Dr. Wilson Ayub Lopes
Durante duas horas o
parapsicólogo clínico Eduardo O. Carvalho explanou e respondeu perguntas sobre
o assunto que afeta a todos nós, pois quem não tem um pouco de ansiedade afinal? Como identificá-la
antes que vire uma depressão ou uma síndrome do pânico? Como evitá-la?
A depressão pode ser conceituada como uma alteração do estado de
humor, uma tristeza intensa, um abatimento profundo, com desinteresse pelas
coisas. Tudo perde a graça, o mundo fica cinza, viver torna-se tarefa difícil,
pesada, com ideias fixas e pessimistas.
Poderíamos considerá-la como uma
emoção estragada. As emoções naturais devem ser passageiras, circularem
normalmente, sem desequilibrar o ser. A tristeza por exemplo, é uma emoção
natural, que nos leva a entrar em contato conosco, à introspecção e à reflexão
sobre nossas atitudes. Agora, uma vez estagnada, prolongada, acompanhada de
sentimento de culpa, nos leva a depressão.
Podemos dividir a
"depressão" em três formas, de acordo com o fator causal:
· Depressão Reativa ou Neurose Depressiva: Esta depende de um fator externo desencadeante,
geralmente perdas ou frustrações, tais como separação, perda de um ente querido
etc.
· Depressão Secundária a Doenças Orgânicas: Acidente vascular cerebral ("derrame"),
tumor cerebral, doenças da tireoide etc.
· Depressão Endógena: Por deficiência de neurotransmissores. Exemplos: depressão do velho,
depressão familiar e psicose maníaco-depressiva.
Estima-se que a depressão incida em cerca de 14% da
população, ou seja, temos no Brasil cerca de 21 milhões de deprimidos. Ela
afeta todo o ser, acarretando uma série de desequilíbrios orgânicos, sobretudo,
comprometendo a qualidade de vida, tornando a criatura infeliz e com queda do
seu rendimento pessoal.
André Luiz cita nas suas obras
que os estados da mente são projetados sobre o corpo através dos bióforos que
são unidades de força psicossomáticas que se localizam nas mitocôndrias. A mente
transmite seus estados felizes ou infelizes a todas as células do nosso
organismo através dos bióforos. Ela funciona ora como um sol irradiando calor e
luz, equilibrando e harmonizando todas as células do nosso organismo, e ora
como tempestades, gerando raios e faíscas destruidoras que desequilibram o ser.
Segundo Emmanuel, a depressão interfere na mitose (divisão)
celular, contribuindo para o aparecimento do câncer e de outras doenças
imunológicas, sobretudo a deficiência imunitária facilitando às infecções. Na depressão existe uma perda de energia
vital no organismo, num processo de desvitalização. O indivíduo perde energia
por dois mecanismos principais:
1.
Perde sintonia com a Fonte Divina de Energia Vital: O indivíduo não se amando como deve, com sentimento
de autoestima em baixa, afasta de si mesmo, da sua natureza divina, elo de
ligação com a fonte inesgotável do Amor Divino. Além do mais, o indivíduo ao se
fechar em seus problemas e suas mágoas, cria um ambiente vibracional negativo
que dificulta o acesso da Espiritualidade Maior em seu benefício.
2.
Gasto Energético Improdutivo: O indivíduo ao invés de utilizar o seu potencial
energético para desenvolver potencialidades evolutivas, vivendo intensamente as
experiências e os desafios que a vida lhe apresenta, desperdiça energia nos
sentimentos de autocompaixão, tristeza e lamentações. Sofre e não evolui.
Causas Principais
A depressão está frequentemente associada a dois sentimentos básicos:
a tristeza e culpa degenerada em remorso. Quando por algum motivo infringimos a
lei natural, ao tomarmos consciência do erro cometido, temos dois caminhos a
seguir:
1.
Erro ðConsciência ðArrependimento ðTristeza ðReparação
2.
