva de meu pai como um galho forte e alegre do tronco robusto dos Veras à minha frente, nos quadros vivos da memória, abracei a minha irmãzinha inesquecida, que era em nossa casa modesta como um anjo pequenino da Assunção de Murilo, que se tivesse corporificado de uma hora para outra sobre as lamas da terra...
          Descansei à sombra das árvores largas e fartas, escutando ainda as violas caboclas, repinicando os sambas da gente das praias nortistas e que tão bem ficaram arquivadas na poesia encantadora e simples de Juvenal Galeno.
          Da Miritiba distante transportei-me à Parnaíba, onde vibrei com o meu grande mundo liliputiano... Em espírito, contemplei com a minha mãe as folhas enseivadas do meu cajueiro derramando-se na Terra entre as harmonias do canto choroso das rolas morenas dos recantos distantes de minha terra.
          De almas entrelaçadas contemplei o vulto de marfim antigo daquela santa que, como um anjo, espalmou muitas vezes sobre o meu espírito cansado as suas asas brancas. Beijei-lhe as mãos encarquilhadas, genuflexo, e segurei as contas do seu rosário e as contas miúdas e claras que corriam furtivamente dos seus olhos, acompanhando a sua oração...
          Ave Maria... Cheia de graça... Santa Maria... Mãe de Deus...
          Ah! De cada vez que o meu olhar se espraia tristemente sobre a superfície do mundo, volvo a minha alma aos firmamentos, tomada de espanto e de assombro... Ainda há pouco, nas minhas surpresas de recém-desencarnado, encontrei na existência dos espaços, onde não se contam as horas, uma figura de velho, um espírito ancião, em cujo coração milenário presumo refugiadas todas as experiências. Longas barbas de neve, olhos transudando piedade infinita e infinita doçura, da sua fisionomia, de Doutor da Lei, nos tempos apostólicos, irradiava-se uma corrente de profunda simpatia.
          ‒ “Mestre! – disse-lhe eu, na falta de outro nome – que podemos fazer para melhorar a situação do orbe terreno? O espetáculo do mundo me desola e espanta... A família parece se dissolver... O lar está balançando como os frutos podres, na iminência de caírem... A Civilização, com os seus numerosos séculos de leis e instituições, afigura-se haver tocado os seus apogeus... De um lado, existem os que se submergem num gozo aparente e fictício, e do outro, estão as multidões famintas, aos milhares, que não têm senão rasgado no peito o sinal da cruz, desenhado por Deus com a suas mãos prestigiosas como os símbolos que Constantino gravara nos seus estandartes... E, sobretudo, Mestre, é a perspectiva horrorosa da guerra... Não há tranquilidade e a Terra parece mais um fogareiro imenso, cheio de matérias em combustão...”.
          Mas o bondoso espírito-ancião me respondeu com humildade e brandura:
          ‒ “Meu filho... Esquece o mundo e deixa o homem guerrear em paz!...”.
          Achei graça no seu paradoxo, porém, só me resta acrescentar:
          ‒ “Deixem o mundo em paz com a sua guerra e a sua indiferença!”.
          Não será minha boca quem vá soprar na trombeta de Josafá. Cada um guarde aí a sua crença ou o seu preconceito.




[1] Crônicas de Além-Túmulo – Irmão X / Francisco C. Xavier

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Considerações sobre o Perispírito[1]


