Allan Kardec
A mediunidade é uma faculdade
multiforme que apresenta uma variedade infinita de matizes em seus meios e em
seus efeitos. Quem quer que seja apto a receber ou transmitir as comunicações
dos Espíritos é, por isso mesmo, médium, seja qual for o modo empregado ou o
grau de desenvolvimento da faculdade, desde a simples influência oculta até a
produção dos mais insólitos fenômenos. Usualmente, todavia, essa palavra tem
uma acepção mais restrita e em geral se refere às pessoas dotadas de um poder
mediatriz muito grande, seja para produzir efeitos físicos, seja para
transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra.
Embora essa faculdade não seja
um privilégio exclusivo, é certo que encontra refratários, pelo menos no
sentido que se lhe atribui; também é certo que não se trata de uma faculdade
que não apresente escolhos aos que a possuem; que pode alterar-se, perder-se
mesmo e, frequentemente, ser uma fonte de graves desilusões. É sobre este ponto
que julgamos de utilidade chamar a atenção de todos os que se ocupam das
comunicações espíritas, quer diretamente, quer através de um intermediário.
Dizemos através de um intermediário porque importa também aos que se servem de
médiuns poder apreciar o valor e a confiança que merecem suas comunicações.
O dom da mediunidade liga-se a
causas ainda não perfeitamente conhecidas, nas quais o físico parece
desempenhar uma grande parte. À primeira vista, poderia parecer que um dom tão
precioso não devesse ser partilhado senão por almas de escol.
Ora, a experiência prova o
contrário, desde que se encontram potentes médiuns entre pessoas cuja moral
deixa muito a desejar, enquanto outros, estimáveis sob todos os aspectos, não
possuem esse dom. Aquele que fracassa, malgrado seu desejo, seus esforços e sua
perseverança, não deverá tirar conclusões desfavoráveis a seu respeito nem se
julgar indigno da benevolência dos Espíritos bons; se esse favor não lhe foi
concedido, outros há, sem dúvida, que lhe podem oferecer ampla compensação.
Pela mesma razão aquele que o desfruta não poderia de ele prevalecer-se, pois
esse dom não é nenhum sinal de mérito pessoal. O mérito, portanto, não está na
posse da faculdade mediatriz, que a todos pode ser dada, mas no uso que dela se
pode fazer. Eis aí uma distinção capital que não se deve jamais perder de vista;
a boa qualidade do médium não está na facilidade das comunicações, mas
unicamente na sua aptidão para somente receber as boas. Ora, é aí que as
condições morais nas quais se acha são todo-poderosas, e é aí também que ele
encontra os maiores escolhos.
Para perceber este estado de
coisas e compreender o que vamos dizer, é necessário reportar-se a esse
princípio fundamental: que entre os Espíritos há os de todos os graus no bem e
no mal, em ciência e em ignorância; que os Espíritos pululam à nossa volta e,
quando imaginamos estar sozinhos, estamos incessantemente rodeados de seres que
se nos acotovelam, uns com indiferença, como estranhos, outros que nos observam
com intenções mais ou menos benevolentes, conforme a sua natureza.
O provérbio “Cada ovelha busca
sua parelha” tem sua aplicação entre os Espíritos, como entre nós e,
possivelmente, mais ainda entre eles, porque não estão, como nós, submetidos à
influência das convenções sociais. Todavia, se entre nós essas convenções algumas
vezes confundem homens de costumes e gostos bem diferentes, de certo modo a
confusão é apenas material e transitória. A similitude e a divergência de
pensamentos será sempre a causa das atrações e repulsões.
Nossa alma, que afinal de contas
não é mais que um Espírito encarnado, nem por isso deixa de ser um Espírito. Se
está revestida momentaneamente de um envoltório material, suas relações com o
mundo incorpóreo, embora menos fáceis do que no estado de liberdade, não são
interrompidas de maneira absoluta. O pensamento é o laço que nos une aos
Espíritos, e pelo pensamento atraímos os que simpatizam com nossas ideias e
pendores.