Erro ðConsciência ðCulpa-Remorso (ideia fixa) ðDepressão
O primeiro caminho é meio
natural de nosso aperfeiçoamento. Uma vez tomando consciência de nossas
imperfeições e erros cometidos, empreendemos o processo de regeneração através
de lições reparadoras
De outra maneira, se ao invés
nos motivarmos a nos recuperarmos, nós nos abatermos, com sentimento de
desvalia, de autopunição, e permanecermos atrelados ao passado de erros, com
ideias fixas e auto-obsessivas, nós estaremos caminhando para o estado de depressão, que é improdutivo no sentido
de nossa evolução.
Outra condição que nos leva à depressão é citada pelo espírito de
François de Geneve em O Evangelho Segundo
o Espiritismo, cap. V, item 5 (A Melancolia), onde relata que uma das
causas da tristeza que se apodera de nossos corações fazendo com que achemos a
vida amarga é quando o Espírito aspira a liberdade e a felicidade da vida
espiritual, mas, vendo-se preso ao corpo, se frustra, cai no desencorajamento e
transmite para o corpo apatia e abatimento, se sentindo infeliz.
Para François Geneve então, a
causa inicial é esta ânsia frustrada de felicidade, liberdade almejada pelo
espírito encarnado, acrescido das atribulações da vida com suas dificuldades de
relacionamento interpessoal, intensificada pelas influências negativas de
espíritos encarnados e desencarnados.
Outro fator que está
determinando esta incidência alarmante de depressão
nos nossos dias é o isolamento, a insegurança e o medo que estão acometendo as
pessoas na sociedade contemporânea. Absorvido pelos valores imperantes como o
consumismo, a busca do prazer imediato, a competitividade, a necessidade de não
perder, de ser o melhor, de não falhar, o homem está de afastando de si e de
sua natureza. Adota então uma máscara (persona), que utiliza para representar
um "papel" na sociedade. E, nesta vivência neurotizante, ele deixa de
desenvolver suas potencialidades, não se abre, nem expõe suas emoções, pois
estas demonstram quem de fato ele é. Enclausurado, fechado nesta carapaça de
orgulho e egoísmo, ele se isola e se sente sozinho. Solidão, não no sentido de
estar só, mas de se sentir só. Mais do que se sentir só é a insatisfação da
pessoa com a vida e consigo mesma. O indivíduo nessa situação precisa se cercar
de pessoas e de coisas para ficar bem, pois, desconhece que ele se basta pelo
potencial divino que tem.
A solidão é consequência de sua
insegurança, de sua imaturidade psicológica. Nos primeiros anos de vida, a
criança enquanto frágil e insegura, é natural que tenha necessidade de que as
pessoas vivam em função delas, dando-lhes atenção e proteção. É a fase do
egocentrismo, predominantemente receptiva. Com o seu amadurecimento, começa a
criar uma boa imagem de si, tornando-se mais seguro, e a partir de então, passa
a se doar, a se envolver e a participar mais do a mundo. O que acontece é que
certas pessoas, por algum motivo, têm dificuldades neste processo de
amadurecimento afetivo, mantendo-se essencialmente receptivas e não
participativas, exigindo carinho, respeito e atenção, sem se preocuparem da
mesma forma com os outros. Fazem-se de vítimas, pobre coitados, sem as
responsabilizarem por si. Conseguem o seu equilíbrio às custas das conquistas
exteriores. A primeira frustração que se deparam, não toleram, pois expõe suas
fraquezas e isto motiva um quadro de depressão.
Em alguns idiomas, doença e
vazio têm a mesma tradução. A doença seria decorrente de um vazio de
sentimentos que gera depressão e
adoece o ser.
