Filhos
existem no mundo que reclamam compreensão mais profunda para que a existência
se lhes torne psicologicamente menos difícil.
Reportamo-nos
aos filhos adotivos que abordam o lar pelas vias da provação, sem deixarem de
ser criaturas que amamos enternecidamente.
Coloquemo-nos
na situação deles para mais claro entendimento do assunto.
Muitos
de nós, nas estâncias do pretérito, teremos pisoteado os corações afetuosos que
nos acolheram em casa, seja escravizando-os aos nossos caprichos ou
apunhalando-lhes a alma a golpes de ingratidão. Desacreditando-lhes os esforços
e dilapidando-lhes as energias, quase sempre lhes impusemos aflição por
reconforto, a exigir-lhes sacrifícios até que lhes ofertamos a morte em
sofrimento pelo berço que nos deram em flores de esperança.
Um
dia, no entanto, desembarcados no Mais Além, percebemos a extensão de nossos
erros e, de consciência desperta, lastimamos as próprias faltas.
Corre
o tempo e, quando aqueles mesmos espíritos queridos que nos serviram de pais
retornam à Terra em alegre comunhão afetiva, ansiamos retomar-lhes o calor da
ternura, mas, nesse passo da experiência, os princípios da reencarnação, em
muitas circunstâncias, tão somente nos permitem desfrutar-lhes a convivência na
posição de filhos alheios, a fim de aprendermos a entesourar o amor verdadeiro
nos alicerces da humildade.
Reflitamos
nisso. E se tens na Terra filhos por adoção, habitua-te a dialogar com eles,
tão cedo quando possível, para que se desenvolvam no plano físico sob o
conhecimento da verdade. Auxilia-os a reconhecer desde cedo, que são agora seus
filhos do coração, buscando reajustamento afetivo no lar, a fim de que não
sejam traumatizados na idade adulta por revelações à base de violência, em que
frequentemente se lhes acordam no ser as labaredas da afeição possessiva de
outras épocas, em forma de ciúme e revolta, inveja e desesperação.
Efetivamente,
amas aos filhos adotivos com a mesma abnegação com que te empenhas a construir
a felicidade dos rebentos do próprio sangue. Entretanto, não lhes ocultes a
realidade da própria situação para que não te oponhas à Lei de Causa e Efeito
que os trouxe de novo ao teu convívio, a fim de olvidarem os desequilíbrios
passionais que lhes marcaram a conduta em outro tempo.
Para
isso, recorda que, em última instância, seja qual seja a nossa posição nas
equipes familiares da Terra, somos, acima de tudo, filhos de Deus.
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