Representemos, pois, a massa dos
Espíritos que nos cercam como a multidão que encontramos no mundo; em toda
parte onde preferirmos ir, encontraremos criaturas atraídas pelos mesmos gostos
e pelos mesmos desejos. Nas reuniões que têm um objetivo sério vão homens
sérios; nas frívolas, comparecem homens frívolos. Por toda parte encontram-se
homens atraídos pelo pensamento dominante. Se lançarmos o olhar sobre o estado
moral da Humanidade em geral, compreenderemos sem dificuldade que, nessa
multidão oculta, os Espíritos elevados não devem constituir a maioria; é uma
das consequências do estado de inferioridade do nosso globo.
Os Espíritos que nos cercam não
são passivos; trata-se de uma população essencialmente inquieta, que pensa e
age sem cessar, que nos influencia mau grado nosso, que nos excita ou nos dissuade,
que nos impele ao bem ou a mal, o que não nos tira o livre-arbítrio mais do que
os bons ou maus conselhos que recebemos de nossos semelhantes. Todavia, quando
os Espíritos imperfeitos instigam alguém a fazer uma coisa má, sabem muito bem
a quem se dirigir e não vão perder o tempo onde vêem que serão mal recebidos.
Eles nos excitam conforme nossas inclinações ou conforme os germes que em nós veem
e de acordo com nossa disposição em ouvi-los. Eis por que o homem firme nos
princípios do bem não lhes dá oportunidade.
Essas considerações nos levam
naturalmente à questão dos médiuns. Estes últimos estão, como todo o mundo,
submetidos à influência oculta dos Espíritos bons e maus; eles os atraem ou os
repelem conforme as simpatias de seu próprio Espírito, aproveitando-se os
Espíritos maus de todas as falhas, como de uma falta de couraça para
introduzir-se junto a eles e intrometer-se, mau grado seu, em todos os atos de
sua vida privada. Além disso esses Espíritos, encontrando no médium um meio de
expressar seu pensamento de modo inteligível e de atestar sua presença, interferem
nas comunicações e as provocam, porque esperam ter mais influência por esse
meio e acabam por assenhorear-se dele. Veem-se como se estivessem em sua
própria casa, afastando os Espíritos que lhes poderiam criar obstáculos e,
conforme a necessidade, tomando-lhes os nomes e mesmo a linguagem, a fim de
enganar o médium. Mas não podem representar esse papel por muito tempo: logo
são desmascarados pelo observador experimentado e prevenido. Se o médium se
deixa dominar por essa influência os Espíritos bons se afastam, ou
absolutamente não vêm quando chamados ou só vêm com relutância, porque veem que
o Espírito que está identificado com o médium, na casa do qual estabeleceu
residência, pode alterar as suas instruções. Se tivermos de escolher um
intérprete, um secretário, um mandatário qualquer, é evidente que escolheremos
não apenas um homem capaz, mas, também, que seja digno da nossa estima, da
mesma forma que não confiamos uma missão delicada e nossos próprios interesses
a um homem desequilibrado ou que frequente uma sociedade suspeita. O mesmo se
dá com os Espíritos. Para transmitir instruções sérias os Espíritos superiores
não escolherão um médium que conviva com Espíritos levianos, a menos que
haja necessidade e não encontrem, no momento, outros médiuns à sua disposição;
a menos, ainda, que queiram dar uma lição ao próprio médium, o que por
vezes acontece; mas, então, dele só se servem acidentalmente, abandonando-o
logo que encontrem um melhor e deixando-o entregue às suas simpatias, caso
permaneça preso a elas. O médium perfeito seria, pois, o que nenhum acesso
permitisse aos Espíritos maus por uma falha qualquer. Essa condição é bem
difícil de preencher. Entretanto, se a perfeição absoluta não é dada ao homem,
por seus esforços sempre lhe é possível aproximar-se dela; e os Espíritos levam
em conta sobretudo os esforços, a vontade e a perseverança.
Assim, o médium perfeito não daria
senão comunicações perfeitas, de verdade e de moralidade. Não sendo possível a
perfeição, o melhor médium seria aquele que obtivesse as melhores comunicações:
é pelas obras que poderão ser julgados.