Um indivíduo quando perde a
capacidade de se amar, quando a autoestima está debilitada, passa a ter
dificuldade de amar o semelhante, pois o sentimento de amor, de generosidade
para com o próximo, é um sentir de dentro para fora. Este sentimento de amor ao
próximo, nada mais é do que uma extensão do nosso amor, da nossa sintonia com o
Deus interior que nós temos em nós.
A pessoa que tem dificuldade
nesta composição de amar a si e, por consequência, amar o próximo, deixa de
receber o amor e a simpatia do outro, e não consegue entrar em sintonia com a
fonte sublime inesgotável do Amor Divino. Nós limitamos aquilo que recebemos de
Deus, na medida do quanto doamos ao próximo. Quem ama muito, muito recebe. Quem
pouco ama, pouco recebe. Esse afastamento de si, e por conseguinte de Deus,
gera a tristeza, o vazio, a depressão
e a doença.
Tratamento
A depressão é um sintoma que nos diz que não estamos nos amando como
deveríamos. O caminho para sairmos dela é preencher este vazio com a
recuperação da autoestima e do amor em todos os sentidos.
Primeiro, procurando nos
conhecer e nos analisar, com o intuito de nos descobrirmos, sem nos julgarmos,
sem nos punirmos ou nos culparmos. E depois, nos aceitarmos como somos, com
todas as nossas limitações, mas sabendo que temos toda potencialidade divina
dentro de nós, esperando para desabrochar como sementes de luz. Isto nada mais
é do que desenvolver a fé em si e no criador, sentimento este que transforma e
que nos liga diretamente a Deus.
Uma pessoa consciente de sua
riqueza interior passa a ter segurança e fé nas suas potencialidades infinitas,
começando a gostar e acreditar em si, amando-se e a partir de então, sentindo
necessidade de expandir este sentimento a tudo e todos. Começa assim a se
despertar para os verdadeiros valores da vida espiritual, se transformando numa
pessoa feliz e sorridente, pois onde existe seriedade, há algo de errado; a
seriedade está ligada ao ser doente. Sorria e seja feliz amando e servindo
sempre.
A terapia contra a depressão se baseia no amar e no
servir, se envolvendo em trabalhos úteis e no serviço do bem. Seja no trabalho
profissional, no trabalho do lazer, ou no trabalho de servir ao próximo, o
indivíduo se ocupa, exercita o amor, e deixa de se envolver com as lamentações,
pois a infelicidade faz seu ninho no escuro dos sentimentos de cada um.
Dificilmente conheceremos um deprimido, entre aqueles que trabalham a serviço
do bem.
Para doarmos este amor, não
basta somente fazermos obras de caridade, temos que nos tornarmos caridosos;
antes de fazermos o bem temos que ser bons. Darmos um pão, um agasalho, mais
junto colocarmos uma boa dose de afeto e carinho. Ser acima de tudo generosos,
que é a caridade com afeto.
As pessoas estão com fome de
amor, de calor humano, um ombro amigo, um abraço, um aconchego e uma palavra de
carinho. Às vezes, com um simples sorriso, um bom dia, um olhar afetuoso, nós
estamos doando energia e transmitindo vida. O homem alcançou um enorme
progresso intelectual, satisfazendo suas necessidades materiais com os avanços
tecnológicos. Porém, ainda se depara com enormes dificuldades na convivência
fraterna com o seu semelhante. Estamos cada vez mais próximos um dos outros
através dos meios de comunicação e, no entanto, mais afastados emocionalmente.
Agora, o homem está sentindo a
necessidade premente de desenvolver a afetividade, de se envolver, amar e
sentir o seu semelhante. Temos que ressuscitar e liberar a criança que está
esquecida dentro de nós.
