Miramez
Jesus também disse:
Amai mesmo os vossos inimigos. Ora, o amor aos inimigos não será contrário às
nossas tendências naturais e a inimizade não provirá de uma falta de simpatia
entre os Espíritos?
Certo ninguém pode votar aos seus inimigos um amor
terno e apaixonado. Não foi isso o que Jesus entendeu de dizer. Amar os
inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem. O que assim procede
se torna superior aos seus inimigos, ao passo que abaixo deles se coloca, se
procura tomar vingança.
Questão 887 / O Livro dos Espíritos
Amar os inimigos constitui fator
de paz. Quem revida ofensas, se coloca abaixo dos ofensores, e o Mestre, vendo
a posição dos judeus, que eram na sua maioria violentos nos resguardos da lei
mosaica, ensinou aos Seus discípulos que deveriam amar aos ofensores, para
isolarem o ambiente de inimizade entre eles.
Certamente que não se consegue
facilmente ter o mesmo sentimento para com os ofensores, como o que se tem
pelas pessoas que nos dedicam carinho e confiança. No entanto, o amor aos que
nos perseguem e caluniam pode receber do seu viver o esquecimento das ofensas
e, quando preciso, ajudá-los, sem nos encontrarmos atrás destas criaturas,
procurando-as para perdoá-las frente a frente.
Amor é vibração de serenidade e
de entendimento. Podemos amar no silêncio, que esse amor interpenetra tudo e
fala em sua linguagem de harmonia. O revide fortalece as ofensas, ao passo que
o perdão abre caminho para a reconciliação, no tamanho do amor.
O mundo ainda se encontra
cultivando ódios em raízes milenárias, capazes de destruir trabalhos realizados
por civilizações inteiras, somente para satisfazer o orgulho e a vaidade, o
egoísmo e a prepotência. Não se deve acompanhar os homens que desconhecem os
ensinamentos de Jesus. O Mestre se entregou ao sacrifício para estabelecer a
paz entre a humanidade, mas a Sua sequência de amor ainda deve gastar tempo
para dominar os corações. Essa força de Deus tem marcha lenta, porém, é
duradoura e marca sua posição na eternidade.
Se o Cristo em nós é motivo de
glória, no dizer de Paulo, vamos despertar essa luz no coração, para que ela
clareie a consciência. Se continuarmos a negar o Divino Mestre, nos acontecerá
como Ele mesmo disse, anotado por João no capítulo sete, versículo trinta e
quatro:
Haveis
de procurar-me, e não me achareis; também onde estou, vós não podeis ir.
Significa que, tampando os
ouvidos à Sua voz e fechando o entendimento para os preceitos de luz que safam
dos Seus lábios, é perda de tempo procurar o Senhor, somente para saber onde
Ele está. E onde Ele estiver, quem poderá ir, envolvido nas paixões inferiores?
Somente quem perdoar aos que os
ofendem e caluniam, somente quem amar no sentido exato da palavra, somente quem
usar seus valores espirituais para ajudar, servindo de modelo para os que vêm
na retaguarda, os caridosos, os justos, poderão procurar o Mestre e encontrá-Lo
na Sua plenitude, por saberem, desta forma, onde Ele se encontra. Os que assim
procedem se encontram acima dos seus inimigos, ainda mais, ajudando-os a
despertar na intimidade dos sentimentos, o amor.
A Doutrina dos Espíritos nos
mostra com profundidade o que pode ser uma vingança; ela destrói as
possibilidades humanas e inverte os valores do coração. Os grandes Espíritos de
todos os tempos foram homens que esqueceram completamente as ofensas, tomando
os ofensores como filhos do coração. Eis porque alcançaram a serenidade
imperturbável da consciência.
Mesmo que alguém nos prejudique,
não lhe façamos o mesmo, pois ele não sabe o que faz. Confiemos em Deus e não
nos esqueçamos dos exemplos de Jesus, que a nossa vida entrará em estado de
luz, ganhando o ritmo da vida em estado de graça.
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