 
Moura Rêgo


Desde a pureza absoluta, ponto inicial do F.C.U. (Fluído Cósmico Universal), à sua modificação e transformação em matéria densa, seu ponto oposto, existirão muitas aproximações entre um e outro.
Destas observações, conclui-se que os mais variados estados de transformação, e também dos graus de pureza ou materialidade do fluido (conjunto final dessa metamorfose fluídica).
Ora, concentrando-nos em nosso Planeta, num olhar mais aguçado, encontraremos entre nós espíritos, encarnados ou não, também estes estados de purificação ou de materialidade.
Essas diferenças do estado da composição dos espíritos e dos diversos elementos da gênese dos mundos existem para todos estes, indicando, por suas composições, a natureza da forma perispiritual de seus habitantes.
Disso tiramos que o perispírito de cada um de nós também há de estar constituído dos elementos que estão em conformidade para com os mundos em que virá a habitar o espírito. E não poderia ser diferente.
O perispírito corpo energético dos espíritos é da produção destes mundos, um dos mais importantes produtos hauridos do mesmo F.C.U.
Do meio em que se encontra extrai o Espírito o seu perispírito. – Reparem, esta é uma afirmativa, não uma suposição ou teoria. Toma do meio em que vive os fluidos ambientes, resultando deste processo sua adequação ao mundo que lhe será habitat, na sequência evolutiva em que reencarna.
Assim como a variação entre a pureza total e a materialidade é esta, constante em todos os mundos, excetuando-se à minha visão, os Mundos Ditosos, onde só o Bem existe, e por consequência o Mal é apenas lembrança passadiça, haverá entre espíritos deste mundo, somente a diferenciação haurida da moral mais ilibada entre um e outro, posto que até nos Mundos Ditosos haverá, uma pirâmide por assim dizer, que exemplificará essa diversidade do Bem ali existente.
Mas retornando ao escopo deste, verificamos que mesmo retirados do mesmo fluido que envolve o Planeta, ou mundo habitado, o perispírito de cada um diferenciar-se-á, tornando, por assim dizer, cada um em um Universo próprio, único.
A natureza deste envoltório está sempre para a relação com o adiantamento moral do Espírito.
Daí segue que espíritos inferiores não podem, a seu bel prazer, mudar de envoltório, o que nos indica a assertiva de que também não podem por sua vontade, passar de um Mundo a outro.
Logo, esta reflexão nos leva ao pensar que haverá estes em que ideia de etéreo e imponderável estará em relação para com a matéria tangível, diz Kardec. Sendo-lhes, ainda, demasiadamente pesado em relação ao Mundo Espiritual o perispírito, o que prova que não poderiam, pelo exposto, sair do meio que lhes é próprio. Incluindo-se nesta categoria aqueles que têm o perispírito tão grosseiro que o confundem, eles mesmos, com o habitáculo carnal.
Os espíritos de ordem superior, diferenciadamente destes primeiros, podem vir aos Mundos Inferiores, e muitos até mesmo neles reencarnam.
Retiram estes, dos elementos constitutivos destes mundos que lhes servirão de morada, o material necessário para formação do envoltório fluídico ou carnal, adequando-o ao meio em que se vão encontrar.
Bem amigos:
De tudo que aqui estudamos, podemos retirar, entre outras, algumas conclusões:
1.       A cada Mundo corresponde fluidos diferenciados que lhes são próprios e aos quais são semelhantes os fluidos perispirituais daqueles que lhes formam os habitantes.
2.       Que há uma extensa gradação ou escala, entre os perispíritos, mesmo dentro de um só mundo.
3.       Que esta gradação lhes é imposta pela sutileza ou densidade perispiritual, em decorrência da natureza moral do Espírito a quem se amolda.
4.       Que os espíritos menos evoluídos não podem passar de um Mundo a outro, nem modificarem, a seu bel prazer, os seus perispíritos, fato que demonstra com clareza que a assertiva de muitos apologistas da teoria do Desdobramento Consciente, em poderem “trabalhar”em Mundos mais evoluídos. O que fere frontalmente toda a explicação kardeciana, que retém o Consenso Universal dos Espíritos, e que não pode ser deixada em posição de menor valor.
Mesmo em nosso desdobramento, no estado de sono, asseguro que enquanto espíritos habitantes de Mundos de Provas e Expiações, não podemos nós, estar em Mundos mais evoluídos, exatamente por causa de nossa constituição perispiritual que não pode ser abandonada, senão em virtude de entrada, via reencarnação nestes Mundos. Portanto, em nossas caminhadas espirituais, nunca estaremos senão em regiões fronteiriças à Crosta.
5.       Finalizando, temos que é a natureza moral do Espírito que imprime ao Perispírito sua constituição, haurida esta dos elementos constitutivos do mundo em que irá habitar e de sua própria elevação.
 
Muita paz.
 
