sábado, 2 de abril de 2016

PALINGENESIA: PRÉ-EXISTÊNCIAS E VIDAS SUCESSIVAS. A LEI DAS REENCARNAÇÕES[1]


 

A lei das reencarnações, este regresso das almas à terra, suscita objeções às quais é necessário responder, temores que importa dissipar.
Entre aqueles que se interrogam, uns temem não mais reencontrar no além os seres que amaram na terra. Questiona-se se, em virtude desta lei, seremos separados dos membros atuais das nossas famílias e obrigados a prosseguir isoladamente a nossa lenta e penosa evolução. Outros ficam assustados com a perspectiva de retomar a tarefa terrestre, após uma vida laboriosa semeada de provas e de males. Apressemo-nos a tranquilizá-los!
A reencarnação é rápida, a estadia do espírito no espaço é de curta duração, apenas nos casos de crianças falecidas com pouca idade. Tendo falhado a sua tentativa para reaparecer sobre a cena terrestre – quase sempre por causas fisiológicas devidas à mãe - esta tentativa será renovada logo que as condições favoráveis se apresentem no mesmo meio. Caso contrário, o espírito reencarnará na proximidade do seu meio, ou seja junto de pais ou amigos, de forma a permanecer em contato com aqueles que escolheu em virtude de uma atração resultante de laços anteriores, de forças afetivas que constituem uma certa afinidade fluídica.
Os Espíritos formam famílias numerosas cujos membros se seguem através das suas múltiplas reencarnações. Enquanto que uns prosseguem no plano material a sua educação, a sua evolução, os outros permanecem no espaço para protegê-los na medida das suas possibilidades, apoiá-los, inspirá-los, esperá-los, a fim de os receber no término da vida terrestre.
Mais tarde, estes renascerão na vida humana e, por sua vez, de protetores tornar-se-ão protegidos. A duração da estadia no espaço é muito variável, e, consoante o grau de evolução, pode abranger vários séculos ou durar apenas algumas dezenas de anos para os Espíritos desejosos de progredir.
Há sempre correlação entre a vida terrestre e a do espaço. A família visível continua ligada à família invisível, mesmo sem o seu conhecimento. As afeições, os sentimentos provenientes de laços estabelecidos no decurso das existências sucessivas, transmitem-se de um plano ao outro com tanto mais intensidade quanto o estado vibratório dos seres que compõem estas famílias for mais sutil. A união perfeita que reina em certas famílias explica-se por numerosas vidas em comum.
Os seus membros reaproximaram-se por uma atração espiritual, pela semelhança dos pensamentos, dos gostos e das aspirações do mesmo tipo e isso acontece em diversos graus.
É fácil reconhecer numa família aquele que aí se encarna por exceção e pela primeira vez, quer para aí se aperfeiçoar intelectual e moralmente ao contato de seres mais avançados, quer, pelo contrário, para servir de exemplo, modelo, instrutor a espíritos atrasados, e, ao mesmo tempo, para ajudá-los a suportar as provas que o destino lhes reserva, o que se torna uma missão, uma tarefa meritória. Em certos casos, o contraste é tão impressionante entre os caracteres, a maneira de pensar e agir, tão impressionante que pessoas não iniciadas proferem este julgamento: Aquele não é da família, pode-se acreditar que foi trocado no berço!
A partir da vida do espaço, compromissos são assumidos entre certos Espíritos para se reencarnarem nos mesmos meios para aí prosseguirem uma evolução conjunta. Outras almas evoluídas aceitam o papel penoso de descer nos lares materiais para aí dissiparem, pelas suas radiações, os elementos grosseiros que dominam nestes ambientes, e este ato de abnegação será para elas um novo meio de adiantamento.
Questionam-nos acerca das diferenças de raças e as suas relações com a evolução. Os Espíritos dizem, sobre este assunto, que cada região do globo atrai do espaço, fluidos em harmonia com os eflúvios que se libertam do solo. Resulta daí que os Espíritos que renascem nestas regiões terão gostos, aspirações diferentes. Por exemplo, os negros receberão fluidos próprios para desenvolver a sua vitalidade física, porque o seu espírito primitivo tem necessidade de sentir-se num corpo sólido.
Quanto aos Orientais, por exemplo os Japoneses, a evolução terrestre está mais adiantada, os corpos são pequenos, a sensibilidade mais desenvolvida, a percepção do além mais nítida. O misticismo nasceu. O perispírito do Japonês, de uma grande sutileza, vibrará mais fortemente que o do Senegalês.
