Uma análise sob a ótica médica e espírita desta
glândula que regula desde o funcionamento harmônico do corpo ao processo
mediúnico.
Presidente da
Associação Médico-Espírita do Brasil - AME
No séc. XVII, Descartes ensinava que a glândula pineal
ou epífise era a sede da alma. No entanto, até há pouco tempo, essa estrutura
cerebral era considerada simplesmente um órgão vestigial, um resquício do
fotorreceptor dorsal ou terceiro olho presente em certos vertebrados inferiores.
Conhecida das religiões orientais, ela era
particularmente festejadas entre os hindus como um dos componentes dos chacras
coronário, a flor de mil pétalas. Mas somente a partir de 1945, com o
lançamento do livro Missionários da Luz, recebido pelo médium Chico Xavier,
tivemos mais amplas revelações quanto às funções da pineal no complexo
mente-corpo-espírito. Nele, o autor espiritual André Luiz, pseudônimo de
respeitado médico e cientista do início do século, falecido no Rio de Janeiro,
expressando-se mais na condição de repórter do que de pesquisador, explica as
funções, até então desconhecidas, da pineal. "Não se trata de órgão morto,
mas poderosa usina", esclarece. Essas e outras informações preciosas podem
ser resumidas em cinco itens:
a) A pineal segrega hormônios psíquicos ou
"unidades-força" que controlam as glândulas sexuais e todo o sistema
endócrino. Na puberdade, acordam no organismo do homem as forças criadoras. Aos
14 anos, aproximadamente, deixa a ação frenadora que exercia durante o período
infantil e recomeça a funcionar como fonte criadora e válvula de escapamento. A
partir da adolescência promove, portanto, a recapitulação da sexualidade, faz
com que a criatura examine o inventário de suas paixões vividas em outras
existências, que reaparecem sob fortes impulsos. Tanto os cromossomos da bolsa
seminal como os do ovário recebem sua influência direta e determinada. Desse
modo, sua posição na experiência sexual é básica e absoluta; b) Preside os
fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão do corpo
espiritual; c) Comanda as forças subconscientes sob a determinação direta da
vontade, graças à sua ligação com a mente, através de princípios
eletromagnéticos do campo vital; d) Supre de energias psíquicas todos os
armazéns autônomos dos órgãos; e) É a glândula da vida mental, um dos
principais constituintes do centro coronário, o mais importante centro vital do
psicossoma ou corpo espiritual, instalado no diencéfalo.
Como vemos, em 1945, André Luiz revelou funções
extremamente especializadas e importantes da pineal na economia orgânica, não
suspeitadas ainda pela pesquisa médica terrestre, e foi além, afirmando que
estamos plugados a outras dimensões da vida através dela. Durante a tarefa
mediúnica, a epífise torna-se extremamente luminosa. Nesse momento, entram em
jogo vibrações sutilíssimas, não detectadas por aparelhos comuns. A providência
divina dotou essa pequenina estrutura, semelhante a uma ervilha e com o formato
de um cone, que não pesa mais de 100 mg, de uma extraordinária potencialidade
laboratorial que permite traduzir estímulos psíquicos em reações de ordem
somática e vice-versa, colocando o ser encarnado em permanente contato com o
mundo espiritual que é eterno, primitivo, preexistente.
Sono e
envelhecimento
Muitos estudos foram feitos para se determinar, no
homem, quais os efeitos da luz sobre a produção de melatonina (hormônio do
sono). Concluiu-se que a luz do sol ou uma forte luz artificial determina a
supressão da secreção de melatonina. Normalmente, o organismo tem um padrão
constante de atuação, em que há altos níveis de secreção da melatonina à noite
e baixos durante o dia. A luz exerce, portanto, papel primordial na regulação
do hormônio pineal e atua em ciclos de 25 ou 26 horas. Os estudos cronobiológicos
de Wurtman a respeito da melatonina levaram, inclusive, à utilização da luz
artificial intensa para alguns casos de depressão, com bons resultados.
O escuro influencia, portanto, elevando a taxa de
produção da melatonina. É possível que, intuitivamente, o homem sempre soubesse
disso, porque desde os tempos imemoriais, desde as cavernas primitivas, ele tem
procurado realizar seus intercâmbios com o outro lado da vida em ambientes
muito pouco iluminados.
Mas não somente a luz, também o polo magnético da Terra
tem influência direta sobre o seu funcionamento.
Foram demonstrada a variação de melatonina conforme as
estações do ano e sua influência na reprodução sazonal dos animais e nos
fenômenos de hibernação. No homem também está presente essa variação sazonal.
Nos velhos há uma redução desse processo hormonal, mas os pesquisadores não
acreditam que ela esteja relacionada com a calcificação, mas a outros fatores.
A produção máxima de melatonina é alcançada durante o
sono e coincide com os períodos de maior escuridão.
Observou-se que pacientes com jet-lag têm desordens
dos ritmos circadianos, com perturbação nos níveis de produção da melatonina:
picos em horários anormais e falta de sincronização. Há, nesses casos, um
distúrbio do sono, da concentração, da fadiga, da capacidade de concentração
etc.