 
Referência:
Kardec, Allan – A Gênese – Capítulo XIV  ‒ Os Milagres e Predições Segundo O Espiritismo, Itens de V a XI.




terça-feira, 26 de dezembro de 2017


Controle do Ensino Espírita[1]


A organização que propusemos para a formação dos grupos espíritas tem como objetivo preparar o caminho que deve facilitar as relações mútuas entre eles. Entre as vantagens que resultarão de tais relações, deve-se colocar em primeira linha a unidade de doutrina, que será a sua consequência natural. Esta unidade já se acha em grande parte realizada e as bases fundamentais do Espiritismo são hoje admitidas pela imensa maioria dos adeptos. Mas ainda há questões duvidosas, seja porque não tenham sido resolvidas, seja porque o foram em sentido diverso pelos homens e, até mesmo, pelos Espíritos.
Se por vezes os sistemas são produtos dos cérebros humanos, sabe-se que, a tal respeito, certos Espíritos nada ficam a dever. Com efeito, veem-se alguns que engendram as mais absurdas ideias com maravilhosa habilidade, encadeando-as com muita arte e delas fazendo um conjunto mais engenhoso que sólido, mas que poderia falsear a opinião de pessoas que não se dão ao trabalho de aprofundar, ou que são incapazes de o fazer pela insuficiência de seus conhecimentos. Sem dúvida as ideias falsas acabam caindo ante a experiência e a lógica inflexível; mas, antes disso, podem lançar a incerteza.
Também é sabido, conforme sua elevação, que os Espíritos podem ter, sobre certos pontos, uma maneira de ver mais ou menos justa; que as assinaturas das comunicações nem sempre são uma garantia de autenticidade, e que os Espíritos orgulhosos procuram, às vezes, fazer passar utopias, protegidos por nomes respeitáveis, com os quais se paramentam. É, incontestavelmente, uma das principais dificuldades da ciência prática, e contra a qual muitos se chocaram.
Em caso de divergência, o melhor critério é a conformidade dos ensinos por diferentes Espíritos e transmitidos por médiuns completamente estranhos entre si. Quando o mesmo princípio for proclamado ou condenado pela maioria, é preciso dar-nos conta da evidência. Se há um meio de chegar à verdade, seguramente é pela concordância e pela racionalidade das comunicações, auxiliadas pelos meios que temos à nossa disposição para constatar a superioridade ou a inferioridade dos Espíritos. Ao deixar de ser individual para se tornar coletiva, a opinião adquire um maior grau de autenticidade, já que não pode ser considerada como resultado de uma influência pessoal ou local. Os que ainda se acham em dúvida terão uma base para fixar as ideias, porquanto será irracional pensar que aquele que em seu ponto de vista está só, ou quase só, tenha razão contra todos.
O que acima de tudo contribuiu para o crédito da doutrina de O Livro dos Espíritos foi precisamente o fato de ser ela o produto de um trabalho semelhante, que repercute em toda parte.
Como o dissemos, nem é obra de um único Espírito, que poderia ser sistemático, nem de um único médium, que poderia ser enganado, mas, ao contrário, um ensino coletivo, dado por uma grande diversidade de Espíritos e de médiuns, e os princípios que encerra são confirmados mais ou menos por toda parte. Dizemos mais ou menos considerando que, pela razão acima explicada, há Espíritos que procuram fazer prevaleçam suas ideias pessoais. É, pois, inútil submeter ideias divergentes ao controle que propomos.
Se a doutrina ou algumas teorias que professamos fossem reconhecidas unanimemente como errôneas, submeter-nos-íamos sem murmuração, sentindo-nos felizes que outros tenham encontrado a verdade; mas se, ao contrário, elas forem confirmadas, hão de permitir creiamos estar com a verdade.
A Sociedade Espírita de Paris, compreendendo toda a importância de semelhante trabalho e tendo, ela mesma, primeiro que se esclarecer e depois provar que não pretende absolutamente arvorar-se em árbitro absoluto das doutrinas que professa, submeterá aos diversos grupos que com ela se correspondem as questões que julgar mais úteis à propagação da verdade. Essas questões serão comunicadas, seja por correspondência particular, seja por intermédio da Revista Espírita.
Compreende-se que para ela, e em razão da maneira séria por que encara o Espiritismo, a autoridade das comunicações depende das condições em que se realizam as reuniões, do caráter dos membros e do objetivo a que se propõem. Oriundas de grupos formados sobre as bases indicadas em nosso artigo sobre a organização do Espiritismo, as comunicações terão tanto mais peso a seus olhos quanto melhores forem as condições desses grupos.
Submetemos aos nossos correspondentes as questões que se seguem, enquanto aguardam as que lhes dirigiremos ulteriormente.
 
