Alessandro Viana Vieira de
Paula
Inegavelmente, vivemos um
período em que a violência se acentua, tomando conta, quase que integralmente,
da mídia televisiva e escrita. São notícias diárias de sequestros, roubos,
estupros, homicídios e mortes causadas por acidente de carro.
A violência é fruto da nossa
imperfeição moral, da predominância dos instintos agressivos (adquiridos pelos
Espíritos nas vivências evolutivas no reino animal), que a razão ainda não converteu
em expressões de amor.
Neste período de transição
planetária, vivenciamos o ápice das provas e expiações, de forma que a
violência atinge índices alarmantes, praticada por Espíritos ainda primários,
que não desenvolveram os sentimentos nobres, os quais, nesse processo de
expurgo evolutivo (separar o joio do trigo, como ensinava Jesus), após a
desencarnação, já não terão mais condições vibratórias de reencarnar no planeta
Terra. Lembremos, ainda, a assertiva de Jesus: “Os mansos herdarão a Terra”.
Anote-se que a tônica deste
artigo é abordar a incidência do planejamento reencarnatório nos casos de
mortes violentas, isto é, a vítima teria que desencarnar dessa maneira? E o
agressor, também teria assumido esse papel de algoz antes de reencarnar?
Alguns autores espíritas
defendem a ideia de que a morte causada pela violência alheia não fazia parte
do contexto reencarnatório, em virtude de que ninguém reencarna para o mal,
portanto o agressor não havia planejado matar alguém, de tal sorte que a vítima
desencarnaria em função do mau uso do livre arbítrio daquele (agressor).
Em que pese o nosso respeito por
aqueles que nutrem esse tipo de ponto de vista, sabemos que as vítimas que
desencarnam em razão da violência alheia estão inseridas, basicamente, em três
tipos de situações:
1.
Prova – a
vítima vivencia uma situação de violência que gera a sua desencarnação, o que
lhe trará um teste, um desafio para que ela exercite as virtudes no sentido de
perdoar sinceramente o agressor (gera aprendizado, evolução – esse tipo de
morte foi solicitado pela vítima antes de sua reencarnação). Lembremos que
prova pressupõe avaliação, ou seja, colocar em teste as virtudes aprendidas.
Caso vença moralmente a situação, podemos dizer que o Espírito alcançou
determinada virtude.
2.
Expiação –
são as situações mais frequentes. A vítima foi a autora de violência em vidas
anteriores que lesou alguém e, como não se liberou desse compromisso através do
amor, sofre as consequências na atual existência. Expiar é reparar, quitar,
harmonizar-se com as leis divinas.
3.
Missão –
algumas almas nobres morrem de forma violenta, uma vez que seus exemplos de
amor e tolerância geram antipatias nas pessoas mais embrutecidas. Menciono como
exemplos os casos de Jesus e Gandhi.
Notem que estamos abordando a
questão das violências mais graves, que acabam gerando a nossa desencarnação,
pois as violências menores que vivenciamos em nosso cotidiano, tais como
calúnias, traições, indiferença e outras, normalmente são circunstâncias
naturais da vida num mundo atrasado moralmente como o nosso, a estimular nosso
aprendizado espiritual (veja questão 859 de O
Livro dos Espíritos). Jesus já nos orientava: “No mundo só tereis
aflições”.
Dessa forma, à luz do
Espiritismo e da justiça divina (a cada um segundo suas obras), temos a certeza
de que a desencarnação violenta fazia parte de seu cronograma reencarnatório.
Aliás, O Livro dos Espíritos, na questão 853-a, nos ensina que nós somente
morreremos quando chegar a nossa hora, com exceção do suicídio, conforme acima
exposto.
Não há acaso, mesmo nas
hipóteses de “bala perdida” e erro médico. Não há desencarnação casual,
produzida por falha de terceiros ou mau uso do livre arbítrio alheio.