Comunicações
constantemente boas e elevadas, nas quais nenhum índice de inferioridade fosse
evidenciado, seriam incontestavelmente uma prova da superioridade moral do
médium, porque atestariam simpatias felizes. Pelo próprio fato de o médium não
ser perfeito, Espíritos levianos, embusteiros e mentirosos podem interferir em
suas comunicações, alterar-lhes a pureza e induzir em erro o médium e os que a
ele se dirigem. Eis aí o maior escolho do Espiritismo e nós não lhe
dissimulamos a gravidade.
Podemos evitá-lo? Dizemos
altivamente: sim, podemos. O meio não é difícil, exigindo apenas discernimento.
As boas intenções, a própria
moralidade do médium nem sempre são suficientes para o preservarem da
ingerência dos Espíritos levianos, mentirosos ou pseudo-sábios, nas comunicações.
Além dos defeitos de seu próprio Espírito, pode dar-lhes guarida por outras
causas, das quais a principal é a fraqueza de caráter e uma confiança excessiva
na invariável superioridade dos Espíritos que com ele se comunicam. Essa
confiança cega liga-se a uma causa que a seguir explicaremos. Se não quisermos
ser vítimas de Espíritos levianos é preciso saber julgá-los; para isso dispomos
de um critério infalível: o bom-senso e a razão. Sabemos das qualidades de
linguagem que entre nós caracterizam os homens verdadeiramente bons e
superiores, e essas qualidades são as mesmas para os Espíritos; nós os devemos
julgar por sua linguagem. Nunca seria demais repetir o que caracteriza a dos Espíritos
superiores: é constantemente digna, nobre, sem bazófia nem contradição, isenta
de trivialidade e assinalada por inalterável benevolência. Os Espíritos bons
aconselham, não ordenam; não se impõem; calam-se naquilo que ignoram. Os
Espíritos levianos falam com a mesma segurança do que sabem e do que não sabem,
a tudo respondendo sem se preocuparem com a verdade. Vimos alguns, em mensagem
supostamente séria, com imperturbável audácia, colocar César no tempo de
Alexandre; outros, afirmando que não é a Terra que gira em torno do Sol. Em
resumo, toda expressão grosseira ou simplesmente inconveniente, toda marca de
orgulho e de presunção, toda máxima contrária à sã moral, toda notória heresia
científica, nos Espíritos como nos homens, é sinal incontestável de natureza
má, de ignorância ou, pelo menos, de leviandade, donde se conclui que é
necessário pesar tudo o que eles dizem e submeter todas as coisas ao crivo da
lógica e do bom senso.
Eis uma recomendação que
incessantemente nos fazem os Espíritos bons:
Deus – dizem eles – não vos deu o raciocínio sem
propósito; servi-vos dele para saber o que estais fazendo.
Os Espíritos maus temem o exame
e dizem:
Aceitai nossas palavras e não
as julgueis.
Se tivessem consciência de estar
com a verdade, não temeriam a luz.
O hábito de perscrutar as
menores palavras dos Espíritos, de pesar-lhes o valor – do ponto de vista do
conteúdo e não da forma gramatical, com a qual eles pouco se importam – afasta
necessariamente os Espíritos mal-intencionados que, então, não virão perder seu
tempo inutilmente, desde que rejeitamos tudo quanto é mau ou de origem
suspeita. Mas, quando aceitamos cegamente tudo quanto dizem, quando, por assim
dizer, nos ajoelhamos ante sua pretensa sabedoria, eles fazem o que fariam os homens,
enganando-nos.
Se o médium é senhor de si, se
não se deixa dominar por um entusiasmo irrefletido, poderá fazer o que
aconselhamos.
Acontece, porém, que o Espírito
muitas vezes o subjuga a ponto de fasciná-lo, levando-o a considerar admiráveis
as coisas mais ridículas; então ele se abandona cada vez mais a essa perniciosa
confiança e, acreditando em suas boas intenções e em seus bons sentimentos,
julga que isso é suficiente para afastar os Espíritos maus. Não, isso não
basta, porque esses Espíritos, aproveitando-se de sua fraqueza e de sua
credulidade, ficam muito satisfeitos por fazê-lo cair na cilada. Que fazer,
então? Relatar o caso a uma terceira pessoa desinteressada que, julgando com
critério e sem prevenção, possa ver um argueiro onde o médium não via uma trave.