Questões e Problemas Propostos aos Vários Grupos Espíritas [2], [3]
1o – Formação da Terra
Existem dois sistemas sobre a origem e a formação da Terra. Segundo a opinião mais comum, a que parece geralmente adotada pela Ciência, seria o produto da condensação gradual da matéria cósmica sobre um ponto determinado do espaço. O mesmo teria ocorrido com os demais planetas.
Conforme outro sistema, preconizado nos últimos tempos e segundo a revelação de um Espírito, a Terra teria sido formada pela incrustação de quatro satélites de um antigo planeta desaparecido. Tal adjunção teria resultado da própria vontade da alma desses planetas. Um quinto satélite, nossa Lua, ter-se-ia recusado, em virtude de seu livre-arbítrio, a essa associação. Os vazios deixados entre eles pela ausência da Lua teriam formado as cavidades preenchidas pelos mares. Cada um desses planetas teria trazido consigo seres catalépticos – homens, animais e plantas – que lhe eram peculiares.
Saídos de sua letargia, depois de operada a adjunção e restabelecido o equilíbrio, esses seres teriam povoado o globo atual.
Tal seria a origem das raças-mãe do homem da Terra: a raça negra na África, a amarela na Ásia, a vermelha na América e a branca na Europa.
Qual destes dois sistemas pode ser considerado como expressão da verdade?
A propósito deste assunto, bem como dos outros, solicitamos uma solução explícita e racional.
Observação – É verdade que esta e outras questões se afastam do ponto de vista moral, que é a meta essencial do Espiritismo. Eis por que seria um equívoco fazê-las objeto de preocupações constantes. Sabemos, aliás, no que respeita ao princípio das coisas, que os Espíritos, por não saberem tudo, só dizem o que sabem ou o que pensam saber. Mas como há pessoas que poderiam tirar da divergência desses sistemas uma indução contra a unidade do Espiritismo, precisamente porque são formulados pelos Espíritos, é útil poder comparar as razões pró e contra, no interesse da própria doutrina, e apoiar no assentimento da maioria o julgamento que se pode fazer do valor de certas comunicações.
2o – Alma da Terra
Encontramos a seguinte proposição numa brochura intitulada Resumo da Religião Harmônica.
“Deus criou o homem, a mulher e todos os mais belos e melhores seres, mas concedeu a todos os astros o poder de criar seres de ordem inferior, a fim de completar o seu mobiliário, quer pela combinação de seu próprio fluido fecundante, conhecido em nosso globo pelo nome de aurora boreal, quer com a combinação desse fluido com o de outros astros. Ora, a alma do globo terrestre, desfrutando, como as almas humanas, de seu livre-arbítrio, isto é, da faculdade de escolher o caminho do bem ou do mal, deixou-se arrastar por este último. Daí as criações imperfeitas e más, tais os animais ferozes e venenosos e os vegetais peçonhentos. Mas a Humanidade fará desaparecer esses seres nocivos quando, ao se pôr de acordo com a alma da Terra para marchar pelo caminho do bem, ocupar-se de maneira mais inteligente da gestão do globo terrestre, no qual será criado um mobiliário mais perfeito”.
O que há de verdadeiro nesta proposição, e o que se deve entender por alma da Terra?
3o – Sede da alma humana
Lê-se na mesma obra a passagem seguinte, citada como extrato de A Chave da Vida, página 751: “A alma é de natureza luminosa, divina. Tem a forma do ser humano que anima. Reside num espaço situado na substância cerebral mediana, que reúne os dois lobos do cérebro por sua base. No homem harmonioso e na unidade, a alma, diamante resplandecente, é cingida por uma branca coroa luminosa: a coroa da harmonia”.
O que há de verdadeiro nesta proposição?
4o – Morada das Almas
Na mesma obra: “Enquanto habitam as regiões planetárias, os Espíritos são obrigados a reencarnar para progredirem. Desde que chegam às regiões solares, não mais necessitam da reencarnação e progridem indo habitar outros sóis de ordem superior, de onde passam às regiões celestes. A Via-Láctea, de luz tão suave, é a morada dos anjos ou Espíritos superiores”.
Isto é verdade?
5o – Manifestação dos Espíritos
Conforme a doutrina ensinada por um Espírito, nenhum Espírito humano pode manifestar-se ou comunicar-se com os homens, nem servir de intermediário entre Deus e a Humanidade, considerando-se que sendo Deus onipotente e onipresente, não necessita de auxiliares para a execução de sua vontade, pois tudo faz por si mesmo. Em todas as comunicações ditas espíritas, só Deus se manifesta, tomando a forma nas aparições, e a linguagem nas comunicações escritas, dos Espíritos que evocamos e aos quais julgamos falar. Em consequência, estando morto o homem, não poderá mais haver relações entre ele e os que ficaram na Terra, até que, por uma série de reencarnações sucessivas, durante as quais progridem, tenham atingido o mesmo grau de adiantamento no mundo dos Espíritos. Como só Deus pode manifestar-se, segue-se que as comunicações grosseiras, triviais, blasfematórias e mentirosas também são dadas por Ele – mas como prova – do mesmo modo que as dá boas, a fim de instruir. Naturalmente o Espírito que ditou esta teoria faz-se passar pelo próprio Deus, formulando, sob esse nome, uma extensa doutrina filosófica, social e religiosa.
Que se deve pensar de tal sistema, de suas consequências e da natureza do Espírito que o ensina?
6o – Anjos rebeldes, anjos decaídos e paraíso perdido
Que pensar da teoria formulada a respeito disto, no artigo acima publicado pelo Sr. Allan Kardec?




