Brad Pitt / Shiloh / Angelina Joli
Jorge Hessen[2]
Isso mesmo! As almas ou Espíritos não têm
“sexo”. Os sexos só existem no organismo para a reprodução dos corpos físicos.
Mas os Espíritos não se reproduzem no além, razão pela qual órgãos sexuais são
inúteis no “ultra tumba”. Eis aí um tema um tanto quanto instigante. Todavia,
após leitura atenta e uma boa compreensão do texto abaixo, será possível a
assimilação de juízos e aprendizado.
Aos dois anos de idade, Tyler,
que nasceu menina, disse com todas as palavras para seus pais: “eu sou menino”.
Entretanto seus pais insistiram com ele que não. Mostraram fotos do órgão
sexual e argumentaram que ela havia nascido com corpo de menina. Tyler
respondia: “quando vocês me mudaram?”. Dois anos depois, um psicólogo confirmou
a condição: Tyler sofria mesmo de Transtorno de Identidade de Gênero, e
recomendou que os pais começassem a tratar a criança como um menino. A “filha”,
então, passou a ser carinhosamente tratada como menino.
Há 8 anos o ator Brad Pitt
revelou para a entrevistadora Oprah Winfrey que Shiloh, a primeira de seus três
filhos biológicos com Angelina Jolie, só queria ser chamada de John. Em 2014,
Shiloh, com 10 anos, apresentou-se de terno e gravata à cerimônia de estreia de
um filme dirigido por Angelina Jolie. Será que os atores estão certos em apoiar
o comportamento da filha? Deveriam desestimulá-lo? O que eles fazem ou deixam
de fazer afetará o futuro de Shiloh?
Há escassíssima informação
científica para orientar pais em situação como a do casal Pitt e Jolie. Do
ponto de vista da psicóloga Kristina Olson, da Universidade de Washington, as
32 crianças transgêneros (entre 5 e 12 anos), que foram submetidas ao Teste de
Associação Implícita para medir a velocidade com que associavam aspectos de
gênero masculino e feminino à própria identidade, mostraram uma identificação
tão automática com o gênero que escolheram quanto as crianças cisgênero. Embora
sejam necessários mais estudos, Kristina afirma que as crianças trans não são
confusas, rebeldes nem estão simplesmente fingindo ser o que não são. A
identidade que cultivam está bastante arraigada nelas[3].
A transexualidade é um assunto
muito polêmico, e menos discutido do que deveria. Talvez por isso não se
compreenda exatamente do que se trata, e essa condição seja motivo de tantos
casos de preconceito. Consagradamente transexual é a pessoa que nasceu com um
determinado sexo, mas não se identifica com ele. E esse transtorno mental e de
comportamento leva tal indivíduo a procurar tratamentos hormonais e até fazer
cirurgias para mudar o corpo.
Uma pessoa pode ser cisgênero ou
transgênero. O cisgênero se identifica com o gênero correspondente ao sexo
biológico, ou seja, se possui órgão sexual feminino é uma menina, se possui
órgão sexual masculino é um menino. É o que todo mundo considera regra. Já o
transgênero é a pessoa que contesta essa regra, que não tem seu gênero definido
pelo sexo biológico. Uma pessoa transexual se identifica com o gênero oposto ao
sexo com que nasceu. O transexual é transgênero, mas nem todo transgênero é
transexual.
Um estudo recente realizado pela
Universidade de Washington, nos Estados Unidos, publicado pela revista
Psychological Science, concluiu que as crianças transgênero começam a
reivindicar um gênero diferente, ao mesmo tempo que as crianças cisgênero se
identificam com o gênero correspondente ao sexo biológico, por volta dos 2
anos. É como se a criança olhasse no espelho e não se reconhecesse. É uma
expectativa constante de que ela vá acordar no corpo certo.
A partir de 2013, a justiça
alemã garantiu aos pais de recém-nascidos transgêneros três opções para
registrar seus filhos: “masculino”, “feminino” e “indefinido” [4].
Quando existe uma criança transgênero na família, talvez seja importante a
procura por apoio moral e psicológico para lidar com esse momento desafiador e
estabelecer um canal aberto de comunicação entre os familiares.
Por isso, a ajuda de
profissionais como pedagogos e psicólogos é oportuna. Mas, na hora de procurar
auxílio, é muito importante que tais especialistas entendam sobre identidades
transexuais, para que o caso não seja tratado como uma doença, o que de fato
não é. O profissional também ajudará a criança a lidar com os preconceitos que
ela enfrentará no transcurso da vida.
A sociedade dará sinais de
avanço quando compreender que o ser humano não se reduz à morfologia de “macho”
ou “fêmea”. O Espírito Emmanuel adverte que “encontramo-nos diante do fenômeno
“transexualidade”, perfeitamente compreensível à luz da reencarnação.
Inobstante as características morfológicas, o Espírito reencarnado, em trânsito
no corpo físico, é essencialmente superior ao simples gênero masculino ou
feminino. Aprenderemos, gradualmente, a compreender que os conceitos de
normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de
sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição
da dignidade humana, de vez que a individualidade em si exalta a vida
comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a
deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinquência” [5].
Para os Mensageiros do além, “as
características sexuais dos Espíritos fogem do entendimento humano, até porque
são os mesmos os Espíritos que animam os corpos de homens e mulheres. Para o
Espírito, (re)encarnar no corpo masculino ou feminino [ou sexualmente
“indefinido”] pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que
haja de passar” [6].
Os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo.
“Visto que lhes cumpre progredir
em tudo, cada sexo [experiência masculina ou feminina], como cada posição
social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de
ganharem experiência. Aquele que só como homem [ou mulher] encarnasse só
saberia o que sabem os homens e ou as mulheres” [7].
É urgente amparo educativo
adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual. E para
que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de
hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à
frente da vida eterna “os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência,
nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de
Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e
da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um” [8].
[2] Site: A Luz da Mente
[3] Disponível no site http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/criancas-trans-nao-estao-fingindo-elas-existem acesso em
29/02/2016.
[4] Disponível http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/08/130820_alemanha_terceirosexo_dg.shtml acesso em
03/09/2013
[5] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Rio de Janeiro:
Ed. FEB, 1997, Cap. Homossexualidade.
[6] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Parte 2ª –
Capítulo IV – DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS – Sexo nos Espíritos, questões
200, 201 e 202.
[7] Idem.
[8] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Rio de Janeiro:
Ed. FEB, 1997, Cap. Homossexualidade.
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