quinta-feira, 14 de agosto de 2025

O REINO DO BEM[1]

 


Miramez

 

Poderá jamais implantar-se na Terra o reinado do bem?

O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.

Predita foi a transformação da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se dará, momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso. Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus, que a morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados, desempenhar missões penosas, trabalhando pelo seu próprio adiantamento, ao mesmo tempo que trabalharão pelo de seus irmãos mais atrasados. Neste banimento de Espíritos da Terra transformada, não percebeis a sublime alegoria do Paraíso perdido e, na vinda do homem para a Terra em semelhantes condições, trazendo em si o gérmen de suas paixões e os vestígios da sua inferioridade primitiva, não descobris a não menos sublime alegoria do pecado original? Considerado deste ponto de vista, o pecado original se prende à natureza ainda imperfeita do homem que, assim, só é responsável por si mesmo, pelas suas próprias faltas e não pelas de seus pais.

Todos vós, homens de fé e de boa-vontade, trabalhai, portanto, com ânimo e zelo na grande obra da regeneração, que colhereis pelo cêntuplo o grão que houverdes semeado. Ai dos que fecham os olhos à luz! Preparam para si mesmos longos séculos de trevas e decepções. Ai dos que fazem dos bens deste mundo a fonte de todas as suas alegrias! Terão que sofrer privações muito mais numerosas do que os gozos de que desfrutaram! Ai, sobretudo, dos egoístas! Não acharão quem os ajude a carregar o fardo de suas misérias. (São Luís).

Questão 1019 / O Livro dos Espíritos

 

Foi Nosso Senhor Jesus Cristo quem nos trouxe a notícia de que a Terra poderia ser uma estância de amor, com o Seu Evangelho de luz. Ele quebrou a casca das vibrações inferiores, firmada pelas mentes ignorantes. Desceram do céu com Jesus inúmeras falanges de Espíritos puros, dando cobertura ao Divino Mestre e mudando, de certa forma, o ambiente da Terra, para ambiente de esperança e de paz.

Para mudar o planeta de expiação e provas para região de amor e de caridade, basta mudar o homem. Foi o que iniciou Jesus há dois mil anos e, sabendo que o trabalho seria demorado, anunciou que enviaria outro consolador, que ficaria com a humanidade eternamente, e ele veio em forma de uma filosofia, da qual o amor pudesse nascer como a luz do sol, guardando e edificando nos corações o mais puro sentimento de fraternidade universal.

O reino do bem na Terra foi semeado e já se encontra crescendo nos corações. A felicidade ainda não é clima da Terra, e a conquista das almas, passo a passo, é fenômeno individual.

Certamente que a Doutrina dos Espíritos está encontrando grandes dificuldades para que a mesma fala de Jesus se estenda novamente aos corações dos homens, no entanto, a sua sequência é fato real. Os obstáculos são forças que ajudam à ascensão, como tem acontecido, e os sofrimentos dos novos discípulos dão mais ânimo aos cooperadores do bem, enquanto a dor faz com que a vida cresça em todas as direções, sustentando o ambiente de amizade e de amor.

Pensemos no paraíso, no reino de Jesus, ainda vivendo na carne, porém, não fiquemos somente nos pensamentos, mas trabalhemos dentro de nós todos os dias, para materializarmos esse reinado nos nossos corações para sempre. Jesus, depois que semeou a luz para a libertação das criaturas, está conosco, alimentando todas as atividades do bem comum e as mudanças das pessoas, no sentido de que todos possam viver na grande harmonia divina.

Quando todos estiverem livres, amando na profundidade do termo, o Divino Senhor nos deixará entregues a nós mesmos, por sabermos andar sozinhos, quais os grandes seres que passaram pela Terra e aprenderam as lições de amor. Lembremos do que João registrou, na amplitude da revelação:

Disse-lhes Jesus:

Ainda por um pouco de tempo estou convosco, e depois irei para junto daquele que me enviou.

João, 7:33

Não precisamos de mais explicações; Jesus é como que pai e mãe que, quando os filhos se tornam adultos, deixam que caminhem por si mesmos. O reino de Jesus é livre, na liberdade que Deus nos deu, e cada vez mais a nossa visão se abre, de maneira a nos mostrar a esperança cada vez mais crescente e luzes se intercambiando em diretrizes de paz, em busca da verdadeira felicidade.

O mundo espiritual ligado a Jesus pede a todos que trabalhem e orem, alinhando-se em todas as direções que o bem estiver, como socorro para as criaturas. Se estiveres sofrendo, não esmoreças nos caminhos. Se os problemas aumentarem, não deixes a cruz no caminho; avança lembrando-te do Mestre que a levou até ao topo do Calvário.

Se estás no trabalho com Jesus, esforça-te para andar mais com Ele, que a salvação parte da maturidade e a maturidade nasce no amor. Ama a Deus em todas as feições da vida, que o teu próximo se encontra no meio de umas delas, sem te esqueceres de amar a ti mesmo, peça mais importante para o equilíbrio das tuas energias, de onde podes amar mais em todos os rumos. Não deixes que o desânimo te abata no meio da tarefa e, se porventura, encontrares irmãos desanimados, ajuda-os. Esse é o nosso dever.

Avançando assim, o reino de Jesus estará se aproximando do teu coração, e o coração com o reino de Deus e o céu onde habitam mais visíveis o Criador e o Cristo, o que em nós é motivo de grandes alegrias.



[1] FILOSOFIA ESPÍRITA – Volume 20 – João Nunes Maia

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