Para resgatarmos esta criança
que adormece em nós, é necessário que vejamos o mundo de forma positiva e
otimista. A nossa criança interior, geralmente se encontra retraída e oprimida,
porque a vida nos apresenta de forma desagradável; ainda não vivemos de forma
natural, espontânea e isto gera ansiedade e sofrimento. Como a criança é movida
pelo prazer, ela se recolhe e não se manifesta. A criança não se julga, não se
pune. Ela apenas vive o hoje, o agora, integrada perfeitamente a Deus e à
natureza. "Deixai vir a mim as criancinhas porque o reino dos céus é de
quem vos assemelham" - com estas palavras quis Jesus dizer que teremos que
ser puros, autênticos, integrados com a nossa natureza divina, sem fugas ou
máscaras, para alcançarmos a nossa evolução espiritual.
Ter atitudes simples, como lidar
com animais, brincar com crianças, atividades criativas como a pintura, tocar
um instrumento, fazer pequenas tarefas domésticas, cozinhar, manter uma
conversa amena, contar um caso, ver um bom filme, escutar uma música, cantar,
sorrir, ouvir com atenção, olhar com ternura, tocar as pessoas, abraçar, fazer
um elogio sincero, curtir a natureza, admirar o por do sol etc.. Estas são
tarefas que muito lhe ajudará a reencontrar o equilíbrio e a harmonia interior.
Manter sempre o bom humor.
Aquele que tem no ideal de
servir uma meta de vida, será sempre uma pessoa feliz. Na vida o que mais
importa é o amor e o bem querer das pessoas, viver suas emoções; não se deixar
afetar por coisas pequenas. Muitas vezes nos deixamos abater por problemas, que
se olharmos com olhos de Espíritos Eternos em passagem pela Terra, não
valorizaríamos. Substituir sentimentos de auto-piedade por vibrações em favor
dos que sofrem. Se olharmos com atenção e interesse ao nosso redor, veremos que
existem pessoas com problemas muito piores, que o nosso a pedir socorro.
Procurar praticar atividades
físicas regulares, como a caminhada, um esporte, um lazer. A mente parada
começa a criar pensamentos negativos, que se assemelham a lixos amontoados
dentro de casa. Com estas atividades, você estará desviando sua mente destes
pensamentos deletérios.
Tornar-se empreendedor,
dinâmico, criando ideias novas e construtivas em benefício do semelhante, com
motivação para implementá-las, junto ao grupo ou a comunidade que pertence. Não
fique estagnado esperando que a coisas aconteçam em seu favor. Aja em favor do
próximo e não se surpreenda se você for o mais beneficiado.
Leituras edificantes, uma
conversa com um amigo, um terapeuta ou um orientador espiritual, ajuda você a
ver o problema por um outro ângulo. A oração é um recurso indispensável no
processo de recuperação. Através dela estabelecemos sintonia com a
Espiritualidade Maior, facilitando o caminho para que nos inspirem e revigorem
nossas energias.
Não nascemos para sofrer. A
vontade de Deus é a nossa alegria e a nossa felicidade. Se sofrermos é por
nossa causa. Os nossos problemas e nossas dificuldades devem ser interpretadas
como instrumentos para nossa evolução. Nunca devemos nos deprimir ou nos
revoltar contra eles. O melhor aprendizado, é aquele que tiramos de nossa
própria vida. Vocábulo "crise" em algumas línguas podem ter dois
significados: a oportunidade ou perigo. Oportunidade de crescimento ou perigo
de queda.
O que importa é sabermos que os
problemas que deparamos na vida só surgem quando já temos condições de
solucioná-los. Como disse o Mestre Jesus: "O Pai não coloca fardos pesados
em ombros fracos". Deste modo, ficamos mais fortes ao saber que temos
todas as condições interiores, para enfrentar as dificuldades que a vida nos
apresenta. Ter consciência, que acima de tudo, tem um Deus maior a zelar por
nós e que nunca nos abandona.
Confiar em Jesus e seguir seu
exemplo de vida: "Eu sou o Bom Pastor; tende bom ânimo; não se turbe o
vosso coração; vinde a mim vós que andais fatigados, cansados e oprimidos, e Eu
vos aliviarei".
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