A lei das reencarnações, este
regresso das almas à terra, suscita objeções às quais é necessário responder,
temores que importa dissipar.
Entre aqueles que se interrogam,
uns temem não mais reencontrar no além os seres que amaram na terra.
Questiona-se se, em virtude desta lei, seremos separados dos membros atuais das
nossas famílias e obrigados a prosseguir isoladamente a nossa lenta e penosa
evolução. Outros ficam assustados com a perspectiva de retomar a tarefa
terrestre, após uma vida laboriosa semeada de provas e de males. Apressemo-nos
a tranquilizá-los!
A reencarnação é rápida, a
estadia do espírito no espaço é de curta duração, apenas nos casos de crianças
falecidas com pouca idade. Tendo falhado a sua tentativa para reaparecer sobre
a cena terrestre – quase sempre por causas fisiológicas devidas à mãe - esta
tentativa será renovada logo que as condições favoráveis se apresentem no mesmo
meio. Caso contrário, o espírito reencarnará na proximidade do seu meio, ou
seja junto de pais ou amigos, de forma a permanecer em contato com aqueles que
escolheu em virtude de uma atração resultante de laços anteriores, de forças afetivas
que constituem uma certa afinidade fluídica.
Os Espíritos formam famílias
numerosas cujos membros se seguem através das suas múltiplas reencarnações.
Enquanto que uns prosseguem no plano material a sua educação, a sua evolução,
os outros permanecem no espaço para protegê-los na medida das suas
possibilidades, apoiá-los, inspirá-los, esperá-los, a fim de os receber no
término da vida terrestre.
Mais tarde, estes renascerão na
vida humana e, por sua vez, de protetores tornar-se-ão protegidos. A duração da
estadia no espaço é muito variável, e, consoante o grau de evolução, pode
abranger vários séculos ou durar apenas algumas dezenas de anos para os
Espíritos desejosos de progredir.
Há sempre correlação entre a
vida terrestre e a do espaço. A família visível continua ligada à família
invisível, mesmo sem o seu conhecimento. As afeições, os sentimentos
provenientes de laços estabelecidos no decurso das existências sucessivas,
transmitem-se de um plano ao outro com tanto mais intensidade quanto o estado
vibratório dos seres que compõem estas famílias for mais sutil. A união
perfeita que reina em certas famílias explica-se por numerosas vidas em comum.
Os seus membros reaproximaram-se
por uma atração espiritual, pela semelhança dos pensamentos, dos gostos e das
aspirações do mesmo tipo e isso acontece em diversos graus.
É fácil reconhecer numa família
aquele que aí se encarna por exceção e pela primeira vez, quer para aí se
aperfeiçoar intelectual e moralmente ao contato de seres mais avançados, quer,
pelo contrário, para servir de exemplo, modelo, instrutor a espíritos
atrasados, e, ao mesmo tempo, para ajudá-los a suportar as provas que o destino
lhes reserva, o que se torna uma missão, uma tarefa meritória. Em certos casos,
o contraste é tão impressionante entre os caracteres, a maneira de pensar e
agir, tão impressionante que pessoas não iniciadas proferem este julgamento: Aquele não é da família, pode-se acreditar
que foi trocado no berço!
A partir da vida do espaço,
compromissos são assumidos entre certos Espíritos para se reencarnarem nos
mesmos meios para aí prosseguirem uma evolução conjunta. Outras almas evoluídas
aceitam o papel penoso de descer nos lares materiais para aí dissiparem, pelas
suas radiações, os elementos grosseiros que dominam nestes ambientes, e este ato
de abnegação será para elas um novo meio de adiantamento.
Questionam-nos acerca das
diferenças de raças e as suas relações com a evolução. Os Espíritos dizem,
sobre este assunto, que cada região do globo atrai do espaço, fluidos em
harmonia com os eflúvios que se libertam do solo. Resulta daí que os Espíritos
que renascem nestas regiões terão gostos, aspirações diferentes. Por exemplo,
os negros receberão fluidos próprios para desenvolver a sua vitalidade física, porque
o seu espírito primitivo tem necessidade de sentir-se num corpo sólido.
Quanto aos Orientais, por
exemplo os Japoneses, a evolução terrestre está mais adiantada, os corpos são
pequenos, a sensibilidade mais desenvolvida, a percepção do além mais nítida. O
misticismo nasceu. O perispírito do Japonês, de uma grande sutileza, vibrará
mais fortemente que o do Senegalês.
