Irmã Dulce
Wellington Balbo[2]
(Salvador/BA)
Fui assistir ao filme de Irmã
Dulce e sai da sala emocionado. Que vida linda foi a dela! Mesmo fazendo o bem
encontrou adversários, opositores, aproveitadores e passou por humilhações
variadas, porém ainda assim prosseguiu em sua missão.
Muitos de nós consideramos que o
fato de fazermos o bem facilitará as coisas.
Alguns pensam: Meu Deus, ajudo
tanta gente, mas recebo provas pesadas.
É assim mesmo que funciona, não
adianta nos iludirmos. Estamos em um planeta de provas e expiações, sujeitos a
situações e testes dos mais variados matizes. As provas não vem apenas para
nós, mas para todos que estão encarnados em planetas na categoria de provas e
expiações.
No entanto, importante lembrar
que realizando o bem estaremos atraindo a nós a presença dos bons espíritos que
nos auxiliarão a vencer nossas provações. Ademais, fazer o bem, cumprir as
obrigações, ser honesto, correto, íntegro, enfim, praticar o evangelho,
traz-nos o que há de mais precioso neste mundo: a paz de consciência.
Paz de consciência que reflete
na serenidade do espírito que sabe de suas limitações, todavia, também
reconhece seus esforços por superar a si mesmo, e por isso está em paz com sua
própria consciência.
Penso que o segredo é nos
desapegarmos da ideia de que fazendo o bem receberemos de volta o bem. Se
fazemos o bem pensando no que receberemos de volta fica um pouco complicado,
uma espécie de moeda de troca com o universo, mais ou menos do tipo assim: Faço
o bem hoje porque quero receber o bem amanhã. Contudo, nossa visão ainda
limitada e imediatista não sabe realmente o que é o bem para nós. Não raro a
situação complicada de hoje é o degrau para a felicidade do amanhã. Eis, então,
que quando o que queremos não acontece vem a decepção e a frase: Poxa, faço o
bem, cumpro com minhas obrigações, mas só recebo pedrada da vida.
Recordo-me de um grande amigo
que trabalhava comigo. Homem correto e cumpridor de seus deveres. Criatura
reta, trabalhadora e servidora de Jesus. Uma época ele estava decepcionado com
a vida. Sentia-se injustiçado e não foram poucas as vezes que chorou em nossos
diálogos. Afirmava: Poxa, rapaz, parece que não consigo comprar meu carro.
Quero tanto, mas o financiamento nunca é aprovado pelo banco. Estranho que meu
nome é limpíssimo e minha renda corresponde. Por que está empacado, me diz? Eu
dizia: Calma, meu caro, quem sabe o futuro reserva algo melhor para você.
Ele, ao ouvir, respondia: Quê
nada! A vida se esqueceu de mim!
Eis, porém, que após uns 4 meses
ele recebeu aumento salarial, em realidade uma polpuda comissão pela venda de
um imóvel e pôde comprar o carro a vista, sem necessitar de qualquer tipo de
financiamento.
Eu o parabenizei e disse: Olha
só, a espera valeu a pena, meu amigo. Viu como a vida não se esqueceu de você.
O problema é que as coisas têm o
seu próprio tempo, mas nós, apressados, queremos antecipar tudo.
Calma! Nada de esperar “moleza”
porque faz trabalho voluntário, ajuda os mais necessitados e coisas do gênero.
Não encontraremos facilidades em
nada. E isso é bom, porque são as dificuldades que nos fazem exercitar as
potencialidades do espírito.
Mesmo que nossos ideais sejam
nobres devemos esquecer facilidades.
Se tenho um objetivo que eu o
faça acontecer. Ocioso esperar do Céu se nossas mãos estão inertes.
A propósito, se algum dia
encontrarmos numa dessas esquinas do universo Kardec, Ghandi, Irmã Dulce ou
Madre Tereza, perguntemos a eles se encontraram facilidades em suas
trajetórias.
Provavelmente a história narra a
saga desses personagens de forma menos dramática do que realmente foi.
Mas eles prosseguiram.
E nós, vamos seguir a diante ou
parar?
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