Jane Maiolo[2]
Mas, se fazeis acepção de
pessoas, cometeis pecado, e sois redarguidos pela lei como transgressores. Porque qualquer que guardar toda a lei, e
tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos[3].
A palavra pecado no hebraico e
no grego comum significa "errar", no sentido de não atingir um alvo,
ideal ou padrão. Na acepção bíblica denota qualquer ato, sentimento ou
pensamento que viola a Lei de Deus, ou seja, pecar é “falhar” ou transgredir os
Códigos dos estatutos divinos.
Bem provável que nós seres
espirituais em constante aprendizado na matéria densa já experienciamos
inúmeras situações onde a “falha” era nossa marca registrada.
A transgressão à lei de amor tem
nos feito cativos, recalcitrantes e vagarosos.
O Espiritismo surge em nossa
existência como farol a iluminar os caminhos que percorremos. É bem verdade que
antes do conhecimento do Espiritismo não era tão consciente e nítida nossa
condição de espíritos imortais e responsáveis pelos atos perante a eternidade.
Beneficiados pela Terceira Revelação somos compelidos a adotar novos rumos de
entendimento, sempre atentos à afirmativa do apóstolo Tiago: “Portanto, se
alguém sabe fazer o que é certo e ainda assim não o faz, está pecando[4]
”.
É bem verdade que por decorrência
dessas inobservâncias e “falhas” acumulamos débitos, muitas vezes impagáveis,
contudo por misericórdia divina realinharemo-nos com as propostas de evolução
que nenhum de nós conseguiremos fugir.
Pelas nossas transgressões à lei
divina, intoxicamo-nos de ideias malsãs, comportamentos duvidosos e geramos
frutos do dissabor. Adoecemos, pois o corpo mental não suporta a vibração e
sintonia constante do mal.
Somos seres completos e
complexos. Entre o espírito e o corpo físico existe o corpo psicossomático
(perispírito) dotado de um campo magnético definido por André Luiz como túnica
eletromagnética. Tal Benfeitor revelou
a singularidade da vida no mundo espiritual, através da psicografia de
Francisco Candido Xavier. Esse corpo sutil, quintessenciado é capaz de captar
as ondas do pensamento, agregá-las, irradiá-las e emanar os fluidos
pertencentes à sua identidade espiritual. Esclarece o autor de “Nosso Lar” que
“todos os seres vivos (...) dos mais rudimentares aos mais complexos se
revestem de um halo energético que lhes corresponde à natureza (…) Nas
reentrâncias e ligações sutis dessa túnica eletromagnética de que o homem se
entraja, circula o pensamento, colorindo-a com as vibrações e imagens de que se
constitui, aí exibindo, em primeira mão, as solicitações e os quadros que
improvisa, antes de irradiá-los no rumo dos objetos e das metas que demanda [5]”.
A mente, essa incógnita para a
ciência humana, e verdadeiramente deve ser conhecida, explorada, apreendida e
meditada. As “falhas” que temos cometido por imaturidade, insensatez,
invigilância, ignorância ou simplesmente por maldade tendem a conspurcar essa
túnica eletromagnética, que Jesus afirmou ser o traje nupcial necessário para
permanecer nas esferas mais elevadas do mundo espiritual.
As anomalias psíquicas estão
cada vez mais frequentes e passamos achar que é normal aquilo que antanho
conceituamos anormal. Agredimos o semelhante, dissimulamos situações,
corrompemos os sentimentos, caluniamos contra o próximo e tantas outras
insanidades perpetramos ao longo do tempo. Portanto, cometemos “pecados”.
O homem do século XXI enfermou
moralmente. “Falhou”. Transgrediu. “Pecou”. Não que dantes estivesse incólume
ao “pecado”, mais porque a ignorância, de certa forma atenuava, suas
responsabilidades. Evoluímos. Sentimos. Expressamos.
O corpo doente é o reflexo do
estado mórbido do ser espiritual. As doenças psicossomáticas nascem da
obstinação da ira, do rancor, do ressentimento, da mágoa, do orgulho, da
presunção, dentre tantos outros vícios morais que impregnamos na intimidade.
O padrão mental que adotamos é
capaz de alterar nossas estruturas mais íntimas a ponto de perturbar as células
físicas e culminar em doenças instaladas no corpo físico pelo desiquilíbrio
psicoemocional e energético.
O adoecer psíquico é o mais
grave problema do ser imortal, visto que macula sua identidade espiritual
conduzindo-o pelos caminhos da culpa, levando-o a experienciar angústias,
medos, inseguranças, que nada mais são que consequências correspondentes às
“falhas morais” ante os ditames dos códigos do BEM.
Importante lembrar que ao
estagiar nessas estações de aprendizagem o espírito pode adotar, se assim o
desejar, uma nova postura mental e compreender que haverá enormes esforços a
serem empregados para realinhar-se ao que é bom, saudável e divino. Pois se a
mente em desequilíbrio é capaz de fazer-nos adoecer, é preciso aceitar
racionalmente que a mente sã é capaz de gerar saúde em nós. É como diz o
adágio: Mens sana in corpore sano
("uma mente sã num corpo são") é uma célebre frase latina,
proveniente da obra Sátira X do poeta romano Juvenal.
Ensinariam os nobres amigos da
erraticidade: “A espiritualidade vem
demostrando a relação da mente com o sistema imunológico afirmando que ideias
enobrecedoras levam a fixações positivas, com a formação de substâncias
defensivas vindas do pensamento, com o aumento das imunoglobulinas [6]”
que são as defesas do soro sanguíneo.
A Doutrina Espírita vem lançar
luzes sobre esses pontos nevrálgicos e nos ensina a buscar horizontes e fixar
de maneira educativa nossa mente em paisagens mais esperançosas. É possível nos
transformar.
Busquemo-nos a renovação mental
através da lei de justiça, amor e caridade e viveremos saudáveis
invariavelmente identificados com as leis de Deus.
[2] É professora de Ensino Fundamental, formada em Letras e
pós-graduada em Psicopedagogia. Colaboradora da Sociedade Espírita Allan Kardec
de Jales/SP. Pesquisadora do Evangelho de Jesus. Colaboradora da Agenda Brasil
Espírita- Jornal O Rebate /Macaé /RJ – Jornal Folha da Região de Araçatuba/SP
–Blog do Bruno Tavares Recife/PE-Apresentadora do Programa Sementes do
Evangelho da Rede Amigo Espírita. janemaiolo@bol.com.br
[3] Tiago
2:9
[4] Tiago
4:17
[5] XAVIER, Francisco Cândido. Evolução em dois mundos-
cap.17- primeira parte- ditado pelo espírito André Luiz – Brasília /DF:
Ed FEB.
[6] Franco, Divaldo Pereira; Outros; Albuquerque, Alcione;
Paulo, Jaider Rodrigues de – Livro: Das Patologias aos Transtornos Espirituais-
AMEMG- pág. 78.1ª edição .BH. Editora
INEDE, 2006.
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