Caso não tenha chegado a hora de
morrer, os benfeitores espirituais interferirão para evitar essa afronta às
leis divinas, como inúmeros casos que conhecemos (veja o capítulo X – Lei de
Liberdade – da 3º parte de O Livro dos
Espíritos, no subcapítulo “Fatalidade”).
A questão crucial diz respeito
aos autores dessas violências graves. Concordo que ninguém reencarna com o
compromisso de matar outra pessoa (veja questão 861 de O Livro dos Espíritos). Quando, por exemplo, o agressor opta por
assassinar alguém, ele o faz em virtude de sua inferioridade espiritual, ou
quando atropela alguém por estar alcoolizado e/ou em excesso de velocidade, o
faz em razão de sua imprudência, de forma que, em ambas as hipóteses, está
usando indevidamente sua liberdade de escolha e ação, o que gerará compromissos
expiatórios.
Consigne-se, ainda, que num
mundo de provas e expiações, como a Terra, há muitos Espíritos na faixa
evolutiva do primarismo, que se comprazem na violência e na imprudência, de
forma que não faltará matéria-prima ou instrumentos para que se cumpram as leis
divinas quando algum Espírito necessite desencarnar de forma violenta.
Assim sendo, quando a vítima
reencarna com o compromisso de morrer violentamente, não haverá nesse momento
algum Espírito predeterminado a matá-la, que assuma esse compromisso
reencarnatório antes de nascer, mas haverá na Terra inúmeros Espíritos
atrasados que, ao dar vazão à sua inferioridade (violência e/ou imprudência),
ceifarão a vida daquela (vítima). Esses autores da violência funcionarão como
instrumentos das leis divinas. Todavia, tal situação não os isentará das consequências
morais e espirituais de suas ações, pois, repita-se, os agressores não estavam
predeterminados a agirem dessa forma, poderiam ter elegido outro tipo de
conduta, e foi Jesus quem nos ensinou que os escândalos eram necessários, mas
ai de quem os causar.
Para fixar o ensino, recordemos
do recente e trágico caso da escola de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. O
assassino poderia ter deixado de agir daquela forma, pois ele não havia
planejado aquilo na espiritualidade (antes de nascer), e se não tivesse
adentrado na escola e efetuado os disparos com a arma de fogo, os menores que
morreram naquela circunstância sobreviveriam, mas, mais adiante (dias, semanas
ou meses – não há dia e hora certa para a desencarnação, mas um período
provável), desencarnariam em outra situação violenta.
Poder-se-ia perguntar: Mas como
o agressor identifica a pessoa que deve desencarnar? Aprendemos com o
Espiritismo que o indivíduo que deve desencarnar de forma violenta, notadamente
nos casos de expiação, tem uma vibração espiritual específica, que denuncia e
reflete esse débito, de forma que o agressor, inconscientemente, identifica-se
com aquele e promove-lhe a desencarnação. É essa particularidade vibracional
que, da mesma forma, explica outros tipos de violência (estupro, roubos,
sequestros,…), fazendo com que o autor do delito aja em desfavor daquele que
deve vivenciar a situação traumática.
É dessa maneira que
compreendemos a justiça divina, mas convém enfatizar que a lei divina maior é a
lei de amor, portanto, conforme assevera o apóstolo Simão Pedro, o amor cobre
uma multidão de erros, de tal sorte que aquele que venha com o compromisso
expiatório de desencarnar de forma violenta, poderá amenizar ou diluir
integralmente esse débito com as leis divinas através do bem que realize em sua
vida, que poderá libertá-lo de uma possível desencarnação violenta. Não nos
esqueçamos de que Deus é Amor.
Muito esclarecedor. .obrigada
ResponderExcluirCom uma linguagem bastante clara aprendi bastante sobre o desencar violento e planejamento reencarnação Rio com ênfase em: missão, expiação e prova,esclareceu várias dúvidas que eu tinha,li várias vezes e a cada vez aprendo maiores detalhes sobre o assunto, muito grata
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