[1] Revista Espírita – Janeiro/1862 – Allan Kardec
[2] N. do T.: Aqui Allan Kardec já começa a esboçar algumas teorias que, desenvolvidas posteriormente, passarão a integrar o último livro da Codificação Espírita. (Vide A Gênese, capítulo VIII).
[3] Nota da Editora: Ver “Nota Explicativa”‒ Revista Espírita – Janeiro/1862 ‒ p. 529.

domingo, 24 de dezembro de 2017

ORAÇÃO DO NATAL[1]

Coro do Tabernáculo Mórmon e a congregação cantam "Noite Feliz"
 
Humberto de Campos
 

Senhor Jesus.

Há quase dois milênios, estabelecias o Natal com tua doce humildade na manjedoura, onde te festejaram todas as harmonias da Natureza. Reis e pastores vieram de longe, trazendo-te ao berço pobre o testemunho de sua alegria e de seu reconhecimento. As estrelas brilharam com luz mais intensa nos fulgores do céu e uma delas se destacou no azul do firmamento, para iluminar o suave momento de tua glória. Desde então, Senhor, o mundo inteiro, pelos séculos afora, cultivou a lembrança da tua grande noite, extraordinária de luz e de belezas diversas.
Agora, porém, as recordações do Natal são muito diferentes.
Não se ouvem mais os cânticos dos pastores, nem se percebem os aromas agrestes da Natureza.
Um presépio do século XX seria certamente arranjado com eletricidade, sobre uma base de bombas e de metralhadoras, onde aquela legenda suave do Gloria in excelsis Deo seria substituída por um apelo revolucionário dos extremismos políticos da atualidade.
As comemorações já não são as mesmas.
Os locutores de rádio falarão da tua humildade, do cume dos arranha-céus, e, depois de um programa armamentista, estranharão, para os seus ouvintes, que a tua voz pudesse abençoar os pacíficos, prometendo-lhes um lugar de bem-aventurados, embora haja isso ocorrido há dois mil anos.
Numerosos escritores falarão, em suas crônicas elegantes, sobre as crianças abandonadas, estampando nos diários um conto triste, onde se exalte a célebre virtude cristã da caridade; mas, daí a momentos, fecharão a porta dos seus palacetes ao primeiro pobrezinho.
Contudo, Senhor, entre os superficialismos desta época de profundas transições, almas existem que te esperam e te amam. Tua palavra sincera e branda, doce e enérgica, magnetiza-lhes os corações, na caprichosa e interminável esteira do tempo. Elas andam ocultas nas planícies da indiferença e nas montanhas de iniquidade deste mundo. Conservam, porém, consigo a mesma esperança na tua inesgotável misericórdia.
É com elas e por elas que, sob as tuas vistas amoráveis, trabalham os que já partiram para o mundo das suaves revelações da morte. É com a fé admirável de seus corações que semeamos, de novo, as tuas promessas imortais, entre os escombros de uma civilização que está agonizando, à míngua de amor.
É por essa razão que, sem nos esquecermos dos pequeninos que agrupavas em derredor da tua bondade, nos recordamos hoje, em nossa oração, das crianças grandes, que são os povos deste século de pomposas ruínas.
Tu, que és o Príncipe de todas as nações e a base sagrada de todos os surtos evolutivos da vida planetária; que és a Misericórdia infinita, rasgando todas as fronteiras edificadas no mundo pelas misérias humanas, reúne a tua família espiritual, sob as algemas da fraternidade e do bem que nos ensinaste!...
Em todos os recantos do orbe, há bocas que maldizem e mãos que exterminam os seus semelhantes. Os Espíritos das trevas fazem chover o fogo de suas forças apocalípticas sobre as organizações terrestres, ateando o sinistro incêndio das ambições na alma de multidões alucinadas e desvalidas. Por toda parte, assomam os falsos ídolos da impenitência do mundo, e místicas políticas, saturadas do vírus das mais nefastas paixões, entornam sobre os espíritos o vinho ignominioso da morte.