No que respeita aos Ocidentais, em geral, a evolução nem sempre foi uniforme. Variou consoante os países. Os montanheses e os marinheiros, sob formas mais rudes, guardaram um certo fundo de idealismo ou um espírito religioso. Representam dois tipos humanos cujas aspirações se relacionam mais diretamente com o mundo superior, porque eles comungam com a natureza.
Não é de estranhar se um Espírito, na sua curta evolução, experimenta às vezes a necessidade de mudar de meio para adquirir as qualidades ou os conhecimentos que ainda lhe faltam. Mas, estes mesmos seres, regressados ao espaço, aí recuperam rapidamente os elementos espirituais dos quais se tinham afastado por algum tempo e de que sentem saudades. Já, no sono, o ser encarnado aproxima-se dos seus amigos do espaço e revive por alguns momentos a sua vida passada, mas, ao despertar, esta impressão apaga-se, porque ela seria de natureza perturbadora e inibidora do seu livre arbítrio.
Se nos afastamos, por um tempo, da nossa família terrestre, não se abandona nunca a família espiritual, e, assim que a família humana evoluiu e que chegou a um plano fluídico superior, a ação inversa produzir-se-á, e, é ela por sua vez, que atrairá no espaço o espírito menos avançado. A lei da evolução do ser através das suas vidas reencarnatórias é admirável, mas dela, a inteligência humana apenas pode entrever um pálido reflexo.
Os ensinamentos contidos nestas páginas não são uma obra de imaginação. Emanam de mensagens de espíritos obtidas por todos os processos mediúnicos e recolhidas em todos os países. Até agora, não tínhamos sobre as condições da vida no além senão hipóteses humanas, quer filosóficas, quer religiosas. Hoje, os que vivem esta vida eles próprios a descrevem e nos explicam as leis da reencarnação. Com efeito, o que significam algumas exceções assinaladas nos meios anglo-saxões, e cujo número se restringe a cada dia na presença da quantidade enorme de documentos, de testemunhos concordantes recolhidos desde a América do Sul até às Índias e ao Japão?
Não é mais, como no passado, um pensador isolado ou mesmo um grupo de pensadores, que vem mostrar à humanidade o caminho que ele crê verdadeiro; é todo o mundo invisível que se mobiliza e esforça para arrancar o pensamento humano às suas rotinas, aos seus erros, e revela-lhe, como no tempo dos druidas, a lei divina da evolução. São os nossos próprios pais e amigos falecidos que nos expõem a sua situação, boa ou má, e a consequência dos seus atos no decurso de diálogos ricos em provas de identidades.
Possuo sete grossos volumes de comunicações recebidas no grupo que dirigi durante muito tempo e que respondem a todas as questões que a inquietude humana coloca à sabedoria dos invisíveis. Os Espíritos guias instruíam-nos através de médiuns diversos que nem sempre se conheciam entre si, e sobretudo por senhoras pouco letradas, empanturradas de preconceitos católicos e pouco atraídas pela doutrina das reencarnações. Ora, todos os que, desde então, consultaram estes arquivos, ficaram impressionados pela beleza do estilo, bem como pela profundidade das ideias emitidas.
Talvez estas mensagens sejam publicadas um dia. Então, ver-se-á que, nas minhas obras, não me inspirei apenas nas minhas próprias opiniões, mas sobretudo nas do além. Reconhecer-se-á, sob a variedade das formas, uma grande unidade de princípios e uma perfeita analogia com os ensinamentos obtidos dos Espíritos guias em todos os meios, e nos quais Allan Kardec se inspirou para traçar as grandes linhas da sua doutrina.
Desde a guerra, os nossos Instrutores continuaram a manifestar-se por diferentes meios. Através destes diversos organismos, a personalidade de cada um deles afirmou-se pelo seu carácter peculiar, por uma originalidade distinta, em suma, de maneira a afastar qualquer possibilidade de simulação. Pode-se seguir, ano após ano, na Revista Espírita, a quintessência dos ensinamentos que nos foram dados sobre assuntos sempre substanciais e elevados.
Mais tarde, perto do Congresso de 1925, foi o próprio grande Iniciador que veio certificar-nos com a sua contribuição e iluminar-nos com os seus conselhos. Ainda hoje é ele, é Allan Kardec que nos incita a publicar este estudo sobre a Reencarnação.


[1] O Gênio Celta e o Mundo Invisível – Léon Denis

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