A ciência espírita exige uma
grande experiência que, como em todas as ciências, filosóficas ou não, só é
adquirida por um estudo assíduo, longo e perseverante, e por meio de numerosas observações.
Ela não abrange apenas o estudo dos fenômenos propriamente ditos, mas, também e
sobretudo, os costumes do mundo oculto, se assim nos podemos exprimir, desde o
mais inferior ao mais alto grau da escala. Seria muita presunção julgar-se suficientemente
esclarecido e passar a mestre depois de alguns ensaios. Tal pretensão não
partiria de um homem sério, pois quem quer que lance um golpe de vista
indagador sobre esses estranhos mistérios, vê desdobrar-se, diante de si, um
horizonte tão vasto que uma multidão de anos não bastaria para o abranger. E
pensar que certas pessoas querem fazê-lo em alguns dias!
De todas as imperfeições morais,
a que oferece maior vulnerabilidade aos Espíritos imperfeitos é o orgulho. Para
os médiuns, o orgulho é um escolho tanto mais perigoso quanto menos o
confessam. É o orgulho que lhes dá essa crença cega na superioridade dos
Espíritos que a eles se vinculam, porque se sentem lisonjeados com certos nomes
que eles lhes impõem. Desde que um Espírito lhes diz: “Eu sou fulano”,
inclinam-se e não admitem dúvidas, porque seu amor-próprio sofreria se
encontrasse, sob essa máscara, um Espírito de condição inferior ou um malvado desprezível.
O Espírito, que vê o lado fraco, aproveita-se dele, lisonjeia o pretenso
protegido, fala-lhe de origens ilustres, que o enchem de orgulho e vaidade,
promete-lhe um futuro brilhante, honra e fortuna, dos quais parece ser o
dispensador. Caso necessário, simula por ele uma ternura hipócrita. Como
resistir a tanta generosidade? Numa palavra, zomba do médium, fazendo dele o
que bem entendem, como se diz vulgarmente. Sua felicidade é ter alguém sob sua
dependência. Já interrogamos vários deles sobre os motivos de sua obsessão; um
nos respondeu isto: Quero ter um homem que me faça a vontade; é o meu prazer.
Quando lhe dissemos que íamos fazer tudo para frustrar as suas artimanhas e
abrir os olhos de seu oprimido, disse: Lutarei contra vós e não o
conseguireis, porque farei tantas coisas que ele não vos acreditará. É, com
efeito, uma das táticas desses Espíritos malfazejos; inspiram a desconfiança e
o afastamento das pessoas que os podem desmascarar e dar bons conselhos. Da
parte dos Espíritos bons jamais acontece coisa semelhante. Todo Espírito que
insufla a discórdia, que excita a animosidade, que alimenta as dissensões, por
isso mesmo revela a sua natureza má. Seria preciso ser cego para não o
compreender e para crer que um Espírito bom pudesse estimular a
desinteligência.
Muitas vezes o orgulho se
desenvolve no médium à medida que cresce a sua faculdade; ela lhe dá
importância.
Procuram-no e ele acaba por
julgar-se indispensável; daí, muitas vezes, um tom de jactância e de pretensão,
ou ares de autossuficiência e de desdém, incompatíveis com a influência exercida
por um Espírito bom. Aquele que cai em semelhante extravagância está perdido,
pois Deus lhe deu sua faculdade para o bem e não para satisfazer a vaidade ou
servir de trampolim para a sua ambição. Esquece que esse poder, do qual se
orgulha, pode ser retirado e frequentemente não lhe é dado senão como prova,
assim como a fortuna o é para certas pessoas. Se dele abusa, os Espíritos bons
o abandonam pouco a pouco, tornando-se joguete dos Espíritos levianos que o
embalam com suas ilusões, satisfeitos por haverem vencido aquele que se julgava
forte. Foi assim que vimos aniquilarem-se e perderem-se as mais preciosas
faculdades que, sem isso, se teriam tornado os mais poderosos e úteis
auxiliares.