No que respeita aos Ocidentais,
em geral, a evolução nem sempre foi uniforme. Variou consoante os países. Os
montanheses e os marinheiros, sob formas mais rudes, guardaram um certo fundo
de idealismo ou um espírito religioso. Representam dois tipos humanos cujas
aspirações se relacionam mais diretamente com o mundo superior, porque eles comungam
com a natureza.
Não é de estranhar se um
Espírito, na sua curta evolução, experimenta às vezes a necessidade de mudar de
meio para adquirir as qualidades ou os conhecimentos que ainda lhe faltam. Mas,
estes mesmos seres, regressados ao espaço, aí recuperam rapidamente os
elementos espirituais dos quais se tinham afastado por algum tempo e de que sentem
saudades. Já, no sono, o ser encarnado aproxima-se dos seus amigos do espaço e
revive por alguns momentos a sua vida passada, mas, ao despertar, esta
impressão apaga-se, porque ela seria de natureza perturbadora e inibidora do
seu livre arbítrio.
Se nos afastamos, por um tempo,
da nossa família terrestre, não se abandona nunca a família espiritual, e,
assim que a família humana evoluiu e que chegou a um plano fluídico superior, a
ação inversa produzir-se-á, e, é ela por sua vez, que atrairá no espaço o
espírito menos avançado. A lei da evolução do ser através das suas vidas reencarnatórias
é admirável, mas dela, a inteligência humana apenas pode entrever um pálido
reflexo.
Os ensinamentos contidos nestas
páginas não são uma obra de imaginação. Emanam de mensagens de espíritos
obtidas por todos os processos mediúnicos e recolhidas em todos os países. Até
agora, não tínhamos sobre as condições da vida no além senão hipóteses humanas,
quer filosóficas, quer religiosas. Hoje, os que vivem esta vida eles próprios a
descrevem e nos explicam as leis da reencarnação. Com efeito, o que significam
algumas exceções assinaladas nos meios anglo-saxões, e cujo número se restringe
a cada dia na presença da quantidade enorme de documentos, de testemunhos
concordantes recolhidos desde a América do Sul até às Índias e ao Japão?
Não é mais, como no passado, um
pensador isolado ou mesmo um grupo de pensadores, que vem mostrar à humanidade
o caminho que ele crê verdadeiro; é todo o mundo invisível que se mobiliza e
esforça para arrancar o pensamento humano às suas rotinas, aos seus erros, e
revela-lhe, como no tempo dos druidas, a lei divina da evolução. São os nossos próprios
pais e amigos falecidos que nos expõem a sua situação, boa ou má, e a
consequência dos seus atos no decurso de diálogos ricos em provas de identidades.
Possuo sete grossos volumes de
comunicações recebidas no grupo que dirigi durante muito tempo e que respondem
a todas as questões que a inquietude humana coloca à sabedoria dos invisíveis.
Os Espíritos guias instruíam-nos através de médiuns diversos que nem sempre se conheciam
entre si, e sobretudo por senhoras pouco letradas, empanturradas de
preconceitos católicos e pouco atraídas pela doutrina das reencarnações. Ora,
todos os que, desde então, consultaram estes arquivos, ficaram impressionados
pela beleza do estilo, bem como pela profundidade das ideias emitidas.
Talvez estas mensagens sejam
publicadas um dia. Então, ver-se-á que, nas minhas obras, não me inspirei
apenas nas minhas próprias opiniões, mas sobretudo nas do além.
Reconhecer-se-á, sob a variedade das formas, uma grande unidade de princípios e
uma perfeita analogia com os ensinamentos obtidos dos Espíritos guias em todos
os meios, e nos quais Allan Kardec se inspirou para traçar as grandes linhas da
sua doutrina.
Desde a guerra, os nossos
Instrutores continuaram a manifestar-se por diferentes meios. Através destes
diversos organismos, a personalidade de cada um deles afirmou-se pelo seu
carácter peculiar, por uma originalidade distinta, em suma, de maneira a
afastar qualquer possibilidade de simulação. Pode-se seguir, ano após ano, na
Revista Espírita, a quintessência dos ensinamentos que nos foram dados sobre assuntos
sempre substanciais e elevados.
Mais tarde, perto do Congresso
de 1925, foi o próprio grande Iniciador que veio certificar-nos com a sua
contribuição e iluminar-nos com os seus conselhos. Ainda hoje é ele, é Allan
Kardec que nos incita a publicar este estudo sobre a Reencarnação.
[1] O Gênio Celta
e o Mundo Invisível – Léon Denis
Nenhum comentário:
Postar um comentário