Mas nós sabemos, Senhor, como são falazes e enganadoras as doutrinas que se afastam da seiva sagrada e eterna dos teus ensinos, porque dissipas misericordiosamente a confusão de todas as almas, ainda que os seus arrebatamentos se apoiem nas paixões mais generosas.
Tu, que andavas descalço pelos caminhos agrestes da Galileia, faze florescer, de novo, sobre a Terra, o encanto suave da simplicidade no trabalho, trazendo ao mundo a luz cariciosa de tua oficina de Nazaré!...
Tu, que és a essência de nossos pensamentos de verdade e de luz, sabes que todas as dores são irmãs umas das outras. Assim, as esperanças desabrochem nos corações dos teus frágeis tutelados, para vibrar nos mesmos ideais, aquém ou além das linhas arbitrárias que os homens intitularam de fronteiras!
Todas as expressões da Filosofia e da Ciência dos séculos terrenos passaram sobre o mundo, enchendo as almas de amargosas desilusões. Numerosos políticos te ridiculizaram, desdenhando as tuas lições inesquecíveis; mas nós sabemos que existe uma verdade que dissimulaste aos inteligentes para a revelares às criancinhas, encontrada, aliás, por todos os homens, filhos de todas as raças, sem distinção de crenças ou de pátrias, de tradições ou de família, que pratiquem a caridade em teu nome...
Pastor do rebanho de ovelhas tresmalhadas, desde o primeiro dia em que o sopro divino da vontade do nosso Pai fez brotar a erva tenra, no imenso campo da existência terrestre, pairas acima do movimento vertiginoso dos séculos, acima de todos os povos e de suas transmigrações incessantes no curso do tempo, ensinando as criaturas humanas a considerar o nada de suas inquietações, em face do dia glorioso e infinito da eternidade!...
Agora, Senhor, que as línguas da impiedade conclamam as nações para um novo extermínio, manifesta a tua bondade, ainda uma vez, aos homens infelizes, para que compreendam, a tempo, a extensão do seu ódio e de sua perversidade.
Afasta o dragão da guerra de sobre o coração dilacerado das mães e das crianças de todos os países, curando as chagas dos que sangram de dor selvagem à beira dos caminhos.
Revela aos homens que não há outra força além da tua e que nenhuma proteção pode existir, além daquela que se constitui da segurança de tua guarda!
Ensina aos sacerdotes de todas as crenças do globo, que falam em teu nome, o desprendimento e a renúncia dos bens efêmeros da vida material, a fim de que entendam as virtudes do teu Reino, que ainda não reside nas suntuosas organizações dos Estados deste mundo!
Tu, que ressuscitaste Lázaro das sombras do sepulcro, revigora o homem moderno, do túmulo das vaidades apodrecidas!
Tu, que fizeste que os cegos vissem, que os mudos falassem, abre de novo os olhos rebeldes de tuas ovelhas ingratas e desenrola as línguas da verdade e do direito, que o medo paralisou, nesta hora torva de penosos testemunhos!
Senhor, desencarnados e encarnados, trabalhamos no esforço abençoado de nossa própria regeneração, para o teu serviço divino!
Nestas lembranças do Natal, recordamos a tua figura simples e suave, quando ias pelas aldeias que bordavam o espelho claro das águas do Tiberíades!...
Queremos o teu amparo, Senhor, porque agora o lago de Genesaré é a corrente represada de nossas próprias lágrimas. Pensamos ainda, ver-te, quando vinhas de Cesareia de Filipe para abraçar o sorriso doce das criancinhas... De teus olhos misericordiosos e compassivos, corria uma fonte perene de esperança divina para todos os corações; de tua túnica humilde e clara, vinha o símbolo da paz para todos os homens do porvir e, de tuas palavras sacrossantas, vinha a luz do céu, que confunde todas as mentiras da Terra!...
Senhor, estamos reunidos em teu Natal e suplicamos a tua bênção!... Somos as tuas crianças, dentro da nossa ignorância e da nossa indigência!... Apieda-te de nós e dize-nos ainda: “Meus filhinhos...”.
 