Sistema
imunológico
Sabe-se que o sistema imunológico apresenta ritmo
circadiano e sazonal no cumprimento de suas funções, o que indica que ele,
provavelmente, tem a sua atividade regulada pela pineal. Já se constatou essa
dependência em experiências com animais.
Do mesmo modo, verificou-se que a retirada da pineal
provoca um crescimento do tecido do tumor canceroso, enquanto que a
administração de melatonina produz efeito contrário. Sobretudo, no câncer de
mama, parece que a secreção baixa de melatonina pode influir no seu
desenvolvimento.
Tudo indica que ela também tenha um papel no estresse.
Já se constatou relação direta entre níveis de produção de melatonina com
fadiga e sonolência em indivíduos submetidos à constante privação do sono e de
informação quanto ao período claro-escuro.
Em ratos pinealecomizados (privados de pineal) houve
indução da hipertensão arterial que foi bloqueada com a administração da
melatonina. É provável também a sua influência nas alterações da mielina e no
glaucoma.
Há ainda relatos de influência da pineal em doenças
neurológicas, como a epilepsia, doença de Parkinson, esclerose lateral
aminotrófica e em distúrbios endócrinos, como a síndrome de Turner,
hipogonadismo etc.
Centro das
emoções
"Se pudéssemos apontar para um centro das emoções
no cérebro, esse o seria o hipotálamo. Isso significa apenas que é nesse nível
que os vários componentes da reação emocional são organizados em padrões
definitivos", afirma Marino Jr.. De fato, o hipotálamo faz parte de um
sistema complexo responsável pelo mecanismo que elabora as funções emotivas, o
sistema límbico de Maclean.
André Luiz afirma que a pineal preside os fenômenos
nervosos da emotividade. Já vimos que dois núcleos hipotalâmicos sofrem a sua
ação direta. Cremos que é uma questão de tempo para a constatação científica
dessa informação mediúnica.
Altschule (1957), Eldred et al. (1961) e outros
autores têm realizado importantes estudos que demonstram a ação benéfica de
extratos pineais sobre alguns esquizofrênicos.
Hartley e Smith (1973), com os resultados de seus
trabalhos na Escola de Farmácia da Universidade de Bradford, Inglaterra, estão
inclinados a admitir que, nos casos de esquizofrenia, a HIOMT, enzima
responsável pela sintetização da melatonina, estaria agindo sobre substratos
anormais, produzindo as substâncias implicadas na moléstia. Como a enzima age
em um ritmo circadiano, é possível que na esquizofrenia ela trabalhe fora de
fase com seu substrato, favorecendo uma transmetilação anormal. Há indícios de
implicação da pineal na etimologia dessa moléstia, mas os estudos precisam
avançar mais para que se chegue a uma conclusão definitiva.
André Luiz, o médico desencarnado, afirma que a pineal
é a glândula mestra, aquela que tem ascendência sobre todo o sistema endócrino.
Neste artigo, citamos importantes pesquisadores que já
detectaram a ação da melatonina sobre o hipotálamo, estrutura nobre
considerada, até a presente, como responsável pelo sistema endócrino. Vimos
também a ação gonadal desse hormônio sobre a reprodução sazonal dos animais em
diversos distúrbios endócrinos.
Wurtman lembrou muito bem que nenhuma glândula foi tão
exaustivamente pesquisada como a tireoide. No entanto, só muito recentemente
foi detectada a tireocalciotonina, hormônio tireoideano de tão grande
significado fisiológico. Com esse apontamento, ele quis ressaltar o número
ainda restrito de pesquisa sobre a pineal, uma vez que elas só começaram em
meados deste século, enquanto as outras glândulas endócrinas já vinham sendo
alvo de investigação há muitas décadas. Na verdade, a pesquisa médica vai
evoluir muito mais no próximo milênio. Não se pode esquecer que o perispírito
ainda é um ilustre desconhecido e sua simples descoberta por parte da ciência
oficial, com possibilidade de investigação laboratorial, contribuirá para a
mudança definitiva do enfoque materialista-mecanicista em que ela está
lastreada. Aliás, só se conhecerá o potencial integral da pineal com as
pesquisas concomitantes do psicossoma. A verdadeira usina de luz em que ela se
transforma, durante o fenômeno mediúnico, segundo descrição de André Luiz, só
poderá ser detectada por lentes que alcancem a quarta dimensão.
Quanto a revelação de que ela é o centro das emoções,
já vimos que é ainda o hipotálamo considerado como tal. Estudando, porém, o
sistema límbico e suas conexões com a habênula (epitálamo) e as inter-relações
desta glândula pineal, não é difícil prever que o aprofundamento das pesquisas
determinarão mais ampla participação desta última no mecanismo das emoções.
O autor espiritual relata ainda, em seus estudos, que
a pineal comanda as forças subconscientes sob a determinação direta da vontade.
Ele entende como forças subconscientes todo o arquivo da personalidade
encarnada relativo a experiências de outras encarnações, desde a fase
pré-racional até os dias presentes. Este assunto é tão amplo e importante que
exigiria um outro artigo muito mais extenso do que este, inclusive com
considerações psicanalíticas.
