A prece não é apenas o pedido para alcançar o que
desejamos. É muito mais do que isso. Deve, portanto, merecer muito mais
consideração do que se lhe tem dado. O que tendes a fazer para tornar a prece
uma verdadeira força é pôr de parte o que é material e fixar o vosso pensamento
e espírito no Eterno. Quando assim fizerdes, vereis que muito do que haveis
incluído, na vossa prece, desaparece pela sua inoportunidade; e maiores e mais
amplos são os resultados, pela força do vosso poder criador.
A prece é verdadeiramente criadora, como um exercício
da vontade, conforme se vê nos milagres de Nosso Senhor, tal como a alimentação
dos cinco mil. E quando a prece é feita com fé, então o objeto é criado e ela é
atendida. Isto é, o objetivo corresponde ao subjetivo, de tal modo, que se dá
uma verdadeira criação.
Isto não acontece quando a prece é mal dirigida;
então, a projeção da vontade resvala numa tangente e o resultado é apenas
proporcional aos raios dispersos que atingem o objetivo. Também quando a prece
é feita com intuitos poucos dignos, torna-se proporcionalmente enfraquecida e
encontra, ao mesmo tempo, aqui deste lado, uma força de vontade oposta ou
reguladora, conforme a natureza do caso, e desse modo não consegue o almejado
fim.
Tudo isto vos poderá parecer muito vago; não o é a
nós. Deveis saber que há aqui, nomeados para a prece, guardas cujo dever é
analisar e escolher as oferecidas pelos habitantes da Terra separá-las em
classes e grupos, e passa-las adiante para serem examinadas por outros e
atendidas de acordo com o seu merecimento e força.
Para que isso se faça com perfeição é preciso proceder
a um estudo das vibrações da prece, como os vossos cientistas o fazem sobre as
vibrações do som e da luz. Do mesmo modo que esses cientistas se acham
habilitados a analisar, separar e classificar os raios de luz, assim somos
também capazes de fazê-lo em relação às vossas preces.
E como há alguns raios com os quais, como confessam,
não podem lidar, há também preces que se nos apresentam sob tão profundo
aspecto, que ficam fora do alcance dos nossos estudos e conhecimentos. Estas nos passamos para os de gradação mais
elevada, para que as tratem, em vista do seu maior saber. E não penseis que
elas são sempre encontradas entre as preces dos sábios, mas, entre as das
crianças, cujos pedidos e suspiros merecem a mesma consideração que as orações
dos povos.
“As vossas preces e as vossas esmolas subiram como um memento perante Deus.” Deveis
recordar-vos destas palavras ditas pelo Anjo a Cornélio. Muitas vezes se passa
por elas sem as compreender, como sobre a descrição literal das preces e boas
obras, que eram apresentadas àquele Anjo e enviadas a mais altas regiões,
provavelmente por eles e seus auxiliares. É como se ele tivesse dito: “As
vossas preces e esmolas vieram perante a minha comissão e foram tomadas na
devida consideração pelo seu merecimento. Passamo-las adiante por serem dignas
e recebemos notificação dos Oficiais que se acham acima de nós, de que elas são
de mérito excepcional e requerem tratamento especial. Por isso fui comissionado
a vir até vós.”
Se examinardes outros exemplos de prece, na Bíblia,
sob aquele aspecto, podereis ter alguns vislumbres da realidade, tal como é
compreendida por nós, em nossa própria terra. E o que se refere à prece pode
também ser aplicado ao exercício da vontade em direções não tão legítimas.
O ódio, a impureza, a ganância e outros pecados do
espírito e do cérebro, concretizam-se aqui, por forma que não pode ser vista
nem imaginada da vossa esfera, sendo também todos eles aqui tratados conforme a
sua importância.
Os que dizem que os Anjos não se podem entristecer,
conhecem bem pouco o nosso amor pelos nossos irmãos que ainda lutam na Terra.
Pudessem eles ver como sentimos quando se abusa das dádivas do Pai, e seria bem
possível que nos amassem mais e nos exaltassem menos.
Deixamos-vos agora o
direito de aprofundar este assunto livremente, se entenderdes que vale a pena;
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