Miramez
Os Espíritos se reconhecem por terem coabitado a Terra? O
filho reconhece o pai, o amigo reconhece o seu amigo?
Perfeitamente e, assim, de geração em geração.
Como é que os que se conheceram na Terra se reconhecem no
mundo dos Espíritos?
Vemos a nossa vida pretérita e lemos nela como em um
livro. Vendo a dos nossos amigos e dos nossos inimigos, aí vemos a passagem
deles da vida corporal à outra.
Questão 285 / O Livro dos Espíritos
O Espírito reconhece, quando no
mundo espiritual, aqueles que com ele conviveu na Terra. Imagens das vivências
se plasmam nos centros mais sensíveis da consciência, vindo à tona de acordo
com as necessidades de cada um.
Entrementes, há Espíritos que
nada reconhecem, pelo seu estado de desnutrição espiritual. São almas que
perderam suas qualificações como Espírito e ignoram tudo o que se passa em seu
derredor. Os sentidos se embotam, devido ao mau uso feito deles; é a chamada
degradação.
Todavia, os Espíritos mais
elevados podem, pela sua vontade, recordar vidas passadas e reconhecer todos os
seus companheiros de variadas existências, e que lhe serviram de instrumento de
evolução.
Na Terra, já muito se fala nas
regressões de memória. A vontade é a chave no mundo espiritual; quanto mais
puro o Espírito, mais recordações lúcidas ele tem, com a serenidade que já
possui. Ele reconhece todas as suas companhias e, nesta operação, pode buscá-las
onde quer que seja, ajudando-as, se necessário.
Às vezes, a regressão de memória
para os Espíritos elevados é uma fonte de informações que os leva à caridade,
descobrindo onde se encontram os que lhes foram caros em muitas reencarnações,
passando a dar-lhes assistência espiritual e até avalizando-os em outras vidas
no mundo, o amor é uma força poderosa, de modo a sustentar todos os caídos e
ativar vida nos que buscaram, pelos procedimentos, a morte. Enfim, todos somos
irmãos.
Se ainda não descobrimos os que
nos foram caros, mesmo estando na carne, vejamos o nosso próximo; só pelo fato
de se encontrarem perto de nós, já é motivo de merecerem a nossa ajuda, com
carinho e alegria.
Não se deve amar somente a
família na carne. Se o homem já entende as vidas sucessivas, percebe quantas
famílias já possuiu. Certamente que inúmeras. Quantos pais? Quantos irmãos? E
parentes e amigos? O número é sem conta, para mostrar ao homem a irmandade
universal.
Não devemos ter a curiosidade de
somente conhecer os que nos foram unidos pela carne. Trabalhemos onde formos
chamados e amemos a todos com o mesmo amor, que Deus, Jesus, os anjos e os
benfeitores mais próximos ao nosso coração, dar-nos-ão todo o amparo para
descobrirmos essa verdade que nos liberta.
É, pois, Jesus quem nos pede
para amar aos nossos inimigos, se os tivermos, porque amar aos que nos amam,
isso até os perversos fazem com dedicação. O amor endereçado aos que nos
perseguem ajuda-os a se afastarem da maldade, e essa semente cresce em seus
corações, impulsionando-os a fazer o mesmo.
Se já temos a condição de ver a
nossa vivência pretérita e ler nela os nossos feitos, não iremos nunca julgar
os que nos apedrejam, por encontrarmos neles os mesmos procedimentos nossos,
que talvez tenham sido piores. Por isso o homem deve ser manso e justo,
tolerante e pronto a ajudar a quem ainda não descobriu que somente o amor
salva.
Aconcheguemo-nos ao Cristo, que
Ele se encontra mais perto de nós do que pensamos; quanto mais nos aproximarmos
do Mestre, mais seremos inspirados por Ele. A nossa segurança, em todas as
sendas de elevação, está no conhecimento de nós mesmos e nos reparos devidos
que podemos fazer. Deixando crescer nossos bons atributos eles nos mostrarão os
caminhos para o verdadeiro céu, na cidade íntima do nosso coração.
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