Desejo à todos os companheiros e companheiras que me seguiram neste ano de 2017 um Natal repleto de muito Amor, Luz, Paz e Harmonia em um 2018 repleto de Realizações.

 

 




[1] Antologia Mediúnica do Natal – Francisco C. Xavier e Espíritos Diversos

sábado, 23 de dezembro de 2017

Alertas sérios de Divaldo[1]



Antonio Cesar Perri de Carvalho


 Nos últimos meses, em eventos diversos, Divaldo Pereira Franco tem feito algumas abordagens diretas que representam sérios alertas aos espíritas e ao movimento espírita.
Durante a 64ª Semana Espírita de Vitória da Conquista (Bahia), em setembro de 2017, focalizou as influências espirituais negativas que rondam os espíritas. Entre outros fatos cita alguns excessos normativos que dificultam a prática da mediunidade, a proliferação de livros que não estão sintonizados com as obras do Codificador e a disputa pelo “poder” no interior das instituições e do movimento espírita[2].
Em outubro de 2017, no Congresso Espírita Colombiano, realizado em Bogotá (Colômbia), Divaldo desenvolveu o seminário “Desafio dos trabalhadores espíritas”. Na oportunidade, fez referência à falta de cuidados na seleção de expositores que são convidados em vários países e que disseminam práticas estranhas. Comentou também a sua não concordância e citou alguns projetos que têm sido divulgados e implementados no movimento espírita brasileiro[3].
Durante o citado evento na Colômbia, o expositor compareceu à reunião da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional e, pessoalmente, e em nome de espíritos que foram fundadores do CEI, inclusive registrando a presença deles, apresentou um grave alerta sobre decisões relacionadas com a Entidade, o respeito aos que a dirigiram e, ao final, houve psicofonia com mensagem de Bezerra de Menezes, convidando-os para uma ação fraternal, lembrando que “Jesus Cristo é amor e o Espiritismo é caridade”.
Há informações de que em atividades do CFN[4] da FEB, em novembro de 2017, Divaldo manteve diálogo sobre problemas e riscos do movimento espírita e, atendendo a questionamento específico, opinou que deve haver esclarecimentos sobre dúvidas relacionadas com traduções de A Gênese, de Kardec.
Entendemos que as observações de Divaldo, naturalmente estão fundamentadas na sua fidelidade às obras da Codificação, nessa sua longa trajetória de 70 anos de ações espíritas e como profundo conhecedor do movimento espírita do Brasil e de muitos países. Divaldo Pereira Franco está apontando fatos que devem merecer reflexão, estudo e análise cuidadosa por parte dos dirigentes e lideranças espíritas.
Por oportuno, transcrevemos trecho de recente mensagem psicofônica de Bezerra de Menezes, pelo citado médium, intitulada: “Vigilância e fidelidade da última hora”[5]:
Algo temos que fazer e o Mestre Incomparável pede-nos fidelidade da última hora. A noite desce e a treva não se faz total porque as estrelas do amor brilham no cosmo das reencarnações. Este é momento grave, filhas e filhos do coração, e vós tendes a oportunidade de O servir como dantes não lograstes. […] Mantende-vos em paz e amai, ajudando-vos uns aos outros nas suas debilidades e fraquezas, pois que são eles que precisam do vosso auxílio para também atingirem a meta[6].
A propósito, recordamos de antiga mensagem de Joanna de Ângelis, intitulada “Os novos obreiros do Senhor”, incluída no livro “Após a Tempestade”, que teve sua 1ª edição no ano de 1974:
Depois de tudo consumado, porém, conforme acentua o Mestre: ‘Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos Céus’.
Não será fácil. Nada é fácil. O fácil de hoje foi o difícil de ontem, será o complexo de amanhã. Quanto adiemos agora, aparecerá, depois, complicado, sob o acúmulo dos juros que se capitalizam ao valor não resgatado. Aclimatados à atmosfera do Evangelho, respiremos o ideal da crença… E unidos uns aos outros, entre os encarnados e com os desencarnados, sigamos. Jesus espera: avancemos![7]
 
 
Sugerimos o acesso aos links relacionados.




[4] Conselho Federativo Nacional
[5] Gravação em áudio divulgada em whatsapp;