Isso se aplica a todos os
gêneros de médiuns, seja de manifestações físicas, seja de comunicações
inteligentes. Infelizmente o orgulho é um dos defeitos que estamos menos
dispostos a confessar a nós mesmos e menos ainda aos outros, porque eles não
acreditariam. Ide, pois, dizer a um desses médiuns que se deixa levar como uma
criança, que logo ele vos virará as costas, dizendo que sabe conduzir-se muito
bem e que não enxergais as coisas claramente. Podeis dizer a um homem que ele é
bêbado, debochado, preguiçoso, incapaz, imbecil e ele rirá ou concordará; dizei-lhe
que é orgulhoso e ficará zangado, prova evidente de que tereis dito a verdade.
Neste caso, os conselhos são tanto mais difíceis quanto mais o médium evita as
pessoas que os possam dar, fugindo de uma intimidade que teme. Os Espíritos,
sentindo que os conselhos são golpes desferidos contra seu poder, impelem o médium
ao contrário, para aqueles que o entretêm em suas ilusões.
Preparam-se, assim, muitas
decepções, com o que o amor-próprio do médium terá muito a sofrer. Feliz ainda
se não lhe resultar coisa mais grave.
Se insistimos longamente sobre
este ponto é porque em muitas ocasiões a experiência nos tem demonstrado estar
aí uma das grandes pedras de tropeço para a pureza e a sinceridade das comunicações
mediúnicas. É quase inútil, depois disso, falar das outras imperfeições morais,
tais como o egoísmo, a inveja, o ciúme, a ambição, a cupidez, a dureza de
coração, a ingratidão, a sensualidade etc. Cada um haverá de compreender que
são outras tantas portas abertas aos Espíritos imperfeitos ou, pelo menos, causas
de fraqueza. Para repelir esses últimos não basta dizer-lhes que se vão; nem
mesmo basta querer e ainda menos conjurá-los: é preciso fechar-lhes a porta e
os ouvidos, provar-lhes que somos mais fortes do que eles, o que
incontestavelmente seremos um dia, pelo amor do bem, pela caridade, pela
doçura, pela simplicidade, pela modéstia e pelo desinteresse, qualidades que
nos atraem a benevolência dos Espíritos bons. É o apoio destes que nos dá força
e, se algumas vezes nos deixam à mercê dos maus, é para testarem a nossa fé e o
nosso caráter.
Que os médiuns não se assustem
em demasia da severidade das condições que acabamos de falar; haverão de convir
que são lógicas e seria erro contrariá-las. É verdade que as más comunicações
que podemos obter são o indício de alguma fraqueza, mas nem sempre um sinal de
indignidade. Podemos ser fracos e ser bons. É, em todo caso, um meio de
reconhecer nossas próprias imperfeições. Já dissemos em outro artigo: não é
necessário ser médium para se estar sob a influência de Espíritos maus, que
agem na sombra. Com a faculdade mediúnica o inimigo se mostra e se trai;
sabemos com quem tratamos e podemos combatê-lo.
É assim que
uma má comunicação pode tornar-se uma lição útil, se soubermos aproveitá-la.
Seria injusto, além disso, tributar todas as más comunicações à conta do
médium. Falamos daquelas que ele obtém sozinho, fora de qualquer outra
influência, e não das que são produzidas num meio qualquer. Ora, todos sabem
que os Espíritos atraídos por esse meio podem prejudicar as manifestações, quer
pela diversidade de caracteres, quer por defeito de recolhimento. É regra geral
que as melhores comunicações ocorrem na intimidade e num círculo concentrado e
homogêneo. Em toda comunicação encontram-se em jogo diversas influências: a do
médium, a do ambiente e a da pessoa que interroga. Essas influências podem reagir
umas sobre as outras, neutralizar-se ou corroborar-se: vai depender do fim a
que nos propomos e do pensamento dominante.
Vimos excelentes comunicações
obtidas em círculos e que não reuniam todas as condições desejáveis. Nesse
caso, os Espíritos bons vinham por causa de uma pessoa em particular, porque
isso era útil. Vimos também más comunicações obtidas por bons médiuns,
unicamente porque o interrogador não tinha intenções sérias e atraía Espíritos
levianos que dele zombavam. Tudo isso demanda tato e observação, concebendo-se
facilmente a preponderância que devem ter todas essas condições reunidas.
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