Eurípedes Kühl - Grandes
Pontos em Pequenos Contos
Espíritas, na maioria, são
contendores natos.
Guardados nas gavetas do Tempo,
registros amarelecidos pelos Séculos testemunham o quanto cada um evoluiu.
No período compreendido entre o
primitivismo do troglodita ao desconhecimento das Leis Morais, enquanto
selvagem, o ser humano ficou inimputável. Mas, nas dobras do tempo, as vagas
cíclicas da Vida trouxeram para a superfície terrestre a era da Razão, e com
ela, o raciocínio. Aí, tristemente, o livre-arbítrio, a bordo da inteligência,
substituiu a ignorância para a sobrevivência pela crueldade para dominar,
vencendo sempre. Novamente os séculos se sobrepuseram, uns aos outros.
Deus, na sua inalcançável e insondável
Sabedoria, encaminhou espíritos diletos para iluminar a mente humana e
pacificar seu comportamento. Pontificando em Jesus, o recado do Pai não poderia
ser mais claro, pelo que tornou-se eterno: "Amai-vos uns aos outros".
A partir de então, a Era Cristã
agitou beneficamente todo o planeta. Muitos ouviram o recado. Sobre
assimilação, aduziram exemplificação.
Degrau a degrau, no avançar das
reencarnações, vamos encontrar hoje, nos Centros Espíritas, criaturas muito bem
intencionadas, frequentando-os e participando de suas atividades materiais e
espirituais.
Se o lar e a família são
inspirações divinas, em boa hora apropriadas pelos homens, os Centros Espíritas
seguramente estão em patamar próximo delas. Ali, médiuns reunidos sob a lâmpada
do Evangelho, agrupam-se para a incomparável tarefa caridosa tanto com
encarnados quanto com desencarnados.
Pouquíssimos institutos, em todo
o universo, podem se comparar ao lar, à família e ao Centro Espírita! Se nos
dois primeiros é inescapável a apara de dissensões, arestas e diferenças,
reajuste imperando vinte e quatro horas diárias, por longos dias, meses e anos,
no Centro Espírita ocorre outro enredo.
Com parentes reajustamos
inimizades e resgatamos passado delituoso. No Centro Espírita não há débito de
médium para médium, em escala individual, e sim, compromisso coletivo de união,
para consecução de ideal comum.
Podemos desertar quantas vezes
quisermos dos laços consanguíneos. A necessidade do reequilíbrio, cedo ou
tarde, nos reconduzirá, ainda pelo parentesco próximo, a reencontros e
convivência inevitáveis...
Já no Centro Espírita, quando
invigilantes, os médiuns cedem ao império do atavismo, apagam o farol cristão e
revivem lampejos da ancestralidade.
Sabemos todos, que no Bem ou no
Mal, momentos podem ser transformar em séculos.
Os momentos do Bem se
eternizarão.
Os do Mal, um dia se diluirão.
Assim, prudente será o médium
testificar seu aprendizado, praticando aquilo mesmo que, amiúde, sugere aos
visitantes invisíveis, nas reuniões mediúnicas...
Se o médium, buscando mais paz,
transferir-se de uma para outra organização espírita, não deixará rastros de
reajustes. Estará, certamente, apenas mudando o endereço do seu programa reencarnatório.
Pois, para onde for, encontrará outros jornadeiros, que dia menos dia
apresentarão o mesmo quadro psíquico que se intentou evitar.
Quando a desunião visitar o
Centro Espírita, convidada que tenha sido tão somente pela intolerância de uma ou
mais partes, é preciso que os corações assumam o comando: ninguém melhor que o
coração ouve o som divino, transformado em palavra por Jesus, cujo eco,
permanentemente, reverbera nos tímpanos da alma cristã, a respeito do imortal
"setenta vezes sete vezes”...
O espírito mais humilde não
precisa perdoar, porque jamais se ofende.
Se ao adentrar no Espiritismo o
médium empolga-se com as benditas luzes da chamada "Terceira
Revelação", impondo a si mesmo radical transformação, sob a meta da auto
reforma, imperioso verificar que aqueles primórdios não bastam. Assim como na
natureza, onde tudo se renova para progredir, o espírita de hoje necessita
reformar algo do espírita de ontem. Sempre!
Não há programa ou equação
definidos para a reforma da auto reforma. Ela é incumbência individual,
intransferível, realizável periodicamente, a título de valiosa reavaliação.
Para correção de rota.
Crises em Centros Espíritas
podem ser comparáveis às manchas solares, que de onze em onze anos liberam
fantásticas porções de energia, com repercussão em todo o sistema solar,
interferindo em todos os fenômenos naturais.
À tempestade solar segue-se a
ionização benéfica da atmosfera.
À tempestade terrena segue-se a
bonança e purificação do ar.
À erupção vulcânica segue-se
renovação dos compostos nas terras a plantar.
No Centro Espírita - filial do
amor universal -, quando sob interferências, de um ou outro plano, unam-se
dirigentes, médiuns e frequentadores e chamem Jesus, perdão na mente, Evangelho
no coração, suavidade na língua...
Essa a equação da Paz para
qualquer Centro Espírita: numerador, a soma das heterogêneas pessoas que os
compõem e denominador, comum, o Amor!
Maria é mãe, toda Amor. Que Sua
Bênção seja nossa,
Dulce
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