A pineal supre de energias psíquicas todos os armazéns
autônomos dos órgãos. Aqui é útil lembrar que em outro livro – Evolução em Dois
Mundos – André Luiz introduz o conceito de bióforos, esclarecendo que são
estruturas do corpo espiritual presentes no interior da célula e com atuação
marcante no seu funcionamento. Como exemplo, ele cita os mitocôndrios que
acumulam energias espirituais sob a forma de grânulos e imprimem na intimidade
celular a vontade do espírito. Desse modo, todos os estados mentais felizes e
infelizes refletem-se sobre a economia orgânica.
Função
espiritual
Finalmente, é preciso considerá-la como glândula da
vida mental. Já comentamos estudos que a colocam na etiologia de doenças como
esquizofrenia.
É preciso considerar também o que Philip Lansky
descreve sobre a conversão da melatonina em 10-methoxyharmalan, um potente
alucinógeno. Em seu artigo – Neurochemistry and the Awakening of Kundalini –
Lansky enfoca o processo pelo qual se dá a transmutação de energia sexual em
psíquica, procurando explicar, neuroquimicamente, a experiência vivida por Gopi
Krishna em sua autobiografia. Esse é o trecho descrito por Krishna, denominado
kundalini:
"Durante uma dessas intensas concentrações, eu
subitamente senti uma estranha sensação na base da espinha, no lugar onde toca
o assento, enquanto eu sentei de pernas cruzadas em um tapete dobrado espalhado
no chão. A sensação foi tão extraordinária e prazerosa que minha atenção foi
dirigida forçosamente para isso. No momento em que minha atenção foi então
inesperadamente para o ponto onde foi focalizado, a sensação cessou... Quando
completamente imerso, de novo experimentei a sensação, mas, desta vez, ao invés
de alongar minha mente até o ponto onde eu tinha fixado, eu mantive uma rigidez
de atenção para fora. A sensação de novo estendeu-se para cima, crescendo em
intensidade, e eu senti a mim mesmo flutuando; mas com um grande esforço, eu
mantive minha atenção centrada ao redor da lótus. De repente, eu senti uma
corrente de líquido luminosa entrando em meu cérebro através da medula
espinhal".
Ao buscar explicações neuroquímicas para a experiência
espiritual, Lansky faz as seguintes observações: A) os conceitos tradicionais
conhecidos revelam uma interação entre os centros sexuais dos chacras
inferiores e os centros psíquicos localizados no cérebro, nos chacras
superiores ; b) a experiência de Gopi Krishna envolve a percepção subjetiva da
luz. Esse fenômeno mental poderia ser chamado de "alucinatório"; c) o
chacra superior, o mais importante deles, está associado à glândula pineal.
Em seguida, Lansky faz considerações sobre a
melatonina, sobre suas funções ainda em grande parte desconhecidas, ressaltando
as experiências que evidenciam o efeito inibitório sobre mamíferos, machos e
fêmeas, e também o inverso, os hormônios sexuais, testosterona, estrógeno e progesterona
inibindo a biossíntese da melatonina. E ressalta também o que já está muito
estabelecido, que a pineal está envolvida na percepção da luz.
Nesse ponto, Lansky diz que a melatonina pode se
transformar em 10-methoxyharmalan, que é um potente alucinógeno. Isso poderia
explicar também as alucinações que ocorrem em diferentes desordens mentais.
Como se vê, a experiência do nascimento da kundalini e de sua transformação
parece envolver diretamente a pineal.
É interessante destacar também que ela permite ao
homem reencarnado adaptar-se ao tempo da terceira dimensão, bem como
faculta-lhe a percepção, durante o fenômeno mediúnico, do tempo em outras
dimensões. O fato de que ela provê o organismo de um tempo circulante parece
estar ligado à sua atividade rítmica em torno de 24 horas, que produz maior ou
menor quantidade de melatonina, conforme os períodos de obscuridade e de
claridade.
Na realidade, o olho humano deixa passar a informação
de claro-escuro, mas só a pineal é capaz de interpretar mais amplamente os
dados ambientais, inclusive aquele do polo magnético da Terra, sob a direção da
mente.
É interessante lembrarmos
aqui as pesquisas da NASA sobre médiuns brasileiros do estado de Minas Gerais.
Eles detectaram a aura recorde de Chico Xavier, com mais de 20 metros, e
procuraram relacionar os dados sobre o magnetismo terrestre desse Estado
brasileiro – os índices mais baixos do mundo – com a incidência de médiuns
excepcionais. Segundo as informações espirituais, deve haver relação direta
porque a pineal funciona também com base no polo magnético da Terra. Essas três
experiências, portanto, não devem ser negligenciadas pelos pesquisadores da
pineal. Mas ela ainda tem a nobre missão de facultar ao homem a percepção de
uma outra luz que promana do mundo espiritual em fenômeno conhecido de tempos
imemoriais, o da mediunidade, capaz de impulsionar o homem para as mais amplas
e definitivas conquistas.
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